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Existe algo pior do que horário de trabalho? Sinceramente, como o mundo ainda não se adaptou ao fato de que nós não estamos disponíveis nos mesmos horários todos os dias? Porque não, Elisa simplesmente não estava preparada para bater o ponto na Av...

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Existe algo pior do que horário de trabalho? Sinceramente, como o mundo ainda não se adaptou ao fato de que nós não estamos disponíveis nos mesmos horários todos os dias? Porque não, Elisa simplesmente não estava preparada para bater o ponto na Avenida Paulista naquele momento, não em meio a tamanha crise em sua amizade.

E depois as pessoas ainda reclamam por ela viver com a cabeça nas nuvens! Como poderia se concentrar em indicar o melhor livro de fantasia para um garoto de treze anos que, obviamente, já leu todos os mais conhecidos, enquanto a vida de Lisa poderia nunca mais ser a mesma?

"Ei, moça, eu já li esse também! Você não deveria saber me indicar livros inesperados?"

"Deveria, mas as melhores amigas também não deveriam dar lances para ir ao encontro com seu irmão, não é? Acostume-se, a vida nem sempre é como gostaríamos."

Foi provavelmente o olhar de incógnita do garoto, ou talvez a maneira com que ele saiu rapidamente de perto de Elisa com um livro qualquer nas mãos, que chamou a atenção de Iasmim. Quando a supervisora se aproximou, a pequena nem sequer havia notado a ausência do menino.

"Oi, Lisa! Você não me parece bem hoje... Está doente, ou algo do tipo?"

Seria muito exagerado dizer que estava sofrendo a dor do coração partido? Provavelmente, essa era a melhor definição para os sentimentos da garota no momento. Talvez fosse possível observar o buraco que Dani havia causado no coração de Elisa a olho nu. Nem sempre são os relacionamentos românticos que machucam a gente. Na verdade, as amizades carregam um poder de destruição muito maior do que qualquer namoro, porque os amigos nos conhecem profundamente e as brigas nos arrebatam de maneira inesperada.

Todo mundo sabe que um namoro pode chegar ao fim. A gente não curte muito pensar nisso, mas a possibilidade está sempre ali. Mas, quanto a uma amizade...Ah, essa não. Ela não foi programada para terminar, por isso confiamos a pessoa informações secretas sobre nós mesmos, coisas que não compartilhamos com mais ninguém e, sem nos darmos conta, entregamos de mão beijada todo nosso amor ao suposto amigo.

E aí, o que ele faz com isso?

Dá um lance anônimo em um leilão para sair com o seu irmão.

Um. Lance. Anônimo. Para. Sair. Com. Seu. Irmão.

LANCEANÔNIMO.

SEUIRMÃO.

Sem contar o fato de que escondeu esse sentimento de você por anos. Você ali, abrindo sua alma, e a "amiga" lá – cri cri cri, só no silêncio. Ou na mentira. Sinceramente, o que é pior?

Talvez, a parte mais baixa seja o peso na consciência que ela te deixou nutrir por acreditar que você teria que arrumar um date entre seu irmão e a ex pavorosa dele.

São tantos pontos altos na escala de horror que fica difícil fazer uma lista.

Esse monologo era exatamente o que Lisa gostaria de responder ao questionamento de Iasmim. Mas, ao invés disso, ela seguiu com o bom e velho "tudo bem sim, e com você?", enquanto evitava contato visual, para não cair no choro. O que, obviamente, não deu certo.          

A pergunta "tudo bem com você?" traz consigo um poder gigantesco que faz efeito certeiro naqueles que não estão nada bem. Por isso, é importante não realizá-la se você não possui verdadeiro interesse na resposta. Se não, você poderá ter que lidar com a ebulição de uma emoção descontrolada de uma pessoa não tão íntima.

Exatamente o que ocorreu naquele momento.  

"E-e-eu não queria cho-chorar, Mim. Você me desculpa? Ai, meu Deus, que vergonha, todo mundo olhando para m-m-mim." Quanto mais tentava se controlar, mais Elisa fungava. Iasmim aproveitou para puxar a menina pela blusa até um cantinho da livraria, perto dos exemplares de auto-ajuda.

"Está tudo bem, Lisa. Pode chorar, ok? Não há vergonha nenhuma nisso. Você quer que eu vá pegar uma água? E depois...."

"N-NÃO! Não me deixa aqui sozinha!" Elisa acrescentou, enquanto agarrava nas mangas da camiseta da supervisora, como se ambas tivessem intimidade para isso.

"Tudo bem, tudo bem!" a garota acrescentou, tentando acalmar Lisa e se livrar de seus dedos esguios que a seguravam com mais força do que o necessário. "Eu não vou deixar, prometo. Agora, quer me contar o que aconteceu?"

A pequena acenou com a cabeça que sim, enquanto limpava o líquido que escorria de seu nariz com as costas das mãos. Ela ainda puxou uma grande quantidade de ar, antes de finalmente começar a falar:

"EubrigueicomDanielaminhamelhoramigaeagoraelanuncamaisvaiquererolharnaminhacaraaaa"

"O quê?"

"MastambémpuderaelafoimuitointeresseiraeestavatentandosaircomoFelipeenuncahavianemcomentadocomigoquegostavadeleee"

"O QUÊ? Elisa, mais devagar! Eu não faço tradução simultânea de chororô não!" Após a pequena bronca, Lisa pareceu se lembrar que estava conversando com sua chefe e tentou se recompor, por mais difícil que fosse.

As duas se acomodaram em pufes que se encontravam próximos, e a pequena finalmente conseguiu contar a história de uma maneira assimilável aos ouvidos humanos. Ela comentou todos os detalhes, tim tim por tim tim. E, mesmo assim, Iasmim teve a pachorra de responder "OK, e o que mais?"

"Como assim e o que mais? Não está bom para você, não? O que mais você queria na história, que Dani e Felipe tivessem fugido para Vegas e se casado por lá?"

"Me desculpe, eu não quis menosprezar sua dor. Só me parece um pouco de...exagero. Tipo um ataque de ciúme."

"Isso não é um ataque de ciúme, Iasmim. No máximo, é um ataque de decepção. Eu não estou nem aí para quem a Daniela escolhe beijar, mas ela não poderia ter me contado?"

"Eu quis dizer um ataque de ciúme com seu irmão. Você tem dificuldade em dividi-lo, não?"

"Não, eu não tenho. Até porque, eu não vou dividir o Felipe com ninguém. Ele NUNCA ficaria com alguém que mentiu para mim por tanto tempo. E o foco nem é esse, sabe? Você não está focando na parte mais importante."

"Acho que quem não está focando é você, Lisa. Por que você não tenta prestar atenção na maneira como realmente se sente?"

"CARAMBA! Vocês só sabem falar isso? Tirar um tempo para saber como eu me sinto? Pois eu vou fazer isso agora mesmo! Mas, só para constar, eu já sei como eu me sinto!" A garota acrescentou, enquanto tentava se levantar do pufe da maneira mais digna possível, mas era engolida pelas micro bolinhas do tecido, que só dificultavam ainda mais a situação.

"Não agora, Elisa, seu turno ainda não acabou."

Lisa gostaria de responder, mas não poderia. Pelo menos, não com as palavras que queria dizer. A vida do proletariado não era fácil, e os sentimentos teriam que esperar até o fim do expediente.

Esse lance de horário de trabalho é uma coisa que me tira a sanidadeeee também! Tem dias que a gente simplesmente não tá com vontade, né? 😂 A vida de CLT não é fácil rs

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Esse lance de horário de trabalho é uma coisa que me tira a sanidadeeee também! Tem dias que a gente simplesmente não tá com vontade, né? 😂 A vida de CLT não é fácil rs

Mas, tirando isso, eu tb concordo com Iasmim e o ataque de ciúmes. Alguma teoria de como isso vai acabar?

Estou com alguns capítulos adiantados e pretendo fazer uma semana intensiva de postagem quando chegarmos mais próximos do final, o que vocês acham? (:

Você Vai Conhecer o Amor da Sua VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora