Capítulo 20 - Fantasmas do passado

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Camila Cabello's Point of view.

Era outro dia, olhei para meu lado esquerdo e vi os raios solares passando pela janela transparente, quando olhei para o meu lado direito, vi Lauren dormindo calmamente ao meu lado.

Lauren havia passado a noite em meu apartamento por conta da periculosidade que o seu oferecia, visto que ainda estávamos sendo perseguidas por uma gangue, ou qualquer que seja a denominação que o tal Tom dá para seu grupo de assassinos.

Estranhamente, dormi bem naquela noite. Talvez isso tenha acontecido por conta dos últimos acontecimentos que esgotaram por completo minhas energias.

Me desvencilhei dos lençóis e levantei da cama em direção ao banheiro. Agora eu estava escovando os dentes e mirando a minha própria imagem no espelho.

-Que porra você faz agora, Camila? - Perguntei para mim mesma em um tom baixo de voz.

Eu estava perdida com aquela mulher dormindo em minha cama, ela era uma assassina.

Após ter terminado de escovar os dentes, molhei meu rosto desejando que a água me afogasse para não precisar tomar as decisões que eu precisava tomar e peguei uma toalha para secá-lo.

-Até que ponto vale a pena arriscar sua carreira por uma pessoa que queria te matar? - Continuei fazendo perguntas a mim mesma.

Abri a porta e saí do banheiro para encarar uma Lauren ainda dormindo em minha cama, ela estava linda com alguns raios solares batendo contra seu rosto e seus cabelos negros jogados sobre o travesseiro. Eu estava perdida e a ponto de ter um acidente vascular cerebral por conta dos meus pensamentos que pareciam entupir meus vasos sanguíneos.

Abri a enorme porta de vidro e fui até a varanda olhar o movimento de Nova York naquela manhã. Era uma manhã linda e as ruas da cidade estavam agitadas como de costume.

As pessoas que passavam pareciam estar cheias de preocupações assim como eu. Me pergunto se alguém já pensou em desistir do emprego ou de qualquer outra coisa para viver uma vida arriscada, mas isenta de responsabilidades e decisões difíceis a tomar.

Queria poder desistir de tudo e viver essa vida arriscada, talvez ser presa.

Inclinada no muro da varanda, imaginei como seria se eu me jogasse dali. Eu sentiria dor ou alívio por não ter de responder as perguntas que me rondavam naquele momento?

Em meio a tantas palavras que passavam como um flash em minha mente, voltei ao plano físico quando senti uma presença atrás de mim.

-Bom dia. - Lauren falou se aproximando para ficar ao meu lado.

Era a mulher que planejava me matar e agora estava quase me matando com a minha própria indecisão.

-Bom dia. - Respondi simples.

-Tudo bem hoje? - Disse virando para me encarar.

Lauren estava com seus olhos mais verdes e mais brilhantes que o normal, ou eu apenas estava vendo coisas que não condiziam com a realidade?

-Sim e com você? - Menti, jamais falaria que meu cérebro estava a ponto de explodir por sua culpa.

-Sim... - Disse rindo olhando para o chão. - Melhor do que nunca. - Olhou para mim ao proferir a última frase.

Ela passava por seu melhor momento, o que é um pouco contraditório em meio a tantos acontecimentos atormentadores.

Ri sem mostrar os dentes diante de sua última frase.

-Vou lá para dentro. - Lauren disse ao mesmo tempo em que colocou sua mão direita em meu ombro para sair da varanda.

Olhei para sua mão em meu ombro e parecia estar em câmera lenta. Virei para encarar a imagem da mulher deixando o local e jurei que cada passo durou mais segundos que o habitual e que seus cabelos enfrentavam uma dura batalha com o vento que batia naquela manhã.

Eu estava ferrada, o fato era esse.

Voltei a encarar as ruas para pensar no que iria fazer em seguida.

-Vou para a delegacia. - Disse momentos antes de entrar para o meu quarto.

Abri o guarda-roupas e escolhi uma calça jeans preta apertada e uma camisa social masculina branca que eu colocaria levemente para dentro da calça. Peguei um salto alto preto e vesti.

Olhei para frente após ter calçado os sapatos e me deparei com Lauren encostada na porta do banheiro me encarando com um sorriso no rosto.

-Nossa. - Falou quando viu que eu também a olhava. - Se você me matasse agora eu não me importaria.

Levantei da cama e sorri para ela antes de sair do quarto.

Fui até a cozinha pegar um café, peguei a chave do carro na mesa de centro e saí da casa.

Eu não sabia o que Lauren faria sozinha no meu apartamento enquanto eu estava fora.

Lauren Jauregui's Point of view.

Sons repetitivos costumavam me incomodar, mas agora eu simplesmente sentia uma satisfação em ouvir o barulho do salto alto de Camila tocando o chão.

Aquela mulher me fazia questionar coisas antes já certas em minha vida.

Resolvi sair também, mas não para trabalhar. Talvez eu desistisse da clínica, pois já tinha dinheiro o suficiente para sobreviver os próximos três anos.

A agência pagava muito bem por cada morte, entretanto era certo que eu tinha sido demitida depois de não ter cumprido com meu dever de matar a investigadora.

Peguei a chave do meu carro no bolso da minha calça jeans e saí do apartamento de Camila em direção ao estacionamento.

Cheguei no estacionamento e alpertei o botão da chave antes de o som característico ecoar pelo estacionamento.

Entrei no veículo e percebi a janela um pouco embaçada ou suja, não sei.

Notei letras leves escritas a dedo no vidro.

"Encontre-me no mesmo lugar em que tudo começou."

Eu conhecia aquela caligrafia, era a mesma dos bilhetes que eu recebia todas as manhãs juntos com um café da manhã.

Era a caligrafia de Lucy Vives, minha ex-namorada.

Mas como ela sabia que meu carro estava estacionado aqui? Como ela sabia que eu estava neste lugar?

O término com Lucy Vives foi pacífico, mas optamos por não manter contato. Ela foi minha única namorada e quem tanto me apoiou após a morte de Taylor.

Terminamos por minha causa, por ter ficado fria.

Eu conhecia Lucy desde a infância. Lembro de seus braços pequenos me abraçando depois de receber a notícia do acidente dos meus pais.

Enfrentamos muita coisa juntas e minha reação diante dela após tanto tempo era incerta, mas resolvi encontrá-la assim como o pedido.


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