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Ana ✨

Acho que escutar aquelas palavras saírem da boca daquela mulher, talvez tenha doido tanto em mim, como doeu no Ret, que estava sem reação.

"Ela não resistiu."

Ret: Ela tava indo bem no tratamento, o que deu errado? - Ajeitei o Théo que dormia no meu colo, vendo ele falar sério.

Um medicamento errado fez com que todo tratamento fosse pro lixo.- Falou trêmula.

Ret: Quem deu? - Respirou fundo e a mulher abaixou a cabeça.- Vai pro carro, Ana.

Ana: Filipe, nada vai mudar ou resolver. Não faz isso.- Pedi, vendo ele tirar a arma da cintura.

Ret: Saí daqui, Ana.- Falou um pouco mais alto.

Ana: Por favor, não vai mudar...- Segurei a mão dele e ele virou gritando.

Ret: Vai pra porra do carro.- Gritou na minha cara e a mulher começou a chorar.

Théo também, levantou a cabeça assustado e eu coloquei a mão na cabeça dele, tentando acalmar enquanto eu me afastava. Dois, cinco tiros eu escutei, o que fazia Théo chorar mais. Fiquei fora do carro balançando o Théo até escutar os passos do Filipe, Théo ainda tava choramingando mas tava de olhos fechados, enquanto eu ficava andando para um lado e para o outro com ele.

Ret: Entra no carro.- Falou passando por mim sem me olhar.

Entrei sem brigar ou contestar, no meio do caminho eu me incomodei demais, a forma que o Filipe estava dirigindo ou a sua cara, me deixou super incomodada, enquanto eu ajeitei o Théo e com outra mão, coloquei a mão na coxa do Filipe.

Ana: Para o carro, encosta por favor.- Pedi, vendo ele fazer sem brigar ou contestar, apenas encostou.- Nada que eu fale agora, vai ajudar você, não é?

Ret: Incompetência caralho, o tanto que eu me dediquei e lutei pra ela ficar viva não tem igual, porra! - Falou olhando pra frente.- Tu não tem noção, faltava apenas mais um mês e eu ia conseguir trazer ela pra morar comigo.

Ana: E eu acho incrível tudo que você fez e veio fazendo por ela, tu deu o teu melhor, disso que tenho certeza Filipe.- Segurei a mão dele, fazendo carinho e ele ficou calado.

Ele ficou e eu também, por longos minutos até ele me encara firme e respirar fundo.

Ret: Desculpa pela forma que eu falei contigo ainda agora.- Sorri pra ele.

Ana: Vem cá, criança.- Coloquei a mão na sua bochecha, puxando ela pra mim e ele deitou no meu ombro.

Fiquei fazendo carinho na bochecha dele enquanto ajeitava o Théo em outra, Filipe ficou olhando pro Théo o tempo todo sem falar nada, não chorava, não sorria ou tinha alguma reação, era apenas o silêncio no meio da estrada.

Ana: Você se sente bem pra voltar? - Perguntei apoiando o queixo na cabeça dele.- Eu posso levar o carro, é melhor para nós.

Ele não falou nada, balançou a cabeça e abriu a porta, a estrada tinha pouca iluminação, mas eu esperei ele pegar o Théo e desci, indo pro banco do motorista.

Filipe respirou fundo coçando a garganta e eu beijei a bochecha dele antes de colocar o cinto. Ele apertou a minha coxa e eu liguei o carro, vendo o clima bem silencioso, mas por mais que eu quisesse que ele falasse sobre, o melhor era deixar ele ter o tempo dele e se ele quisesse, eu estaria aqui para escutar sua fala.

Mente De Um Vilão Onde histórias criam vida. Descubra agora