Desculpas e desejos do coração

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Dahyun deitou em sua cama e deixou que um sorriso bobo escapasse de seus lábios. Apenas em lembrar que à alguns minutos atrás estava poucos centímetros de distância dos belos lábios de Momo, seu coração começava a bater mais rápido. Era como sua pressão caísse: Ela ficava gelada, suas mãos suavam e era como esquecesse de como se respira.

Isso não era tão novo para ela. Já tinha sentido isso antes à alguns anos atrásㅡpor sua terapeuta, Son Chaeyoung. Mas dessa vez era bem mais forte. Muito mais intenso.

Ela poderia descrever isso como um vulcão prestes à entrar em erupção e queimar tudo ao redor. Só que no caso o vulcão é Hirai Momo e as coisas ao redor eram seu seu coração e pulmões. Porque era assim que se sentia perto da maior, uma ardência estranha no peito. Mas uma ardência... Boa?

Mas, para falara verdade, estava brava. Brava com Sana. Por ela ter chegado na hora errada. Se ela tivesse chegado segundos depois teria conseguido fazer com que que a boca de Hirai tocasse a sua.

Pegou um papel e três caixas de giz de cera. Desceu as escadas calmamente e sentou na mesa. Inicialmente, pensou em desenhar Hirai. Mas mudou de idéia.

ㅡNão confio e nem gosto dela, mãe. Aquela garota não parece uma pessoa boa.

ㅡMas sua irmã parece gostar. É isso que importa, Sana.

ㅡEu não gosto dela. Ela pode fazer algum mal para Dah.

ㅡTalvez não.

Dahyun arqueou uma sobrancelha enquanto ouvia a discussão das duas.

ㅡMesmo assim. E se ela ganhar a confiança dela só pra... Sei lá!

ㅡPare com essas besteiras, Minatozaki!

Pare com essas besteiras, Minatozaki.ㅡ repetiu Dahyun.

Olhou para a escada de onde vinha as vozes que, mesmo baixas, eram audíveis. Não conseguia vê-las, apenas ouvi-las.

ㅡNão acho que Momo iria fazer isso. Ela não parece esse tipo de pessoa pra mim.

ㅡMas mã-

ㅡVocê devia estar feliz por sua irmã. Ela finalmente está socializando com alguém. Você está sendo bastante egoísta, Sana!

ㅡVocê está sendo bastante egoísta, Sana.

ㅡEnquanto a pessoa que ela socializa for... Aquela garota, não vou ficar calma mãe. Tenho medo do que ela pode fazer com a Tofu. Eu me preocupo muito com minha irmãzinha sabia?

ㅡSana... Isso é apenas uma paranóia sua. Aquela menina é uma pessoa boa. Você acha que se ela realmente não gostasse da Hyun, iria ser tão  e compreensiva?

ㅡEu que-

ㅡ Chega, Sana!

Voltou ao seu desenho. Começou por um simples esboço que depois virou duas pessoas. Acabou com duas bocas coladas.

ㅡChega, Sana... Chega, Sana...Chega, Sana.

Olhou mais um pouco seu desenho e sorriu. Juntou todos seus matérias e voltou para seu quarto.

Sana observava cada sorriso que Kim dava e suspirava. Sabia quem era o motivo deles.

ㅡVocê gostou mesmo dela?ㅡ perguntou sem ânimo.

Dahyun olhou-a por cima de seu ombro e fez uma careta. Sana bufou e debruçou-se sobre a cama.

ㅡO que você viu nela?ㅡ bufouㅡ Não confio nela.

Dahyun sentou e fitou as costas da irmã. Por que ela precisava da confiança de Sana para Momo ser sua amiga? Sana era só sua irmã e nada mais!

ㅡ... Porque eu me preocupo contigo, entende? Gosto muito de você, Dah-

ㅡAntes não gostavaㅡ interrompeu.

Dahyun tocou na ferida. Sabia que aquilo mexia com a japonesa de um jeito enorme. Aquilo a magoou, mas não foi a intenção de Kim deixá-la triste, só queria que ela parasse de julgar Momo.

ㅡEu sei, tá legal?! Olha, eu... Desculpa!

A menor suspirou. Deitou-se novamente e se cobriu com o lençol dos pés a cabeça, virou na cama para ficar de costas para a mais velha.

ㅡ...É sério, eu era uma menina idiota.
Me perdoe. Sei que te machuquei bastante e sei que você lembra porque você não é boba.

"Você não é boba" Dahyun lembrará dessas palavras.

ㅡMas quero que saiba que eu realmente gosto de ti. E que eu não te odiava de verdade. Eu só... tinha muito ciúmes.

Kim virou para o lado de Sana mas sem tirar o lençol de cima de seu corpo. Dava para vê-la um pouquinho, meio embaçado, mas conseguia. As vezes fazia isso para que ninguém soubesse que estava acordada.

ㅡAntes de você nascer, eu era a princesinha de casa. Quando a mamãe ficou grávida e tivemos que vir pra Coréia. Já foi uma mudança enorme. Quando você nasceu e foi crescendo, mamãe ia te dando cada vez mais atenção, te levando em pediatras quase todos os meses para saber se tava tudo bem contigo. Eu sentia falta de toda aquela atenção que ela dava só pra mim! Por isso fiz tantas coisas horríveis...

Kim já sabia daquilo. Sabia de tudo que ela estava dizendo. Sana era só uma garotinha mimada quando criança, não à culpava e nem queria suas desculpas.

ㅡSó quero que me desculpe pelo dia que te empurrei da cama, e quando derramei refrigerante na sua cabeça... Ou quando cortei seu cabelo enquanto você dormiaㅡmordeu os lábiosㅡ desculpe... E quero que saiba que vou... Vou tentar te apoiar em tudo.

"Vou tentar te apoiar em tudo"  Ela lembrará disso também

Passaram alguns minutos de silêncio. Dahyun pensava e pensava em várias coisas diferentes com uma única pessoa. Ela queria conhecer mais um pouco aquela japonesa envergonhada que gostava bastante de falar. Dahyun tinha percebido isso e várias coisas. Momo gostava de cachorros, e isso era notável. Seus cadernos tinham desenhos de cachorrinhos e sua bicicleta tinha desenho de shibas.

Outro sorrisinho bobo nasceu em seus lábios. Lábios que teriam tocado os de Hirai se não fosse Sana.

Ela queria que surgisse outra oportunidade de fazer com que aqueles lábios atraentes tocassem os seus. Ou com que aquela mão parasse em sua cintura novamente.

Colocou a mão em baixo de seu travesseiro e tirou o desenho feito mais cedo. Queria que ele se tornasse realidade.

Talvez ela tivesse que beija-lá pois percebeu o quanto tímida Hirai pode ser. Mas quando estimulada se solta, foi o que aconteceu mais cedo.

Dahyun pensou mais um pouco, se ela não se afastou é porque também queria aquilo, certo? Uma pessoa não beijaria outra sem que quisesse?

Só de imaginar seu coração batia mais forte. Ele provavelmente estava querendo isso, um beijo. Um beijo de Hirai Momo

CrayonsOnde histórias criam vida. Descubra agora