"Como assim tivemos um lance anônimo já no segundo dia?"
Elisa, ainda incrédula, dividia seus minutos em revirar os olhos em sinal de desaprovação, e agradecer aos céus pelas paixonites agudas que Felipe causava.
"Quero dizer, pelo amor de Deus! Como isso é possível?... Não, Dani, não estou querendo ser má agradecida... Eu sei, eu sei. E estou agradecendo! Mas se coloca no meu lugar? E se fosse o meu leilão? Eu morreria s-e-c-a! Ou melhor, eu teria que pagar para saírem comigo!".
Como boa admiradora de comédias românticas, a garota havia desenvolvido com o tempo uma grande vocação para o dramalhão.
No entanto, a rapidez com que o leilão trouxe um retorno era realmente estrondosa. As meninas se utilizaram da rede de fofoca do Colégio Santa Cecília que, mesmo após o término do colegial, continuava vivíssima, como elas puderam comprovar. Foi só Daniela comentar com Maria Julia - fofoqueira extremamente reconhecida na região – que ela recebeu o e-mail com a proposta. No começo, nem considerou clicar, imaginando tratar-se de um vírus, mas resolveu tentar a sorte mesmo assim. De acordo com o que a amiga havia explicado à Lisa, a anônima solicitou segredo por um mês e meio, ela assumiria a real identidade quando faltasse menos de duas semanas para a data de encontro.
"Okay, eu topo! É claro que eu topo, que outra escolha eu tenho?".
Bastou finalizar a ligação para Elisa notar o olhar direcionado de sua supervisora, desaprovando a atitude da garota. Me refiro ao telefonema, já que Iasmim não sabia do leilão, o que provavelmente causaria ainda mais reprovação - se é que isso é possível.
Nada na livraria era como Lisa imaginava. Ela não havia se candidatado para esse trabalho para aprender a ter disciplina, nem sequer lições de uma chefe que é provavelmente tem somente quatro anos a mais que ela. E não, definitivamente não foi pelo salário minúsculo que acabava em menos de onze dias. Graças a Deus, o seu vale transporte era depositado diretamente no Bilhete Único! Se ela recebesse o valor em sua conta bancária, precisaria vir trabalhar de bicicleta durante mais da metade do mês.
O real motivo pelo qual a morena escolheu esse emprego era bem mais óbvio: garotos. Quer melhor lugar para conhecer seu par perfeito do que em uma livraria? Só havia um pequeno problema... O mundo não é um filme de ficção adolescente. Durante os três meses em que ela trabalhou ali, a proporção de garotas solteiras procurando por um par perfeito versus o par realmente perfeito foi de quinhentos e noventa e dois para zero.
Sim, zero.
E Elisa sabia disso, pois ela fazia questão de verificar qualquer alma que passasse por aquelas portas. Bastava um leve balanço na direção do corredor de entrada, uma pequena mosca de fruta que fosse, e a menina levantava seu pescoço como um suricate na selva.
Quem foi que espalhou essa mentira?
Sério, por que a livraria seria um bom lugar para se conhecer um garoto?
Elisa não sabia dizer, por mais que doesse. Ela odiava assumir que um clichê não passava de uma mentira contada freneticamente, até se parecer com a realidade. Mas, nesse caso, ela tirou a prova e sua mãe estava certa: nada de garotos bonitos por ali.
Ainda havia uma lista de experiências que ela gostaria de testar e, com certeza, as demais não falhariam. A garota sabia disso.
"Assim como sabia que era especial o suficiente para não precisar se esforçar como todos os outros seres vivos do planeta?" Sua mãe perguntaria.
Sim, assim mesmo.
Ela não conseguia compreender porque a mãe insistia tanto em desmistificar todas as crenças que Elisa possuía. Parecia que existia um grande prazer por parte de sua progenitora em estourar todas as pequenas expectativas cor de rosa da filha.
Não havia rancor, só pena. Lisa não entendia como era possível viver em um mundo tão cinza e sem esperanças. Era se imaginar em todas as situações românticas dos filmes que faziam a garota se levantar da cama diariamente.
Um beijo na chuva, como em "O Diário de uma Paixão".
Amar tanto alguém que até o fato de elencar as dez coisas que você mais odeia na pessoa se torne uma carta de amor.
Ou conhecer uma artista extremamente famosa que ficará perdidamente apaixonada por você, como "Um lugar chamado Notting Hill". Ahá! Será que foi dai que saiu a mentira da livraria? William Thacker era realmente um ótimo partido.
Não importava qual, um deles teria que servir. E, com essa certeza em mente, ela continuava se esforçando. Levantava todos os dias com tempo suficiente para arrumar seu grande cabelo cacheado em um alto rabo de cavalo, passava um pouco de blush em suas bochechas já naturalmente rosadas, e adicionava um pouco de perfume no pescoço - um pouco mais para cima, mais para perto da orelha. Por que a gente sabe, em um abraço realmente especial, sempre haverá uma fungada delicada por aquela região, e ela não poderia ser pega desprevenida.
De todos os filmes românticos do mundo, havia somente um que só de ouvir o nome Elisa começava a ter pequenos piripaques de ansiedade: Nunca Fui Beijada. E não tem nada a ver com a atuação de Drew BarryMore.
O real motivo?
Bom, Elisa também nunca havia sido beijada.
Não há nada de clichê nessa situação.
Ela não era a garota de cachos esperando por uma escova para se sentir bonita. Elisa nunca precisou retirar o aparelho dos dentes para aumentar sua autoconfiança. Suas curvas muito proeminentes para uma estatura média para baixa nunca foram motivos para ela se cobrir, ao contrário! A garota se sentia muito melhor em um jeans justo de cintura alta do que a maior parte da população feminina de São Paulo.
Mas o clichê certo, digo, o rapaz certo nunca chegou. Lisa esperou, e esperou, e esperou, até que isso virou um problema. E agora, dentre todos os outros motivos que ela poderia alimentar para sentir-se mal consigo mesma, seu maior monstro era algo que ela havia criado: a síndrome do garoto perfeito.
Gente, como assim mais de 100 comentários no primeiro capítulo? :D
Estou encantada, estasida, entusiasmada e todos as outras palavras quem comecem com "E" (de Elisa, cof cof) que você puder imaginar. Sério, obrigada mesmo ❤️
E, enquanto a próxima sexta não chega, que tal dar uma olhada em meu outro livro de romance?
"A Garota da Capa" fala sobre a história de Elena (gente, qual meu problema com nomes que começam com E?), e como sua vida virou de cabeça para baixo quando ela conheceu Sean Hill, o cantor mais famoso do momento.
E eu já comentei sobre os dois fugindo dos paparazzi para a casa dela? E que ela é noiva de outro cara? E que a história já está completa aqui no Wattpad?Bom, se você quiser saber onde isso vai parar, é só copiar o link seguir:
https://my.w.tt/zol2RNkK30
Te espero lá! E aqui de novo, no nosso mesmo Batlocal, em nossa mesma Bathora (:
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Você Vai Conhecer o Amor da Sua Vida
Romantizm🎖 Eleita uma das Melhores Histórias de 2020 pelos Embaixadores do Wattpad. Elisa sofre de uma condição não muito grave e bastante comum na sociedade, chamada de Síndrome do Garoto Perfeito. Se você apresenta sintomas como: paixonite aguda por perso...