Ela não é boba não

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Dahyun saiu do carro e andou direto para seu quarto. Sua cebeça só pendava em uma pessoa: Hirai Momo.

Todas as vezes que lembrava de sua voz, seu coração acelerava. Não sabia por que e o que estava sentindo. Eram sentimentos novos.

Dahyun sempre teve problemas para reconhecer sentimentos simples por conta de sua condição. Mas desta vez ela estava gostando da sensação de como a voz de Momo entra em seus ouvidos e parece um canção cantada por anjos.

Sana por outro lado, não gostava nenhum pouco de Hirai. Não confiava na garota, achava que faria algum mal à sua irmãzinha.

Dahyun deslizou suas mãozinhas para debaixo de seu travesseiro e tirou o desenho que tinha feito na noite passada. Sorriu e abraçou o papel.

ㅡDah, vem comerㅡ Sana chamouㅡ Mamãe já fez o almoço.

Kim sentou na cama e olhou para os carros passando na rua. Ignorando totalmente a japonesa.

ㅡDahyun, vem comer, eu tenho que ir pra faculdade daqui a poucoㅡ suspirou.

Sana se aproximou e sentou ao lado da menor.

ㅡO que você vê nesse papel que sorrir tanto, uh?ㅡriu

Sana olhou para o desenho feito com giz de cera. Logo seu sorriso sumiu.

ㅡQuem é essa, Dahyun?

Momo... Hirai Momo.

Minatozaki bufou.

ㅡO que ela fez com você? Você nunca lembrou de nome de ninguém antes.

Isso era mentira. A menor lembrava sim o nome de todo mundo que conhecia. Só não falava

Kim levantou da cama e desceu para cozinha sendo acompanhada pela irmã.

ㅡEu já vou indo, mãeㅡdeu um beijo na bochecha da mulherㅡ Tchau, princesaㅡ fez um carinho no braço de Kim que recuou e cruzou os braçosㅡ Também te amo, sua emburradinhaㅡ brincou.

Dahyun observou discretamente a japonesa abrir a porta e dar um beijo na namorada que desceu as mãos para a bunda da menor,antes de sumir de sua vista.

Podiam pensar que Kim era boba ou que não prestava atenção nas pessoas, mas não, ela sabia de tudo que acontecia ao seu redor. Até mais que as outras pessoas.

Sabia que sua irmã sempre bebia e fumava até dizer chega escondida às sextas feiras pois já tinha ouvido uma conversa entre ela e sua namorada combinando de se encontrar na mesma balada de sempreㅡ e sempre percebia o cheiro irritante de cigarro quando a maior voltava às quatro da manhã. E que tinha um caso com a vizinha da casa da frente, todos os dias quando Tzuyu não vem a visitar, Sana vai sorrateiramente para a casa da frente.

Sabia que a mãe tinha um relacionamento com seu chef de trabalho escondida dos outros funcionários, pois quando a mulher foi buscá-la no Colégio e passou no trabalho porque tinha que "resolver coisas com o chef"  mas na verdade transou com o homem no escritório.

Também sabia que todos à tratavam diferente; que todos achavam que fosse estranha. Ela odiava isso. Queria ser tratada como uma pessoa normal. E também; o que mais à deixava triste e gostaria de não saber que seu pai foi embora por sua causa, por ter autismo.

Dahyun comeu e tirou o papel de seu bolso apreciando a beleza de Hirai novamente.

ㅡQuem é essa,pequena?ㅡ a mãe perguntou, apoiando as mãos em seus joelhosㅡVocê gostou dela, não?

Kim levantou-se e foi para seu piano.

Sua paixão por música clássica veio aos quatro anos quando viu uma apresentação de balé e ouviu a música flight of the bumblebee.

A coreana começou a tocar dance of the sugar plum fairy. A música favorita de Momo. Sim, ela lembrou do que a japonesa lhe disse.

Ela não fazia a mínima idéia do que fazia nem nem porque, mas tudo que estava fezendo era em torno de Momo.

Levantou e foi para o quarto da mãe. Abriu a porta devagar e viu a mulher conversar com seu chef.

Eu sei amor... Sei que já faz um tempo desde que fizemos. Mas é que Sana saiu e não posso deixar a Dahyun sozinha e...ㅡ olhou para a garota parada na portaㅡ Tenho que ir, Tchau.

Dahyun aproximou-se da mais velha.

ㅡO que quer, pequena?ㅡ sorriu.

A menor pegou o celular das mãos da mãe e fez uma pesquisa rápida em seguida mostrou a mulher.

ㅡUm risoto de frango?ㅡ tombou a cabeça para o ladoㅡ Ah.. Você quer comer isso? Mas, princesa, você acabou de comer. Que tal eu preparar isso para o jantar?

Dahyun balançou a cabeça e aproximou mais ainda o celular do rosto da mais velha.

ㅡQuerida, não está na hora de comer. Na verdade, você devia estar descansando um pouco agora.

A coreana mais nova soltou o celular na cama e andou apressada para seu quarto.

[...]

Kim levantou de sua cama. Já não aguentava mais ouvir os gemidos da mãe.

Passou pelo quarto da mulher, que, sem nenhum tipo de vergonha, estava com a porta aberta e nem percebeu a filha passar.

Foi para a cozinha beber um pouco d'água. Estava estressada por não ter conseguido fechar os olhos por um segundo.

Ouviu passos na escada e logo teve a certeza de quem era. Sua mãe e o chef dela.

ㅡOi, amorㅡ disse a mulher, com um sorriso amareloㅡ, está acordada faz tempo?

A mais nova sentou no sofá assistindo um desenho qualquer.

A coreana mais velha e o homem agiam como nada houvesse acontecido. Conversavam sobre coisas do trabalho e família...

Mal sabiam que a garota sabia o que ele estava fazendo ali. Pela janela do seu quarto, o viu chegar em seu camaro azul e beijar Sra. Kim na porta de casa. Ouviu todo que os dois fizeram e inclusive se arrependeu de ter escutado. Gostaria de não ter descoberto que a mãe gostava de ser sufocada durante o sexo.

Talvez isso fosse errado e falta de educação. E Dahyun sabia disso. Mas não podia evitar de ouvir conversas e segredos alheios. Até porque, todos faziam isso como ela não estivesse lá, achavam que não se importaria.

Erro o deles. Deviam se preocupar e tomar mais cuidado com o que falam perto da coreana.

CrayonsOnde histórias criam vida. Descubra agora