Cap. 63

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Talita vai parar no jardim que dá entrada para a casa. A equipe está arrumando seus pertences nos carros disponíveis. Aproxima-se silenciosamente de sua sardentinha pelas costas, e a toca levemente no ombro esquerdo.

Ane que ajudava os outros se vira, e vendo-a, retira a mão da vaqueira bruscamente de si, ordenando:

- Tire suas patas nojentas de mim, não ouse me tocar nunca mais, entendeu?! Não quero nem olhar pra essa sua cara de sem-vergonha!

- Tudo bem, Ane. Não precisa olhar mais na minha cara, se é isso o que quer. Assim que resolvermos a situação, eu irei sumir definitivamente da sua vida. Até lá, terá que me tolerar por mais algumas horas.

- Você não é a Talita. A minha Talita. A garota por quem eu me apaixonei. Quem é você?! - a ruiva morde os lábios sem conseguir conter a decepção e a dor.

A morena não responde. Lágrimas rolam pelas bochechas de Liliane automaticamente.

- Você não sabe o quanto é doloroso ter que morrer, e ganhar apenas desprezo da pessoa que mais ama na vida! Sinceramente, eu não quero saber o motivo de você ter feito essa puta sacanagem comigo, se é que existe algum! Só esperava que você tivesse a decência de ter terminado nosso relacionamento, e não ter tido coragem para me abandonar, não depois do casamento. Nenhuma palavra seria suficiente para descrever o quão destroçada estou! E pela sua feição gélida e indiferente, saber como estou não te importa nem um pouco. Só tenho um último pedido! Suma da minha frente, Talita. Se você quer ir embora, que vá de uma de vez por todas, e não se atreva a me procurar, ou voltar nunca mais. Me dê o gostinho de presenciar minha visão mudar, ou morrer em paz! Seja lá o que for que os céus planejam pra mim.

- Ok, Ane. Eu vou sumir das suas vistas, não agora, nem hoje. Em breve.

- Você é um monstro... Fui idiota de não ter percebido isso antes. O que mais me dói é que haja dessa forma estúpida com seus amigos, que não tem nada a ver com nossos problemas. Vá para o inferno, Talita.

- Eu irei. Só vim te avisar que o Geovane quer falar com você antes de irmos. Ele está no quarto de hóspedes no segundo andar, na segunda porta à esquerda.

Ane bufa. Seca as lágrimas com selvageria para que Talita perceba que está disposta a não mais sofrer por ela, e sai andando apressadamente para dentro da casa em direção do quarto.

- Talita. Hora de irmos - Adriano avisa assim que termina sua tarefa.

- Ok. Só preciso fazer uma coisa antes.

- Ah, que droga, Tatá! Da última vez que disse isso, você fez merda. - o rapaz arfa e revira os olhos em protesto.

- Confie em mim, Dri.

- Eu confio. Por isso mesmo.

- Diz para o pessoal que podem ir, que a Ane vai com a gente.

- Ah, vai?

- Só faz o que eu te pedi. Já volto.

- Ok - Adriano balbucia intrigado. Apenas observa Talita ganhar a porta e sumir na sala.

A vaqueira entra no quarto e fecha a porta. Ane está posta nos pés da cama.

- Onde está meu pai?! - questiona confusa.

- Ane... Espero que possa me perdoar algum dia - pede docemente.

Ane se vira e fita Talita. A vaqueira deixa escapar uma lágrima que reluz em sua pele corada.

- Talita?! Amor! Por que está fazendo essa besteira? - a ruiva se aproxima dela de um pulo e a enlaça na nuca, sentindo que sua genuína Cowgirl favorita está de volta outra vez para seu deleite.

- Ane... - Talita a empurra suavemente para longe de si - Não torne as coisas piores do que já são.

- Por favor, Talita. Se estiver com algum problema, nós podemos resolver juntas! Eu ainda vou dar a minha vida pela sua...

- E eu sou capaz de dar a minha pela sua... - Talita a interrompe caminhando calmamente até a porta e retira a chave. Olha para Ane, olhos fixos na sua pessoa, completamente perdidos e assustados. Confere a janela, que haviam trancado para ela não conseguir fugir e dá às costas novamente. Abre a porta e sai.

Ane; que até então estava petrificada, corre até a tábua de madeira e força a maçaneta. Descobre que Talita havia lhe trancado ali dentro. Começa a socar a porta com desespero e agonia, exigindo em tom de súplica:

- Talita! Abre essa porta! Abre agora! Talita!

A vaqueira hesita do lado de fora. Suspira como se fosse a última vez.

- Eu vou cuidar dela, Talita. - a voz de Geovane soa grave ao seu lado.

Fita o sogro, e dá as chaves a ele com muito custo.

- Você terá minha eterna gratidão por salvar minha filha, Talita. Eu admiro o amor que sente pela Ane - declara comovido com toda a situação.

Talita escapa com pressa para evitar a emoção, e as lágrimas que viriam com ela.

Adriano aguardava-as no Chevette. Quando Talita aparece sem Ane, ele pergunta:

- Cadê a Ane?

- Ela não vai.

Adriano não insiste. Está mais preocupado em encontrar Edgar do que perder tempo investigando inutilmente a nova Talita. Dá partida e dirige rápido para alcançar os outros.

(...) Beatrice escolheu a antiga fazenda, onde residiu com os pais e a irmã na infância, como seu novo esconderijo visto que fica num ponto estratégico na saída da capital, pois a vizinhança é praticamente nula.

Quando chegam no endereço, eles estacionam a um quarteirão de distância, descem dos carros e agrupam-se.

Dão uma boa olhada pelos arredores. A construção se corrói pelo longo do tempo. Os matos cobrem as partes entorno do jardim, e nos fundos.

- Vamos ficar todos juntos. Tomem cuidado, e não se separem do grupo. Lembrem-se que combinamos com o Geovane de ligar no anonimato para a polícia, e avisá-los da localização das crianças desaparecidas e do responsável pelo sequestro daqui a uma hora. Temos exatamente 60 minutos para resgatar Edgar e sair da propriedade, antes que as autoridades cheguem. Se eles nos encontrarem aqui teremos que nos explicar, e é óbvio que não vão compreender quem somos, e o que fazemos. Seremos presos e acusados de vigilantes e justiceiros. E não queremos isso. Precisamos manter a equipe, e o trabalho às escuras. E assim preservar as missões e as pessoas que são beneficiadas.

Os presentes assentem sem razões para contestarem.
Nair se posiciona na frente da equipe e o resto a segue respeitosa e fielmente.

Após darem os primeiros passos em socorro dos infortunados, param para analisar o motim de vampiros que se ajuntam.

Felício conta mentalmente. Deve ter uns 45 vampiros, e mais surgem de trás da casa, como se tivessem vindo de outras regiões do estado ou quem sabe do país, um verdadeiro exército.
Todos os vampiros energéticos estão sendo comandados por Vanessa que irrompe a dianteira imponentemente.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora