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Se a omissão valesse tanto para Felipe, quanto para Daniela, tecnicamente não seria uma mentira, certo? Elisa estava se esforçando para dar aos dois um primeiro encontro digno, sem tornar a situação ainda mais desconfortável do que ela já poderia ser

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Se a omissão valesse tanto para Felipe, quanto para Daniela, tecnicamente não seria uma mentira, certo? Elisa estava se esforçando para dar aos dois um primeiro encontro digno, sem tornar a situação ainda mais desconfortável do que ela já poderia ser.

Agora que ela sabia que seu irmão correspondia aos sentimentos da amiga, um encontro as cegas não seria uma má ideia. Dessa maneira, se ela não contasse para nenhum deles, poderia dizer que planejou uma surpresa! Incrível, não?

"Felipe do céu, onde você vai com essas galochas terríveis? Jardinar?" A pequena não podia correr o risco de o garoto encontrar com Daniela daquele jeito. Nem seu novo estilo de cabelos claros faria com que aquele visual terrível fosse perdoado. O primeiro encontro dos dois precisaria ser perfeito!

"Você viu como está o tempo lá fora? Já não basta você querer me arrastar para esse lugar que simplesmente é imperdível e não dá para esperar!" Felipe arriscou uma imitação da voz de Elisa, que revirava os olhos a cada segundo.

"Toma vergonha na sua cara, isso é chuva de verão! Anda, coloca um tênis e vamos!" Ela estava tentando se assegurar de que a amiga não chegasse mais cedo e ficasse esperando por muito tempo, visto que as duas ainda não haviam se encontrado de novo desde o rompimento com Hugo. Não seria muito bom deixa-la abandonada quando elas haviam acabado de retomar a amizade.

"Vamos, eu estou pronto." O garoto anunciou, enquanto dava uma voltinha para que Elisa pudesse verificar o visual. "Assim está ok para você, Vossa Majestade?"

"Muito, muito melhor! Agora sim, podemos ir."

Mas, quando os dois já estavam quase saindo da garagem de casa, a garota se lembrou que havia esquecido de um detalhe importante, a cartinha que havia feito para Dani, contando sobre seus medos em relação a amiga ir embora para a faculdade e também o valor do leilão. Já havia passado da hora dela devolver o dinheiro a amiga.

"Opa! Para, para, para! Eu esqueci um negócio, já volto."

"Esqueceu o que Lisa?"

"Er..Hm.. Meu guarda-chuva!"

"Mas eu tenho um aqui, Lis, relaxa."

"NÃO! Eu preciso do meu, é rapidinho, juro!" Elisa disse a última frase com a porta do veiculo já aberta, e abriu um sorriso sarcástico enquanto Felipe fazia gestos para que ela andasse logo.

Enquanto Lisa corria de maneira desenfreada até seu quarto para pegar o envelope o mais rápido possível, ela avistou novamente as galochas de seu irmão, jogadas no corredor. De repente, em seus pensamentos só aparecia Miss Minfítica, que repetia freneticamente "Lisa, cuidado com as botas amarelas!"

Então essas era as malditinhas que ela deveria temer?

A pequena desacelerou o passo, com medo de tropeçar nos sapatos soltos. No entanto, a mistura de sua sapatilha de sola gasta, com a chuva de verão e o piso frio da casa teve um resultado catastrófico! Por mais que ela tenha conseguido frear antes de chegar nas botas, Elisa não conseguiu evitar um tombo cinematográfico, caindo como uma fruta madura da árvore.

Deitada por alguns segundos no chão, ela se lembrou de tudo.

"Você vai conhecer um garoto..." Miss Minfítica havia dito. "Bonito, um pouco mais velho e mais alto que você. Moreno? Não, definitivamente mais loiro. Vocês se gostam muito e você vai encontrar o que precisa."

De onde ela havia tirado a conclusão de que se trataria do amor da vida dela?

"Como.Eu.Posso.Ser.Tão.Burra?" Enfiando os dedos por seus cabelos, Elisa bufava com os dentes semicerrados. "Sou.Uma.Completa.Idiota!"

"Elisa? Ah, meu Deus! Você está bem? O que houve, filha?" Fátima saiu correndo com seu vestido ainda por fechar, para socorrer a filha que continuava largada no meio do corredor.

"Você está com dor? Vou chamar um médico!"

"Não, não precisa. Não é dor, é só ignorância, mãe. Eu sou tão, mas tão burra que precisei basicamente de um tropeço da vida para entender. ELA ESTAVA FALANDO DO FELIPE, MÃE! Você acredita? DO MEU IRMÃO!"

"Ela quem, Lisa?" mãe e filha se sentaram com as pernas cruzadas no corredor da casa, da mesma maneira que faziam quando brincavam de massinha na infância.

"A cartomante, Dona Fátima! Não era o amor da minha vida romântica!" A garota concluindo, enquanto não aguentava segurar a risada.

"E isso é....bom? Você bateu com a cabeça quando caiu?"

"Isso é excelente! E quer dizer que ela ainda está por ai, mãe! Eu ainda tenho chances!" Elisa envolveu a mais velha em um abraço apertado e demorado, como não fazia há tempos.

"Então enquanto eu fico esperando no carro, as duas lindas ficam de fofoca no chão, é isso?" Felipe se sentou ao lado das duas, esticando uma mão para cada uma delas. "Como eu sinto falta da loucura dessa casa."

"Fê, eu levei um tombo gigantesco! E tudo bem, podia dizer que a culpa era sua e da sua maldita bota amarela, mas não gora. Agora, você precisa ir até a casa de chás que eu te falei, a Dani está lá esperando por você!"

"Quê? Como assim? Você bateu com a cabeça?"

"Gente, vocês não conseguem colocar fé em nada que eu falo? Não, eu não bati com a cabeça! E anda logo! Ela está lá, esperando por você!"

"Mas e você, Lisa? Você não vem?"

"Não, Fê, eu preciso ficar aqui e entender de uma vez por todas o que eu precisava encontrar."

"Isso por um acaso tem a ver com a cartomante e etc? Porque eu não vou embora até você me contar! Se eu perder minha chance com Daniela, considere-se culpada!"

Elisa descreveu ao irmão exatamente o que Miss Minfítica havia dito sobre o amor de sua vida. Bom, no caso, o que ela havia dito sobre ele mesmo. A vergonha em ter interpretado tudo errado era evidente em sua expressão e, por isso mesmo, Felipe não fez nenhuma piada sequer sobre o ocorrido.

"Em relação a encontrar o que você procura, acho que eu tenho a ver com isso também." O garoto retirou o celular do bolso de Lisa e digitou algumas letras. "Toma" ele disse, enquanto devolvia o aparelho a ela.

"O que é isso?" Fátima questionou, praticamente tirando as palavras da boca de Elisa.

"Isso é a senha do meu computador. Você vai saber o que procura quando abri-lo. Agora tchau, que eu já estou atrasado para meu primeiro encontro às cegas com alguém conheço há anos."

Finalmenteee as botas amarelas da Minfítica chegaram para a história!

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Finalmenteee as botas amarelas da Minfítica chegaram para a história!

Desde o início, esse acidente era planejado como o momento em que Elisa finalmente entenderia um pedaço do que a cartomante havia previsto para a vida dela. Mas e agora, o que será que Felipe pode fazer para que ela encontre o que precisa? Você tem algum chute? (:

Você Vai Conhecer o Amor da Sua VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora