ㅡVem comer, Dah.ㅡ Sana chamou a irmã.
Dahyun se encontrava na sala tocando em seu piano uma de suas músicas favoritas: La campanella.
Músicas clássicas acalmavam a menina. Passava horas tocando Morzat, Beethoven, Paganini, Rimsky korsakov, Tchaikovsky, Vivaldi e outros artistas.
ㅡDahyun... Vem comerㅡ a irmã sentou do seu lado.
A mais velha suspirou. Dahyun não podia ficar sem comer senão ficaria estressada e nervosa.
ㅡNão está com fome?
Kim finalizou sua música e levantou do banquinho acolchoado e foi para a cozinha.
ㅡVocê é cheia de surpresas.
A japonesa colocou a sua comida e a da irmã no em um prato.
ㅡMamãe me mandou fazer algo bem gostoso para você, fiz seu prato favorito.
Depois do almoço, Sana resolveu sair um pouco de casa.
Foram para um shopping. Era um dia de segunda às três da tarde, Sana sabia que não iria estar lotado, por isso levou a irmã para lá.
ㅡFique do meu ladoㅡ sussurrou para a coreana, antes de entrar no shopping.
Tinha algumas pessoas andando e subindo as escadas rolantes. Não estava lotado mas estava longe de ter poucas pessoas. Sana respirou fundo e andou ao lado da menor.
ㅡQue tal a gente ir na Saraiva? Sei que gosta de livros.
ㅡ Sei que gosta de livros.
A japonesa sorriu.
Andaram até a escada rolante, Dahyun parou passos antes de colocar o pé depois da linha amarela no chão.
ㅡO que foi?
ㅡAmarela Canárioㅡ apontou para a listra no chão.
ㅡVocê entende bem de cores, não?
Mas a pequena não se moveu. Preferiu apreciar a listra amarela no chão com bastante atenção.
Sana então guiou sua pequena até o elevador, torcendo para que não estivesse lotado. E não estava tanto, tinha apenas três pessoasㅡ um casal e seu bebê. A japonesa apertou o botão do terceiro andar e esperou a porta fechar.
Kim passou a mão por todos os botões do elevador, trazendo olhares tortos do casal.
ㅡDahyun, não faça isso de novo, ok?ㅡ falou calma.
Dahyun olhava para os números mudarem de um para outro.
Quando a porta se abriu, entraram mais cinco pessoas, o que já foi o bastante para Kim agarrar o braço da irmã.
ㅡCalmaㅡ murmurouㅡ, eu estou aqui contigo.
O bebê começou a chorar só deixando a coreana mais nervosa. Colocou suas mãos nos ouvidos e apertou os olhos.
A mais velha deu graças a Deus que a porta do elevador abriu e puxou Kim para fora.
ㅡDada, olha aqui para mim. Tá tudo bem agora.
Aos poucos, conseguiu convencê-la a abrir os olhos e se acalmar.
Entraram na loja e Dahyun abriu um grande sorriso ao ver um livro de seu interesse.
Kim puxou a irmã pela mão e apontou para o livro enquanto sorria.
ㅡ"Psicologia das cores"?ㅡ Sana sorriuㅡ Você realmente gosta de cores.
A japonesa pegou o livro e levou até o caixa e o comprou. Sorria verdadeiramente ao ver a animação da irmã mais nova.
ㅡPronto, você conseguiu o que queria. Lembra o que a mamãe ensinou? O que falamos quando ganhamos algo?
ㅡMe dá mais umㅡrespondeu.
Sana riu e balançou a cabeça.
Andaram em silêncio para a praça de alimentação.
Minatozaki suspirou ao ver que ela estava lotada.
ㅡTente manter a calma.
Sentaram em uma mesa, Sana observou a garota ao seu lado ler atentamente seu novo livro.
Kim não estava gostando de lá. O barulho de varias pessoas falando ao mesmo tempo à incomodava.
Um grupo de amigos na mesa um pouco mais a frente, começaram a cantar uma música aleatória. Batucavam e cantavam alto.
Uma mulher deixou uma bandeja com um hambúrguer e batatinhas caírem no chão em frente da mesa das meninas.
Um menino fazia um escândalo no balcão do Mcdonald's porque a mãe não comprou o lanche que vinha com a bonequinha da mulher-maravilha.
Dahyun não suportou, era informação demais para sua cabecinha.
Então gritou. Começou a chorar. Sana tentou a segurar para que não corresse, mas não foi tão rápida. Pelo menos conseguiu alcança-lá.
A garota se jogou no chão e arremessou seu livro na irmã. Dahyun esperneava e gritava sem parar.
Sana manteve sua calma. Se a perdesse, nunca iria conseguir acalmar a menor.
A coreana puxou os próprios cabelos com uma mão e a outra batia em sua coxa.
Todos olhavam para as duas, alguns com um certo preconceito. Achavam ridícula uma garota tão grande se comportar como uma criança birrenta. Mas Sana não se importava com isso, pelo menos não sentia vergonha.
Se a japonesa não tirasse a mais nova dali, nunca conseguiria fazer sua crise passar. A pegou no colo sem se importar com os socos em seu ombro ou os gritos estridentes e angustiados que faziam seus ouvidos zumbir.
Andou até o banheiro, e agradeceu à Deus por não ter ninguém no momento. Deixou a menor sentada no banco de mármore.
ㅡDahyun, calma...
Os gritos passaram, mas Hyun ainda chorava sem parar e acertava socos na mais velha.
ㅡOlha, você tá nervosa porque lá tava lotado, tinha muito barulho. Eu sei. Isso é chato, você não gosta disso.ㅡ sentou do lado de Dahyunㅡ Mas você não pode descontar tudo nas outras pessoas, ok?ㅡ Abraçou o corpinho trêmulo da garotaㅡ Olha, está tudo bem agora. Não tem nenhum barulho aqui, tudo está bem silencioso, do jeitinho que você gosta.
Em menos de vinte minutos, Dahyun já estava mais calma. Só precisava de um momento de silêncio.
ㅡDesculpe, pequenaㅡ disse Sanaㅡ, eu não sabia que hoje estava tão lotado. O que eles fazem aqui em plena às quatro da tarde de uma segunda-feira? Ninguém mais trabalha nesse país?ㅡ Bufouㅡ Vem, vamos voltar para casa.
Sana só queria que sua irmã tivesse a vida mas normal possível. Queria que ela fosse a qualquer lugar sem que as pessoas olhassem torto para a menina.
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Crayons
FanfictionAos cinco anos de idade, Dahyun é diagnosticada com autismo severo. Nunca teve nenhum amigo e nunca tentou ter. Vivia em seu mundo particular a maior parte do tempo, mas uma novata mudará isso. ¡A maioria das ações que Dahyun fizer, vão ser coisas...