》31《

1.7K 181 99
                                    

Point Of View Dayane

Me recordo de uma vez que meu avô estava conversando comigo sobre um assunto espécifico: o amor.

Lembro-me de ele ter me perguntado se estava ou já havia estado apaixonada alguma vez. Minha resposta foi a mais obvia vinda da Dayane daquela época:

- "Claro que não, vovô, Deus me livre disso!"

Lembro que ele riu, balançou a cabeça em negação, olhou para minha avó, que estava sentada um pouco distante da gente e começou a falar com os olhos fixos nela.

- "Não diga isso, querida, o amor é uma dádiva, sortudo é aquele que o possui!" - falou daquele jeito que só gente velha fala.

Eu era nova, tinha em torno de quinze/desseseis anos de idade, estava no auge da minha juventude, tinha muito o que viver ainda e não ligava para o amor, pelo menos não quando não era direcionado para alguém da minha família. Gostava de sair para festas, mesmo não tendo a idade adequada para isso, pegar todas as garotas que se interessavam por mim. Enfim, eu era pegadora!

Eu nem era tão bonita assim, na verdade, era até feinha, não sei como conseguia pegar tanta gente.

Por culpa da minha pouca idade e mentalidade, eu não entendi e não ligava para o quê meu avô sempre me dizia.

- "Quando você se apaixonar por alguém, pode ter certeza que vai saber." - ele continuou. - "Vai sentir seu coração acelerar e ficar quentinho quando apenas ouvir o nome da pessoa, vai esperar anciosamente que chegue uma mensagem dela, e quando chegar, vai sorrir feito uma boba, mesmo que a mensagem não tenha nenhuma graça."

- "Isso não vai acontecer, vovô!"

- "Vai sim, Dayane, uma hora vai acontecer." - respondeu sorrindo, olhando agora para mim. - "Pode demorar dias, semanas, meses, ou até anos, mas vai acontecer, espere e verá. Na minha adolescência eu pensava assim também, todos da minha idade já tinham namorado com alguém; menos eu. Com desseseis anos eu nunca havia dado meu primeiro beijo, diferente de todos os meu amigos; nunca havia me apaixonado, nem sequer paquerado com alguém. Mas ai, em uma dia qualquer, a mulher mais bonita da cidade ao meu ver chegou em minha vida, e foi de imediato, meio que instantaneamente. Eu tinha a precisão de vê-la todos os dias, de ouvir sua voz, de ver seu sorriso..." - sorriu. - "Um dia isso vai acontecer com você também, e torço para não demorar muito."

Hoje eu entendo isso! Entendo o que é se sentir apaixonada!

- "Sua história de amor é incrivel, vovô. Chocante! Mas desista, não crie espectativas em algo que não vai acontecer."

- "Vocês jovens de hoje em dia são pesimistas demais." - fala. - "Você principalmente! Mas não posso falar nada; tem à quem puxar."

Desde que me conheço por gente meu avô é assim, um romântico incuravél. Ele sempre me contava sobre sua vida antes de conhecer minha avó, sempre me falava que eu sou como ele era e que um dia eu iria encontrar alguma garota especial, como ele encontrou minha avó.

Meu avô é um idoso bonitão! Os cabelos brancos e os oculos que o mesmo usa dá à ele um 'ar' de inteligente, coisa que realmente é. Ele e minha avô moram no interior de Miami, em uma fazenda onde ambos cultivam algumas coisas para consumo e criam animais. Eu gosto de ir para lá, é bom de vez enquanto sair do meio da poluição. Sentir o ar puro do interior. Mas faz bastante tempo que não vou, eles que vem para cá nos visitar.

Talvez quando Carol acordar eu a leve para passar um final de semana por lá. Ela já os conhece; se conheceram em uma das visitas deles. Meu avô quando ouviu da minha boca que ela é minha namorada sorrio para mim, como se disesse "eu te avisei, filha da mãe".

Okay, talvez não o "filha da mãe", mas com certeza ele queria falar "eu te avisei" naquela hora.

Eu duvidei por anos dele. Falei que nunca iria encontrar alguém para me apaixonar e que não queria isso. Que mentira a minha, Carol é a prova viva disso. Jovens falam e fazem besteira, certo? Hoje eu já não me vejo vivendo uma vida sem ela, pode até ser que nosso namoro não dure tanto quanto eu quero; mas eu vou aproveitar bem enquanto durar.

Deus queira que dure até o fim!

Vocês devem estar se perguntando porquê diabos eu, do nada, comecei a falar disso. Confesso que foi aleatorio, mas tudo tem um porquê...

Ou não, depende da coisa.

Mas o porquê de eu estar pensando mas conversas que tive com meu avô na minha adolescencia tem uma ligação com o porquê de eu estar assim com a Carol. O "assim" que eu digo é completamente apaixonda por ela.

Vovô sempre dizia que iria passar o resto da vida dele pedindo para Deus colocar uma garota em minha vida ( de forma romantica ) se assim fosse necessario. E a Carol apareceu do nada dando uma de stalker e me mandando mensagens anônimas e, como ela me disse, nessa época ela já gostava de mim. Me lembro de uma das mensagens que ela me mandou antes de eu descobrir tudo: "Deus quer que a gente fique junto, ele já me falou isso" foi exatamente assim que ela me mandou. E se, de alguma forma ela, meu avô e Deus tivessem um plano mirabolante para me fazer ficar apaixonada pela ruiva?

Beleza; eu posso estar meia louca de pensar nisso, é a saudade. Mas é uma possibilidade, né?

Ai vai e vocês falam que não, vou meter a bicuta em todo mundo que fizer isso!

Enfim, eu não sei o que aconteceu comigo hoje, estou muito aleatória desde que sai do hospital depois da mãe e dos irmãos de Carol chegarem, junto com a pequena Amélia, que aliás, me lembra muito Carol.

Agora eu estou deitada na minha cama, com o fone de ouvido ligado no último volume na minha playlist, olhando para o teto e pensando nas coisas. Do nada a música para no meio e começa a tocar outra, essa é do meu toque de celular. Pego meu celular de cima da minha barriga e vejo no visor que é Rose. Pego-o rapidamente, pensando que algo havia acontecido com Carol, e atendo.

- Alô?

- Ela acordou!



Ágape (2° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora