Doce criança

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Henry Adams

Desliguei a última boca do fogão, abrindo a panela para admirar o belo macarrão que eu havia feito. Ok, eu não estava admirando a comida, estava apenas evitando olhar para Any atrás de mim, que fazia uma sobremesa com cheiro maravilhoso. Dividir a cozinha com ela era algo normal para mim, fazíamos isso na confeitaria.

- Papai. – A vozinha de Katy quebrou o silencio do cômodo, me virei para olhá-la, parando primeiro na figura maior, com os cabelos presos no coque e a tatuagem do pescoço a mostra. – Eu tô com fome pai.

- Então chame o Mason, e montem a mesa, a comida já está pronta.

A mais nova correu para fora da cozinha, gritando pelo irmão mais velho. Era impressionante o modo como eu amava todo aquele barulho, logo eu, que era viciado em lugares silenciosos. Any fechou a geladeira com uma força desnecessária, me chamando a atenção.

- Desculpa, não medi minha força.

- Você está bem?

- Sim. – Respondeu rapidamente, desviando o olhar para o fogão. – Vamos jantar.

Segui-a para fora da cozinha com a panela na mão, Mason e Katy haviam montado a mesa e já esperavam na mesma. Servi Katy, ajudando-a a comer sem fazer tanta bagunça. O silencio que se instalou entre nós não era desconfortável, exceto pelo nervosismo que Any emanava.

- Jantar estava ótimo, agora eu tenho que terminar alguns trabalhos escolares. – Mason se levantou da mesa, com um sorriso amigável no rosto. – Boa noite para vocês.

- A gente pode vê um filme?

- Claro princesa, que tal você já ir escolhendo qual iremos assistir?

Katy sorriu, agarrando novamente sua boneca e correndo para o sofá. Ajudei Any com a louça, no entanto, o silêncio estava me incomodando. Observei-a, estava nervosa. Suas mãos tremiam um pouco, a veia de seu pescoço estufada e o pequeno biquinho em seus lábios a denunciava.

- O que aconteceu?

- Nada.

- Você está com biquinho. – Apontei para meus lábios, fazendo-a desfazer rapidamente o seu. – O que aconteceu Any?

- É besteira minha.

Sentei-me sobre o balcão, conseguindo ver seu rosto sem dificuldade alguma enquanto ela terminava seu doce. Analisei seu belo rosto, odiava vê-la daquela maneira.

- Adoraria saber.

Any suspirou, deixando o que fazia de lado para amarrar o cabelo novamente. Fui um pouco mais rápido, puxei-a levemente, encaixando-a em meu corpo. Amarrei seu cabelo em um coque muito mal feito, eu estava aprendendo a fazer o mesmo com Katy.

- Estar com vocês é... – Suspirou, deixando a cabeça descansar em meu peito. – É como se fossemos uma família Henry, mas não somos, não que eu achei isso ruim, eu só... Não sei o que sinto em relação a isso.

Deixei o silêncio do cômodo tomar conta de nós, não poderia falar naquele momento ou acabaria saindo coisas demais. Descansei minha cabeça sobre seu ombro, inalando seu perfume maravilhoso. Deixei um leve selar sobre o local antes de me afastar de seu pescoço.

- Não é isso que incomoda você, se fosse já teria percebido a dias.

- Lydia.

- O que tem ela? – Franzi o cenho, Any se virou para mim, ainda encaixada entre minhas pernas.

- Estar com vocês é como se eu estivesse apunhalando-a nas costas, da pior maneira possível.

- Any...