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- Aaaaahh. - murmuro impaciente. - Olivia, diz para esse chato que eu não quero ir. - abraço o pequeno corpo de minha sobrinha, que está sentada em meu colo.

Ela me encara com aqueles olhos grandes e claros, em um tom de verde escuro, do qual puxou do pai, David. Depois encara Vitão, que estava sentado no sofá à minha frente e sorri.

- Aaaaa. - grita batendo os pés.

- Viu? Ela não quer que eu vá. - sorrio.

- Na verdade, acho que é ao contrário, Dayane. - mamãe aparece falando.

- Isso, ela quer que você vá também. - Victor fala. - Não é Olivia?

- Bababa aaaaa.

- Tia, você é tudo! - Thay aparece na porta da cozinha, comendo um cookie de chocolate que minha mãe havia feito hoje mais cedo. - Perfeita!

- Você não cansa de comer não? - pergunto.

- Não! - responde sorrindo. - E você? não vai se arrumar?

- Eu já falei que não vou. - Olivia acha o colar que está em meu pescoço e o puxa para ela. - Não faz isso, Oli, machuca a titia. - tiro sua mãozinha cuidadosamente de lá e ela sorri para mim.

Perfeita!

Fernanda havia chegado de New Cumberland ontem à noite, junto de David, seu marido, e Olivia, a filha dela. Ontem foi a primeira vez que eu e meus pais vimos Olivia. Quando ela nasceu, Fernanda já havia ido morar com o marido na cidade natal dele, o que resultou em Olivia nascer por lá mesmo, e só agora minha irmã pôde vir até nós. Agora a pequena da família está com seis meses. Muito tempo não?

- O que é isso? - Vitão pergunta pegando o cookie da mão da namorada. - Eu quero!

- Ei, esse era para mim. - Thay reclama. - Vai pegar um para você na cozinha seu morto de fome.

- Para um relacionamento fluir bem, ambos devem dividir as coisas, Thaylise.

- Não a comida. - responde. - E quem foi que disse isso? Nunca tinha ouvido.

- Eu! - ri e sai em direção a cozinha, mas não antes de falar: - Quando eu voltar quero você pronta, Dayane. Se não, te levo pelos cabelos. - Agressivo.

- Você está um chato hoje!

Reviro os olhos para ele e mando língua em seguida, mesmo que Victor não consiga ver. Levanto do sofá com Olivia ainda em meu colo, mas paro desesperada quando a mesma começa a chorar.

- Viu? Ela não quer que eu vá. - insisto nisso de novo, balançando ela desesperada. - Oh, meu amor, para de chorar vai? A titia fica aqui com você.

Eu certamente não sei lidar com crianças chorando.

- Não se iluda, irmã. - Fê aparece pegando Olivia do meu colo. - É apenas a fralda dela que está suja.

Bem que eu estava sentindo um cheirinho ruim.

- Nem para você cooperar e ajudar a tia, né Olivia?

- Vai logo, Dayane.

Reviro os olhos novamente e vou em direção as escadas.

- Precisa de ajuda para subir? - mamãe pergunta.

- Não, eu consigo sozinha!

Dito isso, eu subo as escadas, só não saio pisando forte igual os personagens dos filmes dramaticos por causa do maldito do gesso e da bota que eu estou usando. Graças à essa bota eu consigo andar "normalmente", as muletas eu só uso fora de casa por puro medo de cair no meio de todo mundo, dentro de casa eu só fico com a bota mesmo. Ela virou um assessório inseparável.

Nova tendência em Paris!

Qual a necessidade de me obrigar a sair? É sábado, melhor dia para ficar de preguiça, deitada, comendo besteira e fazendo maratona de série. Tem coisa melhor? Não, não tem!

Minutos depois, eu desço as escadas vestindo um short jeans, uma blusa larga da cor cinza, um chinelo xadrez e minha inseparável touca. Miami estava quente, muito quente, mas isso não é nenhuma novidade, já que na maior parte do ano ela fica assim.

