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Mas, obviamente, não seria assim tão fácil

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Mas, obviamente, não seria assim tão fácil.

Hugo provavelmente estava correto, a adrenalina havia consumido Elisa e, com ela, a falsa sensação de coragem assumiu o controle. Mesmo que, à primeira vista, o toque de seu braço envolto nos ombros de Lisa trouxesse paz, aquele não era o momento certo para isso.

Não ainda.

Ele estava pensando o que? Que ela ficaria apaixonada por ele assim, do nada? Bom, não poderíamos dizer que é de tudo mentira, mas o garoto não sabia de nada disso. Mesmo que a garota já soubesse que os dois estavam destinados, havia um certo receio de perdê-lo. Ela sempre ouviu dizer que tudo que vem fácil perde a graça, e não queria que Hugo se cansasse dela por estar muito disponível. Mas, para falar a verdade, estava congelada de medo.

Poderia se fazer de difícil, e parecer insuportável e inatingível. Poderia ser extremamente simpática, e parecer que estava se importando muito. Como dosar a personalidade de maneira perfeita? A garota não saberia dizer, mas o de repente o toque de suas peles deixou de parecer confortante.

Elisa fingiu procurar algo em sua bolsa para que, discretamente, pudesse se livrar do braço de Hugo. Estava decidida: muita disponibilidade não traria benefícios ao relacionamento. Tudo ao seu tempo, como diria Dani.

Não sei se a atitude de afastamento foi óbvia, ou se a mudança já passava pela cabeça do menino, o fato é que, quase instantaneamente, Hugo parou no meio da rua e resolveu alterar seus planos.

"Quer saber? Esqueça essa história de açaí. Onde eu estava com a cabeça? Que coisa mais sem graça, Lisa! Tenho uma ideia genial, acho que você vai curtir e, de quebra, eu não vou poder ficar falando pelos cotovelos. Perfeito, não?" E Lisa, tomada pela alegria repentina por não ter que consumir o alimento com gosto de terra, praticamente deu pulinhos de felicidade.

Na entrada do MASP, os dois compraram os ingressos e ouviram atentamente a única instrução: era proibido falar por ali. A exposição da famosa artista russa remetia ao excesso de opiniões distribuídas gratuitamente através das redes sociais, por isso, naquele ambiente a tão falada liberdade de expressão foi intencionalmente banida.

A situação toda seria bastante benéfica para Elisa, que não precisaria fazer charme com as palavras, mas sim somente com as expressões. Manter um olhar enigmático era muito mais simples se ela não estivesse ouvindo a voz de Hugo.

No entanto, a garota havia se esquecido do quanto costumava gostar de exposições. E, enquanto observava o que aparentava ser o perfil da Monalisa moderna no twitter, se viu abandonando completamente o plano de manter uma pose, e, absorta em seus pensamentos, questionou-se como seriam se as obras realmente pudessem ganhar vida. Teria Mona um finsta, no qual ela postaria sobre quem realmente é? Talvez, melhor seria se nós pudéssemos invadir os quadros e bater um papo com as pinturas, e não o contrário. Definitivamente Monalisa não parecia alguém que saberia lidar com selfies. Por um instante, ela quis comentar com Hugo sobre isso, e também sobre teletransporte. Por que, afinal, se pudéssemos adentrar objetos artísticos, a situação se encaixaria nessa definição, não?

Você Vai Conhecer o Amor da Sua VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora