Cap. 4

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- Sim, eu vou. Não posso mais viver separada de ti - a vaqueira confessa objetiva.

Os olhos de Ane brilharam. Ela apertou Talita com força de encontro ao seu peito como se não fosse nunca mais soltá-la. Elas ficaram enlaçadas em silêncio, trocando carícias, olhares significativos, e sorrisos apaixonados, até que relaxadas após a expressão física de seus sentimentos, adormeceram tranquilamente nos braços da outra. Talita não estava dormindo direito desde que soubera da traição e Ane desde que a cometeu, então, agora que tudo estava esclarecido e resolvido, conseguiram serenar a mente e descansarem seguras. Teriam tempo para os últimos ajustes. No momento só queriam matar as que pareciam infinitas saudades.

Ane despertou na manhã seguinte de um susto ao se deparar com a imagem da viúva negra diante de seus olhos, enchendo seu coração de um péssimo pressentimento.

Talita estava ao seu lado lhe dando beijinhos na nuca, então seus ombros se aliviaram de imediato.

- Ane, os anos passam e você parece ainda mais dorminhoca... - comenta divertida embora estivesse em posse da razão.

- Hum, sua boba! - Ane se vira para fitá-la e lhe dá um selinho afetuoso.

- Me fala, aquele lance de vampira é mesmo real? - Talita franze a testa, ainda com um ar de dúvida.

- Sim. Eles não bebem sangue como todos acreditam. Até porque isso é um mito. Eles sugam a energia vital mais conhecida como prana.

- Isso é o estranho!

- Eu sei, mas é verídico, só que a maioria das pessoas ignoram este fato. Mas agora que sabe, vai se cuidar, não é? - adverte receosa.

- Você cuida de mim e eu de você, que tal assim?

- Ai, que perfeito! - Ane exclamou dando vários selos na cowgirl. - Conte-me; como vão todos? - indaga curiosamente, mesmo que já estivesse por dentro do que andava acontecendo por ali.

- Ótimos! Minha mãe está muito contente e satisfeita com o trabalho na farmácia de naturopatia.

- Fico tão feliz por ela, amor!

- Eu também. Afinal, o dinheiro do Relâmpago e o que o Tião deixou para mim, serviu para algo útil.

- Foi um bom investimento! Mas tenho certeza que não iria faltar recursos para ela ir adiante com o objetivo. Quando a intenção é boa, os astros colaboram. Além disso, é uma excelente forma dela utilizar seus dons mediúnicos em prol dos necessitados unida a medicina científica.

- Tem razão! O doutor Júlio a tem apoiado imensamente. Dependendo da queixa, ele mesmo manda seus pacientes para lá. Hehe.

- Isso é ótimo!

- Mas vou logo avisando que nossa avó e minha mãe estão fulas da vida contigo... - Ane suspende as sobrancelhas interessada - Já tem mais de um ano que você não vem nos visitar... - Talita explica.

Ane arfa:

- Ah eu sei... Eu não vim porque queria que você fosse me ver primeiro. Achava que se viesse, você iria ficar mal-acostumada. Confesso que fui idiota e uma besta orgulhosa. Devia ter sabido separar as coisas, afinal, pertencermos a mesma família não anula o fato de sermos noivas, e que não posso de maneira alguma descontar minha raiva de você nelas... Aprendi a lição. A gente só percebe que cometeu um erro quando se conscientiza.

- Tudo bem. Eu também fui uma imbecil, então estamos quites. Só que tu vai ter que se entender direitinho com elas...

- Pode deixar. Não pretendo voltar para Curitiba antes disso.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora