Capítulo 42

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Minha cabeça lateja muito, parece que vai explodir a cada momento, meu corpo todo dói, o cheiro ao meu redor me faz sentir uma grande repulsa, é cheiro de podre, de esgoto, de coisa morta, meu estômago revira sem parar, causando-me fortes náuseas.

Abro meus olhos lentamente, eles estão extremamente pesados, olho para o teto feito de telha, cheio de teias de aranha, pela cor delas dá para vê quão velhas e sujas estão, minha cabeça pende para o lado, me deparo com paredes que deveriam ser brancas, porém, estão cheias de morfo e limo, a porta de madeira está toda furada de cupim. Percebo que estou deitada em um colchão velho, extremamente fino, posso sentir a dureza do chão.

Aos poucos os acontecimentos que aconteceram comigo retornam a minha mente, eu fui pega por ela, por Lamia, estou em risco, meu filho e eu. O pânico toma conta de mim, imediatamente levo a mão a minha barriga, sons de corrente soam, indicando que estou acorrentada ao chão, mas não me importo com isso agora, pois o alívio ao sentir minha barriga ainda enorme é reconfortante.

Tento me levantar e encontrar uma posição melhor, mas não foi fácil, o máximo que consegui foi ficar sentada, encostada na parede imunda, acaricio meu ventre e dou um leve aperto.

- Mexe para mamãe...por favor...- peço, com esperança dele está vivo após todo esforço e acontecimentos, para meu alívio sinto um forte chute- isso amor...vamos ficar bem...- falo com um riso em meio ao choro, quero ser forte, mas não consigo.

Olho para as correntes em meus pulsos e tornozelos, são antigas, grossas e pesadas, concentro em minha magia, foco nas correntes e tento quebrá-las, mas nada acontece, meus poderes estão bloqueados.

- Desista Eleanor- ergo meus olhos na direção onde a porta está, vejo Lamia encostada no batente, me olhando com um sorrisinho prepotente, ódio toma conta de mim, o único medo que sinto não é por mim, sim pelo meu filho, mas não quero demonstrar, não quero aparentar estar fraca, tenho que ser forte por ele- estão enfeitiçadas, não acha que eu ia vacilar após consegui o que tanto almejava não é?- debocha e se aproxima, ficando alguns centímetros de distância.

- Sua vadia, vou matá-la de uma forma bem torturante- falo entre dentes, mas a única coisa que recebo é um tapa na cara, fico chocada com a sua ação, essa maluca me bateu, mais um ponto para aumentar o meu ódio.

De repente ela segura o meu rosto com força, fazendo-me encarar o seu rosto, vejo maldade e ódio, um arrepio corre a minha espinha, talvez eu não devesse cutucar a fera com a vara curta, ainda mais estando em sua toca, onde estou em desvantagem.

- Olha aqui sua vadiazinha de quinta, estou cansada de você, só tem me dado trabalho, primeiro inventa de dá o rabo e destruir meu primeiro plano, mas tudo bem, aliás surgiu a criaturinha aí, um bebê é a criatura mais pura desse mundo, mas sabe quantos sacrifícios tive que fazer para ficar forte para pegar você? Muitos, sabe quantas mães ficaram sem seus filhos porque tive que sacrifica-los para ter pelo menos um pouco de poder? Muitas- olho para essa mulher com nojo, estou horrorizada.

A mulher a minha frente é um monstro, pior do que eu pensei, uma criatura sem coração, como alguém é capaz de matar uma criatura inocente para o seu próprio bem, como uma pessoa pode ser tão maligna, ela é um demônio.

Meu Deus, as mães, coitadas das mães, consigo imaginar a dor de cada uma delas, passar a gestação toda com expectativa, com o desejo de conhecer o rostinho do seu bebê e ele ser simplesmente tirado de você e ser morto, por motivos egoístas.

- VOCÊ É UM MONSTRO, UM DEMÔNIO, COMO PODE FAZER ISSO? SÃO APENAS BEBÊS, SUA COISA DIABÓLICA- perco o meu controle, minha dor pelas outras mães e o ódio pela mulher a minha frente, se estivesse ao meu alcance já teria estourado a cabeça dessa mulher.

Destinada A Um AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora