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Henry Adams

Para o alívio do meu corpo eu havia dormido, para meu próprio medo eu havia dormido. Eu tinha apenas trinta minutos para: fazer o jantar, arrumar a mesa do jantar, Katy e a mim mesmo.
Levantei da cama em um apenas um salto, dava para se ouvir o barulho de desenho na tv mas não me importei de olhar, corri para cozinha, o quanto antes começasse melhor.
- Precisa de ajuda aqui senhor Adams?
- Pode dar um banho nela Mason? Acho que consigo fazer tudo por aqui.
- Claro.
Ouvi suas vozes bem baixos como se fosse um fundo, logo a televisão foi desligada e Katy estava correndo pelo corredor.
Foquei no que eu estava fazendo, o pernil que eu já havia temperado apenas coloquei no forno, coloquei o arroz para ser feito na panela elétrica, e agora vinha minha especialidade: os doces. Primeiro fiz uma torta holandesa, e então um bolo - que eu iria decorar com glacê.
Quando finalmente coloquei a torta na geladeira e o bolo no forno, fui me arrumar, provável que aquele tenha sido o banho mais rápido da minha vida.
Katy estava sentada no sofá, seu vestido vermelho a deixava idêntica à uma boneca.
- Cadê o Mason?
- Foi toma banho.
- Ok. - Olhei para cozinha, me lembrando do bolo. - Me ajuda a decorar o bolo?
- Sim. - Sorriu, levantou-se rapidamente e correu para a cozinha.
Desenformei o bolo, preparei os glacês e coloquei um avental em Katy para não suja-la.
- O que quer desenhar aqui?
- Papai Noel.
Sorri, entreguei um dos sacos de confeiteiro para Katy e deixei a garotinha "desenhar" no bolo, para uma criança ela era boa.
Ajudei Katy em alguns detalhes mas de resto havia sido ela a fazer, a cara dele obviamente não era das melhores mas eu havia amado, o sorriso em seu rosto aqueceu meu coração.
Katy correu até Mason quando viu o mesmo no corredor.
- Eu fiz o papai Noel.
- Fez é?
- Fiz, oia.
Katy puxou Mason até a cozinha para lhe mostrar o bolo, o garoto segurou a risada quando viu.
- Ficou lindo Katy.
A garotinha sorriu e correu de volta para sala, voltando a assistir um dos desenhos que passava.
- Se vissem isso sua carreira como confeiteiro ia para o saco. - Debochou. - Já posso até ver as manchetes "filhos de um dos maiores confeiteiros do mundo são um desastre na cozinha".
Rimos, aquilo havia me atingido e muito. Filhos. Mason nunca havia dito algo assim, nem ao menos feito alguma brincadeira comigo.
Naquele momento eu me senti completo, era como se tivesse achado algo que eu procurava fazia tempo, mas como tudo que é bom dura pouco o interfone tocou, o furacão Lydia havia chegado.

Doce criançaOnde histórias criam vida. Descubra agora