🎖 Eleita uma das Melhores Histórias de 2020 pelos Embaixadores do Wattpad.
Elisa sofre de uma condição não muito grave e bastante comum na sociedade, chamada de Síndrome do Garoto Perfeito.
Se você apresenta sintomas como: paixonite aguda por perso...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
"Quero dizer, se eu tivesse nascido outra pessoa, definitivamente seria Taylor Swift. Não consigo pensar em ninguém mais maravilhoso." Elisa concluiu com grande certeza, enquanto mergulhava sua colher no prato de brigadeiro em sua frente.
"Pelo amor de Deus! Como não? E Emma Watson, ela não existe em seu mundo? Eu consigo fazer uma lista de outras pessoas incríveis, Lisa. Mas acho que esse meu exemplo único já bastou." Protestou Dani, enquanto revirava os olhos.
As meninas realizavam o ritual de comer brigadeiro enquanto assistiam a uma comédia romântica pelo menos uma vez por mês. Elas quase nunca chegavam ao final do filme, já que apertavam pause diversas vezes para conversarem sobre tópicos inadiáveis, como o do momento: quem você gostaria de ser se pudesse nascer como outra pessoa.
"Aliás, eu nem sei por que você escolheu a Taylor. Seu maior sonho é ter um namorado, e ela não parece se preocupar com isso no momento."
"Nossa Dani, que exagero! Para começar, esse não é meu maior sonho. É só uma coisa que eu quero muito. E depois, quer alguém melhor que ela nesse quesito? A mulher já namorou metade dos Estados Unidos! De Joe Jonas a David Guetta! Ela é tipo o ideal das namoradeiras."
"Achei que você quisesse encontrar a pessoa certa logo de cara..."
"Querer eu queria, mas eu não me importaria de ficar tentando com aqueles caras." As duas não conseguiram evitar a risada. Quem se incomodaria por testar a lista de namorados de Taylor Swift no fim das contas?
"E a premonição do seu futuro, como anda?" Dani tinha noção que estava se arriscando ao perguntar sobre isso, mas sabia também que Lisa estava louca para falar sobre isso, e evitava o assunto somente para não parecer chata. Internamente, Elisa ficou agradecida pela amiga ter tocado no assunto, assim ela poderia dissertar sobre um de seus temas favoritos atualmente sem parecer uma viciada no assunto.
Para falar a verdade, viciada era o termo que melhor a definia no momento. Já havia se passado trinta e sete dias, vinte e duas horas e alguns minutos desde que Miss Minfítica fez sua previsão sobre o amor da vida de Elisa, mas ele ainda não tinha feito sua aparição especial, nem mesmo uma pontinha como coadjuvante. Pelo menos, era nisso que ela queria acreditar, mas a dúvida sobre não ter insistido com Zeca ainda martelava em sua cabeça.
O tempo estava correndo e garota não saberia o que fazer caso o loiro não aparecesse dentro dos dois meses restantes. Para falar a verdade, ela evitava ao máximo pensar nessa possibilidade, e gastava seus momentos livres sonhando acordada com dia em que os dois finalmente se conheceriam. Além disso, Felipe chegaria em menos de trinta dias e ela ainda não tinha ideia de como faria para enfrentar Kamila, já que acreditava que a menina era a compradora anônima. Portanto, seus pensamentos estavam bastante povoados de ansiedades para que ela tivesse tempo de criar novas caraminholas, como previsões incorretas.
"Nada, Dani. Meu futuro amor não enviou nem um sinal de fogo até o momento. O que você acha que isso pode significar?"
A amiga, ao contrário de Lisa, pensou algumas vezes sobre a possibilidade de a cartomante estar incorreta. Ela acreditava sim em pessoas com habilidade de realizar premonições, mas também sabia que a vida pode mudar a qualquer instante. E se o futuro de Elisa tivesse sido reescrito no momento em que ela ficou sabendo da existência do garoto e eles já não estivessem mais destinados a ficar juntos? Não haveria sorvete no mundo capaz de consolar a pequena.
"Eu acho, Lisa, que ainda está muito cedo para interpretações. Ainda não chegamos nem na metade do tempo que a moça te falou! Vamos ter calma, tá bem? Tudo ao seu tempo."
Mesmo com a melhor das boas intenções, aconselhar um ansioso a dar tempo ao tempo não é assim tão válido, mas Dani não sabia como introduzir a possibilidade de o futuro não ser assim, tão exato. Por alguns segundos, se arrependeu de ter começado o assunto se não saberia como consolar a amiga. Daniela esperava que isso não fosse necessário, mas já estipulava um prazo: se o garoto não aparecesse até o final do mês, próximo à chegada de Felipe, ela conversaria com Lisa sobre a chance de o momento esperado nunca chegar.
"Vamos continuar o filme?"
"Não! Desliga isso aí e me conta da sua vida, Dani. Preciso me distrair."
"E o que eu tenho para contar? Não aguento mais estudar, Lisa. Eu só faço isso o dia inteiro. Às vezes, me dá uma vontade de desistir. Ou, sei lá, prestar uma faculdade mais fácil. Por que eu tinha que escolher fisioterapia na Federal de Minas Gerais?"
"Você é a filha que meus pais queriam, Dani. Eles morreriam de felicidade se eu finalmente escolhesse um curso, imagina só se fosse em uma Federal? Eu nem precisaria passar. Podia ficar no cursinho para sempre, contanto que eu tivesse uma meta."
"Você não acha que ainda existe uma chance de continuar os estudos?"
"Eu não quero nada disso, Dani. Não consigo me ver em nenhum lugar desses, longe de casa, passando horas numa sala de aula estudando coisas que não fazem sentido."
"Elas podem fazer sentido, Lisa. Você desistiu tão fácil. Tem certeza de que não tem nada por trás?" Prevendo que seguindo por esse tema o único resultado seria uma briga, Daniela continuou. "Bom, é você quem sabe, não é? Mas então, agora eu comecei a ter aula particular com um menino de medicina também, eu estava com muita dificuldade em uma área de biologia e a hora aula dele é barata..."
Como se tivesse visto um fantasma sentado conversando com elas no quarto, Dani soltou a colher de brigadeiro no prato e segurou o pulso da amiga, com seus olhos arregalados olhando diretamente para Elisa.
"Lisa! O Hugo, meu professor particular, é loiro! E muito gente boa! Ah. Meu. Deus. Será que é ele? Será que eu sou o cupido da sua história?"
Elisa ficou perdida entre sorrir por todo o resto da semana, ou se apavorar. Afinal, a possibilidade real finalmente havia aparecido para ela, e isso a deixava apreensiva. Hugo gostaria dela também? Estava ela prestes a conhecer a pessoa que seria um divisor de águas em sua vida? De qualquer maneira, a vontade de conhece-lo era maior do que as inseguranças que surgiriam pelo caminho.
"Dani, você precisa dar um jeito para que a gente se conheça já!"