Mais alguns minutos depois, eu, Vitão e Thay já estávamos dentro do carro do cacheado. No rádio tocava uma música baixinha, reconheci a voz como a do Shawn Mendes, só não reconheci qual era a música e nem estou muito interessada em descobrir. Sem paciência hoje!

Thaylise está sentada no banco da frente, com a cabeça encostada no banco e mexendo no celular enquanto cantarola baixinho a música. Vitão também canta ela baixinho, enquanto está focado na estrada e batuca os dedos no volante no ritmo da melodia. Eu, bom, estou com cara de tédio enquanto observo os dois.

- Aiai, que saudade da minha cama. - suspiro dramaticamente. - Ela deve estar tão fresca e fofa, do jeito que eu gosto. Os travesseiros devem estar tão fofos também, e o lençol então...

- Dramática nem um pouco. - fala Thay. Vitão apenas ri negando com a cabeça.

- Que tédiooo. - exclamo pausadamente. - Ei, para onde estamos indo? - pergunto quando percebo que o caminho que Vitão pegou não dava para a casa do Bruno. - Não era para você ter virado naquela esquina ali não? - aponto para trás.

- Era... - Victor responde. - se nós fossemos direto para a casa do Bruno, mas como não vamos... - dá de ombros.

- Como assim não vamos direto para a casa do Bruno? - coloco minha cabeça entre os bancos da frente.

- Ele pediu para antes passarmos em um mercado para comprar bebida. - Thay responde por ele. - Na casa dele tem pouca, palavras dele.

- Esses jovens de hoje em dia não podem fazer a maior idade que já querem fazer tudo errado. - nego com a cabeça. - Crianças. - Thay me manda língua, me fazendo rir.

Eu gosto de irritar ela, Bruno e Carol por conta da idade dos três. Eles são os mais novos do grupo, quando nos conhecemos tinham apenas 17 anos, enquanto eu, Vitão e Álvaro tínhamos 18. Gosto de falar que eles são crianças, mesmo sabendo que a diferença de idade nossa é bem pouca. Mas quem liga? Eu não! Faço isso sempre principalmente com a Carol, ou fazia...

- Falou a idosa.

Depois disso ficamos calados o resto do caminho todo, até chegarmos no mercado e Vitão falar:

- Beleza, pode ir Dayane. - me estende algumas notas. O olho indignada.

- Por que não você ou a Thaylise?

- Porque não!

- "Porque não" não é resposta!

- E lá vamos nós... - Thay suspira e é ignorada.

- É sim, se eu quiser que seja vai ser. Então é!

- Não é!

- É, e vai logo, para de enrolar.

- Quer ficar sozinho com a Thay né safado? - sorrio maliciosa. - Dentro do carro Victor? Que feio.

- Cala a boca e vai logo, Dayane. - passa a mão no cabelo, os jogando para trás.

- Não posso, estou com a perna doente. - sorrio.

- Como se você não conseguisse andar né. - fala. - Você está com a bota, vai.

- Mas é ruim.

- Pelo o que eu percebi lá na sua casa, você andava normalmente, sem fazer nenhuma careta de dor.

- Você está um chato hoje sabia? Como pode, puta que pario. - me viro para Thay. - Está fazendo greve né?

- An... não? - responde corada.

- Ela não faz isso, não aguenta ficar sem esse corpinho gostoso aqui por muito tempo. - levanta a camisa, mostrando a barriga. Olho para aquilo com cara de nojo.

- Será que tem como vocês parar de discutir? - a loira falsa ralha. - Eu vou, okay? - pega o dinheiro da mão do namorado e desce do carro, batendo a porta. Olho para Vitão com o cenho franzido.

- Estressou. - sussurro rindo.

- Se ela fizer greve a culpa vai ser sua!


Ágape (2° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora