🎖 Eleita uma das Melhores Histórias de 2020 pelos Embaixadores do Wattpad.
Elisa sofre de uma condição não muito grave e bastante comum na sociedade, chamada de Síndrome do Garoto Perfeito.
Se você apresenta sintomas como: paixonite aguda por perso...
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Everybody wants to rule the world tocava em alto e em bom som por todo o Jockey, no evento de cinema a céu aberto, e Elisa não evitou pensar no quanto essa música trazia a sensação reconfortante que ela justamente estava precisando, na primeira vez em que saia completamente sozinha. Uma canção tão conhecida, em uma situação completamente nova, só poderia ser o destino tornando o desconforto um pouco mais aceitável.
Os dois haviam feitos as pazes nesses últimos dia. Lisa entendeu que o ocorrido no passado não foi uma espécie de karma que ela estava carregando por tentar saber do futuro antes dele chegar, mas sim uma dor que ela deveria passar, algo que trouxe aprendizado. Depois disso, o destino havia decidido dar uma trégua e, de vez em quando, deixava pequenas surpresas para a pequena durante sua rotina, como uma música conhecida.
Após a falta de repostas incessante de Hugo - situação que a fez comprovar que a indiferença realmente dói muito mais do que uma discussão - a garota havia decidido que o melhor a ser feito seria aprender a viver a vida sem a expectativa de um romance eminente. Não seria fácil, visto que ela passou grande parte de sua existência sendo nutrida por comédias românticas, mas ela não se sentia mais incompleta por estar sozinha. Encontraria alguém que somaria experiências, e não que suprisse necessidades.
O fato é que sua grande teoria sobre o momento de virada dos filmes também não foi uma mão na roda em sua vida amorosa. Quer dizer, aprender a ser sincera fez muito bem a Lisa, e acertou todas as demais pontas soltas. No entanto, querendo ou não, o garoto fugiu como vampiros fogem de água benta. E não, ela não iria pensar no fato de que Edward Cullen nunca a ignoraria dessa maneira, porque ela não faz mais esses tipos de comparação.
Tudo isso fez com que Lisa entendesse que a vida não é tão preto no branco como nas telas. No entanto, nenhuma paixonite literária consegue superar a emoção de viver um momento com alguém de carne e osso.
Mesmo que ela não tenha conhecido o amor de sua vida de maneira romântica nesse período, Elisa conseguiu reconhecer vários amores, que ela vinha menosprezando com o passar dos anos. Sua família, seus amigos e até ela mesma. Todos eles já estavam ali, ela só havia parado de observar.
E era nesse último relacionamento que a garota vinha focando.
Em si mesma.
De nada adiantava permanecer ignorando os sentimentos e os questionamentos internos. Essa alternativa não fazia com que as dores desaparecessem, mas deixava a vida anestesiada.
Ainda faltavam alguns minutos para a sessão ao ar livre começar, e Lisa já havia consumido mais da metade do pacote de pipoca. A pequena estava sentada em uma cadeira reclinável, enquanto pensava em como aquele passeio tinha tudo a ver com ela.
Vivenciar novas experiências sozinhas trazia uma sensação engraçada. Primeiro, porque há sempre aquela vontade de comentar o que estamos vivendo, mas não há ninguém ali para ouvir. Segundo, porque temos a tendência de ficar o tempo todo no celular, como se esperássemos por uma companhia, que nunca vai chegar. Terceiro, porque sentimos que as pessoas estão olhando para nós. Elisa podia sentir o olhar de todos em cima dela com seus pensamentos de pena.
