Henry Adams
- Consigo sentir seu nervosismo do outro lado do cômodo – A voz de Lydia preencheu o local, me fazendo olhá-la. Ela estava diferente, os cabelos curtos, a pele bronzeada e uma nova tatuagem em seu braço.
- Você veio.
- Não perderia seu casamento.
- Obrigado.
Ela sorriu, se aproximando de mim. Suas mãos seguiram diretamente para minha gravata, arrumando-a da melhor maneira possível. Certo, eu sabia fazer aquilo sozinho, exceto naquele dia.
- Relaxe Henry, ela não vai fugir.
- Obrigado por me avisar Ly, estou muito mais calmo – ironizei, fazendo-a rir.
- O famoso Henry Adams com medo de ser deixado no altar, eu vivi para isso.
- Lydia!
- O que? É a mais pura verdade aqui.
- Não precisa zombar de mim.
- Desculpa, não está mais aqui quem falou – Sorriu. – Agora se me der licença, irei ver a noiva.
- Irá me abandonar?
- Irei garantir que ela não te abandone.
Rimos, enquanto ela se retirava do cômodo. Segui rumo a janela, observando o espaço que usaríamos para a cerimônia. Não seria algo luxuoso, optamos por algo mais casual e simples. Apenas os mais próximos de nós estariam presentes, o que já era suficiente.
- Sua filha está dando trabalho para se vestir.
- Lia está com ela?
- Tess assumiu o lugar de Lia, ela estava ficando doida com Katy.
- Também está nervoso? – Olhei rapidamente para Mason, vendo-o se aproximar de mim.
- Não sou eu que irá se casar aqui.
- Ainda.
Ele parou ao meu lado, observando o local junto a mim.
- Está com medo de Any fugir?
- Eu não sei, apenas estou nervoso.
- Vamos lá, irei fazer o seu papel agora – Suspirou. – O que está sentindo?
- Nervosismo, acabei de falar isso.
- O que seu eu interior diz a respeito disso?
- Ele está calado.
- Isso não ajudou muito.
- Eu sei – Suspirei. – Estou com medo de que isso seja um sinal, algo me dizendo que estou cometendo um erro, que não deveria estar fazendo isso.
- Apenas você saberá se está ou não cometendo um erro.
- Não quero magoá-la.
- Então não quer se casar?
- Não, não é isso, eu quero me casar, porém, estou com medo das coisas derem errado, não quero vê-la triste por atos meus... Eu amo aquela mulher, Mason, e não quero que nada a machuque.
- Então não a machuque, nos vemos no altar.
Aproveitei-me do cômodo vazio para jogar meu tempo fora com as redes sociais. Curti fotos daqueles que veria em alguns minutos e de pessoas que não via a anos, continuei nesse processo até me deparar com o perfil de Any. A mulher havia postado fotos nossas, desde quando havia nos conhecido até aquele momento, apenas aquele simples gesto me deixou com coragem o suficiente para sair daquele cômodo e iniciar aquele casamento.
- Mais calmo agora? – Lydia perguntou ao trombar comigo no corredor.
- Sim, Any já está pronta?
- Estava indo avisar você agora, ela já está pronta e completamente calma.
- Calma?
- É Romeu, apenas você está nervoso hoje.
Revirei os olhos, seguindo pelo corredor juntamente com Lydia. Saímos do hotel que estávamos, parando um pouco antes do tapete vermelho. Os convidados já se encontravam todos no jardim no local, alguns sentados, outros de pé tirando fotos e conversando com os demais.
- Podemos começar?
- Sim.
Lydia fez um breve sinal para os músicos, que logo começaram a tocar, fazendo todos se sentarem nos lugares. A mulher ao meu lado, enlaçou o braço com o meu, passando a caminhar junto a mim rumo ao altar. Não demorou muito para que Katy entrasse com uma cesta de flores, jogando por todo o tapete vermelho, até se juntar a nós sobre o altar.
Any veio logo em seguida, juntamente com Mason ao seu lado. Ambos caminhavam lentamente sobre o tapete vermelho, me deixando ainda mais ansioso para tê-la em meus braços. O vestido branco lhe caia muito bem, era justo no corpo e cheio de detalhes em rendas.
Ao chegarem ao altar, eu só sabia sorrir. Aquele certamente era um dos dias em que mais sorri em toda minha vida. Permaneci ao lado de Any, ouvindo atentamente cada palavra do juiz de paz, até a famosa troca de votos.
Olhar nos olhos dela e dizer todas aquelas promessas era algo que meu coração não estava preparado, principalmente após ver o brilho em seus olhos, era algo novo e que certamente havia me encantado ainda mais. Eu estava perdido naquela mulher, de uma maneira que nunca estive antes.
- Eu vos declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva.
Sorri, puxando-a para mim e selando nossos lábios. Um misto de emoções tomou conta de meu corpo, eu não saberia descrever o que sentia naquele momento, apenas que eu estava amando, era a única certeza de que eu tinha.
- Agora você é minha mamãe – Katy declarou ao correr até nós após o fim da cerimônia. O uso correto do 'r' era algo que ainda me deixava surpreso, tudo graças a nova escola da menina, que ajudou e muito nas pronuncias dela.
- Sim Katy, eu sou.
- Você vai morar em casa agora?
- Katy, assunto para outra hora, vamos deixar eles em paz hoje.
- Pai, a gente pode deixar o Mason aqui quando fomos embora? Não quero mais ele como irmão.
- Não fala assim com ele, Katy!
- Mas é verdade pai, Mason é um chato.
- Ei!
- Resolvemos isso em casa, hoje é meu dia de descanso.
Puxei levemente Any junto a mim, afastando-a dos meus filhos. A mulher ria da situação.
- Terá um grande problema quando voltarmos.
- Teremos.
- Não me coloque no meio, essa ainda é uma questão que apenas você resolverá.
- Irá me deixar sozinho nessa?
- Desculpa amor, mas sim.
- Acabamos de trocar votos lindos e você não os cumprirá?
Any riu, negando com a cabeça e capturando uma taça entregue por Lydia, que se juntou a nós após conversar com Mason e Katy.
- Parabéns casal, e boa sorte com aqueles dois.
- Obrigado Ly – Any sorriu, abraçando Lydia de lado.
- Se me derem licença, irei dançar um pouco.
Observamos a mulher se afastar e levar junto a si um primo de Any. Voltei-me para minha esposa, que sorria abertamente. Katy e Mason ainda fazia parte do meu campo de visão, e eu não poderia me sentir menos completo do que naquele momento.
- É agora que nosso felizes para sempre começa?
- Eu espero que sim.
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Doce criança
General FictionA vida de Henry Adams se transformou em um verdadeiro inferno depois que seus pais determinaram que ele deveria dar-lhes um herdeiro caso quisesse continuar comandando a empresa da família. Logo ele, um homem de 30 anos que não se importava com nada...