Capítulo 17 - Maldito sonho

4.2K 340 33
                                    

Lauren Jauregui's Point of view.

-Como você pode não ter um pneu reserva, Lauren? É incrível como você não pensa em nada, se acha a invencível e acaba negligenciando coisas importantes. - Camila andava ao redor do carro para verificar o pneu que tinha sido danificado por algo que estava na estrada.

-O reserva era esse, não deu tempo de comprar outro. - Caminhei até ela.

A investigadora agora me olhava tentando pensar no que poderia ser feito.

-Vamos ter que andar. - Ela disse se levantando.

-Mas nem sabemos se existe algo aqui perto. - Falei me levantando também. - E vamos deixar meu carro aqui no meio do nada?

-Algum preço você tem que pagar. - Camila disse ao abrir a porta do carro para pegar uma blusa.

O dia estava nublado e era visível que em alguma parte do dia choveria. O chão era composto de um asfalto irregular cheio de buracos e com um pouco de terra.

Começamos a andar na estrada. Camila se negava a ficar ao meu lado, então andava mais rápido para que eu não pudesse alcançá-la.

[...]

-Você sabe quantos eu já matei? - Perguntei tentando puxar assunto.

-86. - Camila respondeu rapidamente.

-Sim... - Lauren falou chutando uma pedra que encontrara no chão. - Todos fizeram a mesma cara de medo.

Camila parou de andar e, após eu ter conseguido alcançá-la, ela se virou para fitar meus olhos.

-Mal posso esperar para ver seu rosto quando for presa. - Disse antes de continuar a andar.

Eu tinha me esquecido desse detalhe.

-Se eu for presa você vai me visitar todos os dias? - Perguntei tentando irritá-la.

-Acabou o assunto, Jauregui.

Camila não queria falar comigo e eu até entendia, pois também não conversaria com alguém que tivesse tido intenções de tirar a minha vida.

Continuamos andando até encontrar um hotel com aspecto abandonado, mas que ainda estava em funcionamento. Decidimos ficar no local para que pudéssemos descansar.

-O mesmo quarto com uma cama de casal? - O funcionário nos perguntou com uma caneta na mão direita e com um caderno embaixo.

-Sim. -Respondi.

-Não, Lauren! - Camila discordou de mim

-Sim. Você não gosta de dormir sozinha, lembra? - A memória de Cabello pedindo para dormir junto comigo tinha invadido minha cabeça.

Camila não tentou argumentar e logo pegamos a chave para depois andentrarmos o quarto que tínhamos alugado.

A investigadora se jogou na cama e, após eu ter feito o mesmo, ela se virou de lado para não precisar olhar para mim.

-Você sabe que vai ser um pouco impossível de me evitar estando nas mesmas quadro paredes que eu, não é? - Eu olhava para o teto acima de mim.

-Farei o possível. - Camila me respondeu com uma voz de sono, como se já estivesse a ponto de dormir.

Dormimos ali e apenas acordamos quando a noite já havia chegado.

-Camila, acorda... - Falei balançando seu braço. - Vamos, acorda.

-O que foi? - Camila perguntou sonolenta.

-Já dormimos muito, temos de pensar no que vamos fazer agora. - Jauregui disse se levantando da cama.

Camila se sentou na cama e me respondeu.

-Ok.

Ouvimos três batidas na porta e eu logo a abri. Era o funcionário que trabalhava no serviço de quarto nos trazendo o jantar.

Comemos e depois decidimos conversar sobre o que iríamos fazer.

-A gente pode continuar andando. - Camila falava sentada na beirada da cama.

-Sim, mas e meu carro? - Eu estava sentada em uma poltrona de frente para a mulher.

-Espero que você tenha autoestima para achar sua vida mais importante que um carro.

A detetive estava certa, tínhamos que focar em salvar nossas vidas antes de qualquer coisa.

[...]

Já era tarde e eu entrei no banheiro para tomar um banho antes de dormir. Camila estava lá fora tomando um ar.

Quando saí do banheiro apenas de calcinha e sutiã, me deparei com uma Camila me fitando intensamente. Levei aquilo como um sinal positivo de que todo o ódio que ela estava sentindo por mim ainda não tinha acabado com o sentimento que a levou me beijar no dia anterior.

Peguei uma camiseta maior que o meu tamanho e vesti, fingindo que não tinha percebido os olhares de Camila.

[...]

O relógio já marcava 05:47 e eu ainda estava acordada olhando para o teto. De repente, Camila começou a se contorcer ao meu lado, soltando gemidos baixos e chamando o meu nome com uma respiração pesada. Sem entender, tentei acordá-la, só me dando conta do que realmente tinha acontecido quando ela despertou e se assustou com meus olhos diante dos olhos dela.

-Você estava sonhando que estávamos... - Perguntei apontando para nós duas.

-Não, Lauren! Pelo amor de Deus... - A detetive negou enquanto saía enrolada da cama com um lençol cobrindo seu corpo.

-Eu não vou te julgar se você contar a verdade! - gritei para que ela ouvisse lá do banheiro.

Camila Cabello's Point of view.

Eu tinha sonhado que fazia coisas inapropriadas com Lauren Jauregui, a assassina que eu iria mandar para a cadeia daqui algumas horas. Agora eu me olhava no espelho com vergonha de encará-la de novo.

Aquilo não podia estar acontecendo, estar presa em um quarto de hotel com uma mulher que havia matado 86 pessoas era um pesadelo e nem era pelo fato de ela ser uma assassina.

Abri a porta do banheiro lentamente para encarar a realidade: Lauren sentada na cama e me olhando com um sorriso malicioso.

-Seria um prazer transformar seu sonho em realidade. - Disse a mulher ainda com aquele maldito sorriso no rosto.

-Não aconteceu nada. - Me virei de costas para ela com o fito de arrumar meus pertences para ir embora. - Levanta e vamos continuar a andar até encontrar uma cidade aqui perto.

Lauren fez o que eu disse e logo estávamos pagando o hotel para seguir aquela estrada desértica.

[...]

Após algumas horas de caminhada, Jauregui rompeu o silêncio para tentar tirar o resto da paciência que ainda me restava.

-Eu fiz um bom trabalho no seu sonho? - Voltou sua atenção para me fitar.

Respirei fundo e a ignorei.

Um dia ainda acreditei firmemente em sua ingenuidade, fui estúpida.

-Ok, eu não vou mais falar sobre isso. - Disse chutando uma pedra. - Mas se um dia quiser me contar sobre...

-Cala a boca, Lauren. - Falei impaciente.

-Ok, eu paro. - Respondeu com um sorriso.

Ela realmente não tocou mais no assunto e agora avistávamos, finalmente, uma cidade pequena, mas que seria útil para nos escondermos até que tudo fosse resolvido.






MEN OR MONSTERSOnde histórias criam vida. Descubra agora