66. despedida
JUNG HOSEOKAbro a porta para Yoongi, envolvendo-o em meus braços com um sabor de saudades presente naquele simples ato. A forma como Yoongi retribuiu me faz querer ficar preso entre seus braços por longas horas. Um sentimento indecifrável se faz presente naquele toque.
— Sorte sua, eu estava quase indo dormir. — informei, me sentando no sofá e o puxando junto comigo — Infelizmente, Sunny já está na cama, mas você pode falar com ela de manhã.
Yoongi se manteve calado, olhando para um ponto especifico na sala. Sigo seus olhos e percebo que ele encarava a foto no porta retrato, a que havíamos tirados juntos no dia em que tinha levado Sunny para o spa. Abro um pequeno sorriso, lembrando daquele dia.
— Eu não vou demorar muito. — disse com a voz fraca, finalmente olhando para mim. Minha expressão deveria estar confusa porque era exatamente aquilo que estava: confuso.
— Como assim? — perguntei. Não que Yoongi não pudesse voltar para sua casa quando quisesse, na hora que quisesse, só não era comum ele voltar tão tarde. Quando via tínhamos passado do horário decidia ficar por aqui.
— Eu tenho algo a dizer e quero ser breve. — explicou, apesar de ter se feito claro — Eu quero que saiba que essa decisão é a mais difícil de toda a minha vida.
O gosto amargo em minha boca e meu coração palpitando deixando mais do que claro que a notícia que estava por vir iria abalar todo meu emocional. Além dos sinais óbvios que Yoongi estava soltando. Como se tivesse tido meu rosto acertado por uma bola de futebol, percebo o que estava prestes a aacontecer
— Não. — nego prontamente, me levantando de supetão — Não, Yoongi. Por favor, não faz isso. — implorei em desespero.
A expressão de dor no rosto de Yoongi me faz querer chorar, de me ajoelhar em seus pés e implorar que não faça o que tenho certeza que estava prestes a fazer.
— Nós precisamos terminar. — ignorando minhas súplicas, suas palavras cortam profundamente. Seu tom é fraco, triste e carrega um desalento tão angustiante que me faz chorar. Realmente chorar.
— Por que, Yoongi? Huh? Por quê? — indaguei olhando em seus olhos, tento me agarrar a qualquer coisa. Uma luz, uma brecha.
— Eu preciso fazer isso, Seok. Por nós dois. — respondeu, vindo em minha direção e tentando me tocar. Me desvencilho, indo na direção oposta e quando olho novamente em seus olhos reconhecendo a dor — Esse é o único jeito de ficarmos juntos.
— Como esse pode ser o único jeito, Yoongi? — questiono novamente sem entender completamente nada — Que merdas o seu pai falou pra você? Foram tão absurdas como as que ele falou pra mim?
— Como? — perguntou — Meu pai falou com você?
— Sim, Yoongi. A quatro dias atrás, ele apareceu no hospital e me ameaçou. Me ofereceu uma oportunidade de trabalho a troco de terminar com você e se não aceitasse iria sofrer as consequências.
Yoongi estava chocado. Decepcionado, traído. Não sabia exatamente como nomear seus sentimentos, mas eles eram confusos. Disso tinha certeza. Uma guerra interna.
— Você deveria aceitar.
Quem estava novamente surpreso era eu.
— Você quer que eu me venda?
— Hoseok, você não tem noção do que ele é capaz. — sua voz era tão desesperada que eu pude sentir em meus ossos — Ele iria acabar com a sua vida, sua reputação, com... — abruptamente ele para, respirando fundo e me encara. Não sei o que o fez parar mas não deveria ser bom pela sua expressão, mesmo assim não estava preocupado.
— Eu não me importo! Eu não quero o trabalho, eu não quero o dinheiro! Eu quero você! — rebati esbaforido, a beira de ter um surto.
— Eu não posso, Seok-ah. Me desculpa, por favor. — novamente, ele tentou vir em minha direção, seus olhos brilhando pelas lágrimas que tentava conter, e quando me afastei novamente, a forma como seu rosto se distorceu em uma dor visceral fez um soluço pesaroso escapar da minha boca.
— Não, Yoongi. — continuei negando sem querer acreditar.
— Eu não quero fazer isso. Quem me dera poder ignorar tudo isso, mas eu não posso. — respirou fundo, enxugando seus olhos — Eu espero que um dia você me perdoe.
Yoongi teve a coragem de dizer aquelas malditas palavras ridículas e virar as costas para mim. Se atrever a partir daquela maneira sem explicação. Foi assim que me descontrolei. Ao perceber já tinha dado todos os passos necessários e o obriguei a parar com um empurrão. Yoongi virou novamente surpreso, mas não disse nada. Dei tapas e muros em seu peito, me sentindo patético por parecer o personagem de um estúpido romance adolescente.
— Você não tem esse direito! Você não tem! — esbravejo enquanto desfiro golpes em seu peito — Você não pode chegar na minha vida, fazer com que eu me apaixone pra no final decidir ir embora desse jeito. Eu me recuso, Yoongi.
Os braços de Yoongi se envolvem ao meu redor, me quebrando. Eu soluço alto, sufocante e beirando ao desespero. O sentimento indecifrável que tinha percebido no nosso primeiro abraço começa a fazer sentido. Despedida. Era o sentimento de despedida.
— Por favor, Yoongi. — implorei mais uma vez em um fio de voz, me agarrando a possibilidade de ignoramos as ameaças insanas de seu pai juntos.
— Eu não posso.
— Por que você ta fazendo isso comigo?
— Porque eu te amo, Seok-ah. — responde em um sussurro fraco, que como um eco se prolonga por alguns segundos no mundo da minha mente mas some lento — Porque eu te amo tanto, como eu nunca amei ninguém nessa vida. Porque eu queria poder te dar o mundo, tudo que você e a Sunny merecem, mas se continuarmos juntos não iremos ter nada disso. Você pode ter tudo isso sem mim.
— Eu não quero sem você. — repito. Yoongi junta nossas testas, sinto nossos rostos molhados e em seguida seus lábios. Nosso beijos é molhado e tem gosto levemente salgado das lágrimas.
Aquele tinha sido o pior beijo de toda minha vida.
Yoongi se separou, olhando no fundo dos meus olhos e acariciando minha bochecha, pediu mais uma vez que pudesse perdoá-lo.
E me deixando no chão da minha sala, virou mais uma vez as costas e partiu pela mesma porta que havia entrado, levando consigo a última parte do meu coração. Sem conseguir me conter, encarando a realidade na qual estava sendo obrigado a enfrentar, choro piedosamente. Como se tivesse sendo apunhalado diversas vezes no mesmo local, como se estivessem pisando em uma ferida exposta.
A última vez que chorei daquela forma foi alguns dias depois da morte dos meus pais, segurei minha vontade de chorar por três dias porque não queria que Sunny me visse perdendo o controle. Quando voltei para cara depois de ter deixado-a na escola, antes de sair do carro, minhas lágrimas já enchiam meus olhos. Foi com murros no volante e gritos de angústia.
— SeokSeok-ah? — a voz suave de Sunny interrompe um soluço. Ela se ajoelhou em minha frente e segurou meu rosto em suas mãos, limpando as lagrimas excessivas. Me senti idiota e pequeno ao ter minha irmã de seis anos presenciando aquele momento — O que aconteceu?
— Ele se foi, raio de sol. E não vai voltar.
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INEFFABLE | yoonseok
Fanfiction[EM PAUSA] Não importa como planejou. Não importa como imaginou. Mesmo sem saber, a vida dá um jeito de lhe encontrar com exatamente aquilo que você precisava... Ou exatamente quem você precisava. Yoongi nunca imaginou que seria traído quando espe...