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Henry Adams

Acabado, essa simples palavra me definia por completo.
O domingo havia sido extremamente bom até a hora que infelizmente tive que devolvê-los. As duas refeições que eles passaram comigo - café da manhã e almoço - foi feito em "Família", já podemos ser considerados uma família? Espero que sim.
Por mais cansado que eu estivesse agora, tudo havia valido a pena, cada risada de Katy e Mason fizeram valer minha exaustão hoje.
- Fim de semana agitado? - Evilyn pergunta com seu típico sorriso malicioso.
Se não fosse uma excelente funcionária eu já teria a demitido a muito tempo pelos seus comentários.
Segui rumo a pequena sala aonde eu passava grande parte das manhã ali, organizei os pedidos por data de entrega e enfim segui para a grande cozinha.
Com o Natal chegando as encomendas haviam triplicado, claro que isso era ótimo para a loja mas péssimo para os funcionários, já que tínhamos que trabalhar bem mais para atender todas as demandas.
- Vai me contar como foi o fim de semana ou irá continuar me ignorando?
A voz de Lydia foi como um choque, durante o fim de semana foram poucas as mensagens que havia enviado para ela, e sabia o quanto isso deixará a morena irritada por não receber notícias.
- O final de semana foi bom.
- Só isso? - me olhou indignada. - Henry Adams você passou o fim de semana todo com sua futura filha e não tem nada mais a dizer do que um simples "foi bom"?
- Quer que eu diga o que Ly? - comecei a abrir uma das massas que já havia sido feita.
- Como foi, o que você sentiu, qual foi a sensação?
A morena pega um dos bolos de chocolate e começa a enfeitar o mesmo.
- Foi legal, Katy é uma criança maravilhosa, é esperta e provavelmente irá se adaptar rapidamente em casa. Irei vê-la hoje à tarde. - Comecei a cortar a massa em formato de toucas natalinas - A propósito, Katy tem um irmão, Mason, e eu irei adotá-lo também.

Felizmente Lydia não havia tido tempo para surtar, já que precisei sair às pressas para outra confeitaria Adams, aonde um dos maiores pedidos daquela semana estava extremamente atrasado. Passei o resto do dia ajudando mais de quinze funcionários a terminarem o pedido. A parte boa é que terminamos, a parte ruim é que já se passava das 18h e o horário de visitação do orfanato já havia acabado.
Olhei para os doces na vitrine da loja, escolhi dois bolos e alguns docinhos e segui para o orfanato, mesmo que eu não pudesse vê-los queria que ambos soubesse que não me esqueci deles.
Fui recebido por Frank, o cozinheiro do orfanato. Ele me guiou até a sala se jantar aonde se encontrava todas as crianças, a maioria ainda jantava.
- Crianças, o senhor Adams trouxe doces para vocês.
Uma onda de gritos e risadas preencheu o ambiente, Frank logo pegou as caixas em minha mão e as levou para a cozinha, segui o mesmo e o ajudei a cortar o bolo, e distribuir para todos ali.
Enquanto estavam todos conversando alegremente e comendo, senti falta de Mason. Segui para o jardim atrás dele, e nem precisei procurar muito, lá estava ele, sentado em um pequeno banco entre duas árvores com um violão nas mãos.
- Sabe tocar?
- Apenas o básico.
- Por que está aqui, e não lá dentro com os outros?
- Precisava de ar puro, lá dentro chega a ser sufocante as vezes.
Observei o lugar aonde estávamos, ficava ainda mais bonito durante a noite.
- Pensei que viesse mais cedo, Katy ficou esperando o senhor.
- Tive alguns imprevistos na loja.
- Acontece sempre? Desculpa, não quis ser indelicado ou intrometido mas o senhor sabe, só estou preocupado com Katy.
- É raro as vezes que isto acontece, não tem com o que se preocupar Mason.
Sentei-me ao seu lado, tentei pensar em algum assunto interessante mas nada vinha, o silêncio não chegava a ser constrangedor mas nem de longe era agradável.
Mason começou a tocar o violão, e minutos depois a cantar. Não fazia ideia de qual era a música, mas sabia que ele tocava e cantava muito bem, tinha um talento incrível. Ao final da canção, aplaudi para o garoto.

- Você é incrível.

- Obrigado.

- Pensa em seguir no ramo da música?

- Não, não me iludo a este ponto.

- Iludir? Mason você é incrível.

Mason sorriu, pude ver um pingo de tristeza em seu olhar.

- Não quero ofendê-lo senhor Adams, mas vivemos em mundo muito diferentes, eu nunca conseguiria seguir por esse caminho, é incerto demais para mim e no momento, eu desejo apenas algo certeiro.

Não soube dizer se havia sido uma indireta ou não para mim, mas algo em meu íntimo dizia que sim. Sabia que silenciosamente Mason desejava um lar, desejava viver sua adolescia sem se preocupar com nada além da escola e os amigos.  

Doce criançaOnde histórias criam vida. Descubra agora