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- Não gostei nada disso! - a ruiva afirmou de cara feia, colocando um pedaço de panqueca na boca.

Carol estava sentada no chão, com as pernas cruzadas estilo índio, enquanto tomava seu café da manhã com Dayane. Ela havia acordado às oito, depois de escutar a voz barulhenta de Álvaro conversando com Day. Conversou um pouco com ele, mas logo o mesmo saiu e deixou as duas sozinhas.

Os pais de Carol haviam saído para o trabalho em pleno sábado e os irmãos dela também haviam saído com Amélia, foram levar a pequena para passear em um parque, deixando assim as duas sozinhas em casa.

Dayane riu.

- Amor, eu já expliquei que foi apenas uma batida.

- Isso aí é só desculpinha, eu sei! Já li vários livros e fanfics para saber isso. - fala emburrada.

- Baby. - colocou a caneca de café dela em cima da mesinha de centro e segurou o rosto da ruiva, impedindo-a de vira-lo. - É sério, eu bati em um ferro quando estava ajudando minha mãe a arrumar o porão lá de casa. Pode ligar para ela e perguntar se é verdade. - Carol a olhou com as sobrancelhas arqueadas.

Uma mancha roxa presente abaixo do pescoço de Dayane deixou Carol assim. Ela ainda não havia percebido a mancha oval que tinha no pescoço da namorada, estava preocupada em perceber outras coisas. Se é que vocês me entendem.

Day sabia da existência dela ali, só não se preocupara muito. Não se limitou a passar ao menos uma base ou pó para esconder a mancha. Não tinha o que temer. Ela era segura de si, e sabia o que aconteceu para aquilo estar ali. Foi realmente o que disse para Carol, havia batido, sem querer, em uma barra de ferro solta no dia que estava ajudando sua mãe a arrumar o porão.

Agora Carol está com raiva e se remoendo de ciúmes, pensando em altas possibilidades daquilo ter parado ali. Todas erradas, claro! Isso deixava Dayane triste e se perguntando o porquê de tanta desconfiança.

Ela dava motivos para Carol ficar assim?

Essa eu mesma respondo: Não, não dava!

Então para quê Carol fica com tanta insegurança e inventa teorias que ela sabe que no fundo não estão certas?

Veja bem o motivo:

A ruiva ficou por quase quatro meses "dormindo", enquanto Dayane estava aqui fora, totalmente entregue aos leões, nesse caso leoas. Carol se lembra muito bem da época libertina da namorada e de como era fácil para a mesma arrumar alguém para satisfaze-la, para não falar outra palavra. Não seria nem um pouco difícil ela fazer isso enquanto Carol dormia, assim pensava a mesma.

Ela podia ter muito bem saído para alguma balada dias antes dela acordar, ficado com alguém e essa pessoa foi lá e deixou aquela maldita marca no pescoço da morena. Sabia que todo mundo tinha seus desejos, e que precisavam supri-los, afinal, ela ficaria quase quatro meses sem ao menos beijar alguém?

Todos esses pensamentos idiotas de Carol a deixavam ainda mais emburrada, foi isso que a fez afastar Dayane dela e levantar do chão, pegando seu prato e caneca de cima da pequena mesa e seguir direto para a cozinha, sem falar nenhuma palavra.

- Sério que vai ficar assim por algo que você mesmo está criando na sua cabeça? - Day pergunta enquanto a segue.

- Quem me garante que é só coisas da minha cabeça? - coloca as coisas na pia bufando. - Quem Dayane?

- Eu, Caroline! - a morena já estava começando a se irritar com aquilo. Esperou meses até que Carol acordasse e quando acorda, quando finalmente acha que tudo está no lugar e bem, a ruiva vem com isso. - Acha mesmo que eu te trairia?

Carol ainda estava de costas para a porta da cozinha, que é onde Dayane estava no momento. Ela estava com as mãos apoiadas na pia, enquanto olhava para as poucas louças que havia ali, pensando na onde aquela conversa iria parar.

Não gostou nada da resposta que obteu via pensamento para essa pergunta!

- Não sei, trairia? - suspirou. - Você passar mais de três meses sem sequer beijar alguém é uma grande novidade para mim!

Dayane abriu a boca, completamente estupefata por ouvir aquilo. Ela acha mesmo que...?

- Sério isso? - sorriu sarcástica. - Você está mesmo insinuando que eu não consigo passar poucos meses sem beijar alguém? Está insinuando que eu te trai sem sequer ter provas para isso?

- Essa marca não apareceu no seu pescoço por acaso...

- EU JÁ EXPLIQUEI, CARALHO. - se estressa. - EU ESTAVA AJUDANDO MINHA MÃE À ARRUMAR A MERDA DO PORÃO E BATI NA PORRA DE UM FERRO SOLTO QUE TINHA LÁ.

- ISSO É CLICHÊ DE LIVROS! - se vira para encara-la, com o rosto totalmente vermelho. - ACHA MESMO QUE EU VOU ACREDITAR? É ISSO QUE OS PERSONAGENS FALAM QUANDO APARECE QUALQUER MARCA COMPROMETEDORA NO CORPO.

- EU NÃO SOU UM MALDITO PERSONAGEM, CAROLINE. EU SOU UM SER HUMANO VERDADEIRO! ISSO AQUI É A REALIDADE, NÃO A PORRA DE UMA FICÇÃO!

A casa, que antes estava com um clima coberto de paz e amor, agora estava tensa. Os olhos de Carol estavam começando a lacrimejar, e as lágrimas só não caíram porque a mesma está fazendo de tudo para segura-las.

Já Dayane está completamente irritada. Com ambas as mãos fechadas em punhos e com a cabeça quente, incapaz de ter uma conversa civilizada por agora.

- Vai embora, por favor! - a mais nova pede.

- Quer saber? Eu vou mesmo, melhor do que discutir ainda mais com você sobre algo completamente besta. - fala já saindo, subindo as escadas para pegar algumas coisas suas que estavam no quarto da ruiva.

- Você acha que isso é besta? - pergunta desacreditada, fazendo Dayane rir mais desacreditada ainda.

Ela estava seguindo a outra até o quarto.

- Claro que é! - fala enquanto suspende sua mochila no seu ombro, depois de ter recolhido tudo em um tempo record. - Besta e unicamente dessa sua cabeça oca!

Passa por ela rapidamente, saindo do quarto da mesma forma que entrou.

- Isso é...

- Olha... - Day para no pé da escada, depois de descer as mesmas, interrompendo-a. - Eu vou embora, você vai ficar aqui de repouso, como o médico mandou e só vai falar comigo novamente quanto tiver confiança na minha pessoa. Enquanto isso não acontece, por favor, se cuida!

E sai batendo a porta. Com isso, Carol enfim deixa as lágrimas caírem livremente.

Droga!


Ágape (2° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora