Capítulo 1

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" A paz que sinto é imensa, é algo tão maravilhoso que se fosse possível eu jamais sairia daqui.

O céu está em um azul brilhante magnífico, sem nenhum manchinha de nuvem, a grama a qual eu estou deitada é em um verde vivo, fazendo um lindo contraste com os dentes de leão branquinhos, o ar parece tão puro que sinto prazer em respirar.

- Aqui é magnífico não é?- olho para o lado e encaro os lindos olhos violetas de mamãe.

- Sim, sinto uma paz incrível- torno a encarar o céu, o leve sorriso que tenho em meus lábios vai se desmanchando aos poucos, assim que lembro-me em que realidade estou, apenas sonhando- sinto sua falta mamãe, não quero acordar, quero ficar com a senhora, acordada não sou feliz- ponho para fora, as lágrimas começavam a banhar o meu rosto ao lembrar-me da vida solitária que levo.

Mamãe levanta-se, senta-se e encara-me com aflição, eu sabia que ela odiava me ver assim. Sento-me ficando de frente para ela, suas mãos macias acariciam meu rosto e enxugam as lágrimas que insistem em cair.

- Não é sua hora ainda, hoje é para ser um dia feliz, minha pequena está completando 18 anos, uma bela idade não acha- assinto só para vê-la bem, pois minhas circunstâncias não me deixam alegre nem se quer com meu próprio aniversário- eu sei que está machucada minha criança, eu a vejo todos os dias, queria está aí cuidando de você, seu pai me decepcionou por deixa-la sofrer tanto- vejo a tristeza em seus olhos e aquilo faz doer ainda mais dentro de mim- mas não vamos pensar nisso agora, tenho que aproveitar esse pouco tempo com você- ela pega um dos dentes de leão e fecha os olhos- eu desejo que você venha encontrar a felicidade, que seja forte e corajosa- sopra com certa força, fazendo a flor se desmanchar pelo ar, quando a mesma abre os olhos me encara com um sorriso enorme- eu estou cuidando de você minha menina, confie em mim, as coisas vão melhorar- pela forma da sua fala, sei que o nosso tempo está acabando.

- Confio mais que a minha própria vida, a verei novamente?- pergunto com esperança de ter mais tempo com ela.

- Provavelmente sim minha querida, mas não sei quando, as ancestrais permitiram por ser seus dezoito anos, mas quando for a hora saberá- ela levanta-se e faço o mesmo, sua mão vai até o meu rosto segurando-o com delicadeza- estamos protegendo-a, seja forte minha Eleanor- aproxima seus lábios da minha testa, plantando um beijo ali, para em seguida sumir feito poeira, trazendo-me de volta minha realidade."

Abro os olhos, me deparando com o lustre artesanal do meu quarto, toda a tormenta dos meus dias voltam ao meus pensamentos.

Era pra ser um dia feliz não é? É meu aniversário, mas não dá, para mim é só mais um dia comum onde eu fico mais velha, só mais um dia sem o amor da minha mãe, ou do meu pai, que mesmo estando em vida, é como se não estivesse.

Lembro-me do sonho com mamãe e começo a chorar, preciso tanto dela aqui comigo, desde que ela se foi as coisas começaram a desandar, papai virou um alcoólatra, depois um viciado em trabalho, as pessoas que antes fingiam ser boas comigo, mostraram suas verdadeiras faces, desde que ela se foi, é raro eu dá um sorriso sincero.

A porta do meu quarto é aberta, enxugo meu rosto rapidamente e olho naquela direção, vejo Agnes me observando atentamente.

- Chorando novamente Eleanor?- cruza os braços e me desafia a responder, não teria nem como mentir para ela, meu rosto inchado entrega-me e ainda por cima, Agnes me conhecia demais para que eu consiga enganá-la.

Posso dizer que Ag, é uma das únicas pessoas que realmente se importa comigo e cuida de mim, ela sempre fôra minha babá, as vezes me sinto egoísta por não dá tanto valor a atenção e cuidados que ela tem para comigo, mas é que apesar de tudo, creio eu, que não dá para se comparar o amor que eu poderia ter do meu pai ou da minha mãe.

Destinada A Um AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora