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Sabe quando você acorda com uma incrível sensação de que seu dia vai ser ótimo? Então, hoje eu acordei assim.

Levantei me sentindo leve, sorrindo para as paredes. Desci para a cozinha pulando os degraus de dois em dois, ainda com roupa de dormir, que consistia em apenas um blusão branco com o desenho de uma caveira preta e minhas meias xadrez. Já faziam algumas semanas que eu havia me livrado do gesso, e minha perna agora está novinha em folha, pronta para outra.

Mentira, Deus me livre de outra dessa!

Chegando na cozinha, encontrei minha família toda já na mesa, tomando café da manhã. Que momento mais lindo, ai que emoção!

- Bom dia, meus amores! - cumprimentei eles. - Como estão? Dormiram bem? Espero que sim!

Eles respondem normalmente, mas me olham com uma cara estranha. Dou de ombros e vou até Olivia, dando-lhe um beijo na bochecha e inalando seu cheirinho de bebê. Ela estava completamente suja de banana amassada. Fernanda começou a dar comida solida para ela, bom, não comida normal, tipo arroz, feijão, essas coisas, é mais frutas mesmo.

Olivia me olha, sorri, mostrando sua gengiva banguela com apenas um toquinho de dente, e estende uma mão cheia de banana em minha direção.

- Titia não quer, amor.

Me sento na mesa e tomo meu café normalmente, calada, enquanto ouvia eles conversando, de vez enquando entrava na conversa, comentando algo, mas na maioria do tempo ficava quieta mesmo.

- Vai sair para algum lugar hoje, Day? - minha mãe pergunta.

- Não sei. - coloco um pedaço de bolo em minha boca. - Por que?

- Pode me ajudar a arrumar algumas coisas no porão? Está tudo uma bagunça por lá!

- Por que Fernanda não ajuda também? - gruno preguiçosa.

- Vou ao mercado com o papai e Olivia. - sorri para mim, como se debochasse da minha cara. - E David vai resolver algumas coisas no banco.

Vê se pode uma coisa dessas? Já não se tem mais respeito por mim nessa casa.

Depois do café, cada um foi fazer sua tarefa. Meu pai, Fernanda e Olivia foram se arrumar e logo saíram para o mercado, David saiu logo em seguida. Eu fui até meu quarto, troquei de roupa, fui no banheiro fazer as coisas que se deve fazer pela manhã e depois desci para o porão encontrando minha mãe lá.

É sábado, dia oficial da faxina aqui em casa, segundo minha mãe. Ela é meio, hum, como posso dizer isso sem levar um tapa caso ela descubra? Doente por limpeza, é, é isso! Minha mãe não consegue ver nada sujo que quer limpar, nos fins de semana, que é quando ela não vai trabalhar, a mesma não para quieta. Acho que "doente por limpeza" não é bem a melhor forma de não levar uns tapas.

- Sério? - pergunto rindo quando vejo vejo dona Selma vestida com roupa de academia e com um negócio, que eu esqueci o nome, na testa. O que essa mulher tem na cabeça? - Vai para a academia, mãe?

- Para, Dayane. - joga um pano em mim. - Só gosto de estar no estilo para fazer limpeza.

- Bota estilo nisso.

O porão de casa tem um tamanho consideravelmente grande, mas não tanto. Aqui é o lugar onde colocamos todas as tralhas que não iriamos usar tão cedo, ou que não iriamos usar de jeito nenhum, mas ficamos com pena de jogar fora. É raro alguém limpar aqui, por isso sempre tudo está coberto de poeira. E, só para constar, só fica empoeirado porque minha mãe não vem muito aqui embaixo.

- Filha, lembra disto? - mamãe fala depois de um tempo. Me viro para ela, a vendo segurar uma boneca de pano velha. - Eu comprei para você quando tinha uns nove anos de idade e...

- E eu ignorei completamente ela? Eu lembro sim!

- Você preferiu brincar com bonecas de verdade. - se lamenta com um sorriso no rosto. - Falar em boneca de verdade; e Carol?

- Pelo o que eu sei, está do mesmo jeito ainda. - sorriu tristemente, colocando uma caixa no chão. - Acho que vou lá hoje à tarde.

Durante todo esse mês eu visitei Carol pelo menos três ou quatro vezes por semana. Ela continua na mesma, sem ter nenhuma reação, seja positiva ou negativa.

Eu estou com medo sabe? Medo de ela demorar para acordar, ou na pior das hipóteses, não acordar. Já vi várias histórias em que a pessoa ficou anos em coma, esse é meu medo. Tenho medo que ela fique anos desse jeito, não sei se aguentaria.

- Ela vai acordar logo, querida! - afirma. - Aquela menina é forte, tenho certeza que logo logo ela vai estar como antigamente, vindo quase todos os dias aqui em casa, te fazendo ir para a casa dela...

- Espero. - murmuro.

- E as seções com a doutora Evangeline?

Faz pouco mais de um mês que eu comecei a frequentar a psicologa e posso dizer que tive avanços. Consegui me "abrir" mais com Evangeline, e com o tempo a culpa foi sumindo. Com elas eu passei a lembrar mais dos momentos bons que passei com Carol, o que posso dizer que me ajudou muito.

- Estão indo bem! - respondo. - Acho que já nem preciso mais ir lá... - jogo indireta.

Vai que cola...( N/A: amoo kshsjsh )

- Aham, tente outra vez. - ri.

Não é que eu não goste de ir lá, é só que eu acho que já não preciso ir mais, mas minha mãe não entende isso.

Depois de mais algumas horas limpando aquele lugar, em meio à conversas; enfim terminamos. Dona Selma foi para a cozinha fazer comida, pois estavámos morrendo de fome, e eu fui para meu quarto tirar aquele suor todo de mim. Depois de tomar bonho, fui pegar meu celular pela primeira vez no dia.

Assim que o liguei, já que o mesmo havia desligado ontem à noite antes de eu colocar para carregar, começou a chegar várias mensagens, mas a que me chamou mais atenção foi a de Roseli, mãe de Carol.



Ágape (2° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora