🎖 Eleita uma das Melhores Histórias de 2020 pelos Embaixadores do Wattpad.
Elisa sofre de uma condição não muito grave e bastante comum na sociedade, chamada de Síndrome do Garoto Perfeito.
Se você apresenta sintomas como: paixonite aguda por perso...
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Elisa não sabia dizer se era o romance no ar, ou a combinação perfeita daquele hambúrguer gigantesco com uma excelente maionese caseira, o fato é que o mundo conspirava a favor dos dois aquela noite. A garota exalava bom humor, tanto quanto Hugo exalava aquele perfume perfeito. Ela havia até feito alguns amigos!
Quem diria, não é? Nem só de pessoas estranhas é feito um clube de hambúrguer. Para falar a verdade, não havia sequer um ser humano estranho em todo aquele lugar. Muitos deles eram conhecidos de Hugo, visto que frequentavam o lugar mais de uma vez por mês, e o garoto a apresentou com o maior orgulho para todos eles. Ele dizia "essa é a Elisa" como se seu nome carregasse um significa especial, praticamente como se dissesse "essa aqui é a Angelina Jolie". Tudo bem que Lisa preferia que fosse "Essa daqui é Elisa, minha namorada", mas ok, ela poderia esperar até esse momento chegar.
E ele chegaria!
Antes disso, precisava rolar o famoso primeiro beijo, não?
Mas não hoje, com esse bafo de maionese de ervas e alho – que mais parecia um espanta vampiros natural. Definitivamente, não era essa a lembrança que a garota gostaria de guardar para sempre em sua memória.
"... E foi assim que eu descobri esse lugar! Não é incrível? De verdade, eu não sei como conseguia viver antes sem um clube do hambúrguer! E você ainda deu sorte, Lisa. Mais tarde, teremos um show ao vivo por aqui, legal né?"
Legal mesmo era poder passar tanto tempo assim com Hugo, observando-o contar com tanta paixão sobre as coisas que ele mais gostava, mesmo que se tratasse de temas pouco convencionais. A garota gostaria que ele continuasse a falar para sempre, muito porque gostava de ouvi-lo, mas também porque assim, como ouvinte, suas chances soltar alguma besteira e acabar com o romance entre os dois era menor.
"Eu estava pensando no dia em que nos conhecemos...E o quão clichê foi tudo aquilo, né? Volta e meia eu penso no atropelamento ainda, tão filme de adolescente." Hugo comentou, enquanto roubava uma batata frita do prato de Lisa e a mergulhava no potinho de molho a sua frente.
"Enfim, eu nunca pensei que viveria nada parecido. Não sei se eu acredito em destino, sabe? Ainda não me decidi quanto a isso. Mas, do que mais eu poderia chamar aquele dia?" Elisa deu de ombros com um sorriso bobo no rosto. Tudo bem por ela Hugo não acreditar em destino, era uma diferença que não impediria os dois de serem felizes.
"Bom, mas o que eu queria dizer mesmo, era que eu nunca me senti assim antes. Tudo isso é muito inédito para mim, o meu desatar a falar naquele dia, o nervoso por você estar perto, o tanto que estou gesticulando agora e me explicando demais. O fato de que eu virei um atropelador com viés para sequestrador em tão pouco tempo. Eu não sou assim, tão atrapalhado. Mas, por incrível que pareça, gosto de estar perto de você, mesmo me transformando em uma completa ameba."
Um quentinho dentro do peito de Lisa começou a se formar, e tudo que ela queria era conseguir gravar aquele momento na cabeça, como um pequeno filme, para poder reviver a todo momento.
"Eu nem sei de onde tirei coragem para te contar tudo isso. Quero dizer, nós nem somos tão íntimos assim, e eu provavelmente estou te apavorando. Mas eu precisava falar, estava entalado na garganta."
"Como se você não pudesse mais viver tranquilo sem falar sobre isso?"
"Exatamente, como se eu não pudesse mais viver tranquilo sem falar sobre isso. Como você sabe?"
"Porque é exatamente assim que eu me sinto. Mas eu gostaria de poder falar para o mundo todo também, só acho que nem todos estarão interessados para ouvir..."
"É sério?"
"Imagino que sim, não? Tipo a Sandy, eu posso até tentar deixar uma mensagem no Instagram dela sobre como eu me sinto, mas duvido que ela esteja interessada."
"Bom, primeiro que ela seria uma besta se não tivesse interessada em te ouvir. Mas, na verdade, eu estava questionando sobre você também se sentir assim." O garoto se aproximou, enquanto a banda que tocaria aquela noite se apresentava. Quando a música começou, o foco de Hugo intercalava entre os olhos de Elisa e sua boca – aparentemente, o alho não seria nenhum impeditivo para ele. A cada segundo que passava, seus rostos se aproximavam mais um pouco e, quando estavam a somente alguns centímetros de seus narizes se tocarem, o garoto desviou a cabeça e chegou perto do ouvido de Elisa. "É sério?" Ele a questionou.
O coração de Lisa batia tão forte que era possível sentir a pressão em seus ouvidos, como se o sangue batesse ritmado por todo seu corpo. Naquele momento, ela só queria puxá-lo para mais perto de si. Se um dia ligou para o bafo, nem se lembrava mais.
"Hugo? Ah, caramba, é você!" Elisa sentiu a presença da garota a seu lado antes mesmo de o garoto se afastar. Mas, quando ele o fez, levou junto consigo toda a magia do momento. Sua vontade era de cumprimentar a morena curvilínea ao seu lado com um revirar de olhos.
O garoto se levantou para dar um abraço em Gabriela, como ele chamou a corta-clima que já estava se acomodando na cadeira ao lado de Elisa, mesmo sem ser convidada.
"Eu não acredito que você é membro daqui também! Minha amiga, Rafa, havia dito que era muito bem frequentado, mas eu não imaginava que seria tanto assim! Agora, obviamente, farei parte do clube!" Gabriela acrescentou, com um entusiasmo um tanto quanto grande ao se referir a pão com carne.
Talvez, ela estivesse era atrás de outro tipo de carne.
"Ah! E você, quem é?" Questionou a Lisa, como se a tivesse notado somente naquele instante.
"Essa é Elisa, Gabi." Era impressão de Elisa, ou toda a admiração anterior na voz do garoto não estava mais por lá? "Lisa, eu e Gabi fazemos medicina na mesma faculdade."
Gabriela passou o olhar por todo o corpo de Elisa, da cabeça aos pés, e lançou um grande sorriso amarelo enquanto acenava que sim com a cabeça para o que Hugo havia acabado de falar. A pequena não hesitou em fazer o mesmo, mas, quanto mais analisava a morena ao seu lado, mais apavorada ficava. Aquela menina definitivamente faria Edward Razek implorar por tela como modelo plus size no desfile da Victoria's Secret. Como seria possível competir com tamanha perfeição?
"E você, Elisa, você faz o que?" Era chegada a hora da verdade. A pergunta que mais atormentava Lisa por esse ano. O sapato que apertava seu calo. O i ainda sem pingo. A hora da verdade.
"Eu? Estou estudando para entrar em medicina!" As palavras saíram em câmera lenta de sua boca. Letra por letra, a mentira tomou forma.
"Como eu não sabia disso?" Hugo parecia extremamente animado com a notícia.
Bom, não sabia porque Elisa não consegue nem terminar de ver um episódio de Greys Anatomy sem fechar os olhos nas partes sangrentas.
