Mason McLaren
Corri por dois quarteirões inteiro, porém ainda não me sentia cansado. Estávamos ficando na Adams desde que a notifica do fechamento da confeitaria foi anunciado, Lia não os queria longe dela e lá estávamos nós. Parei por um instante, recuperando um pouco do ar.
Por não estar participando dos treinos ou praticando qualquer atividade física, eu me sentia ligado o tempo inteiro. Felizmente, Lia Adams permitiu que eu corresse pelo bairro em que morava, contanto que eu voltasse antes do jantar.
- Então agora você é um Adams.
Tentei focar na figura a minha frente, era menor que eu e tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo. Sorri ao reconhecer Tess, mas logo desfiz o sorriso.
- É, eu sou.
- Por que não me contou? Pensei que fossemos amigos Mason.
- Eu não consegui um bom momento para contar.
- Quando seria um bom momento para você?
- Tess, estávamos em um encontro.
- Exatamente Mason, você poderia ter contado sobre tudo para mim e sabe disso.
- Não achei palavras agradáveis para lhe dizer "Olha Tess, não nos vimos por anos pelo fato de que meus pais me colocaram em um orfanato e eu tenho uma irmã mais nova agora, no qual eu preciso proteger do mundo. Ah, e tem o Henry, um cara legal e que agora é meu pai adotivo"
O silencio tomou conta de nós, Tess se mantinha congelada no lugar. Respirei fundo, sentindo novamente meu corpo cheio de energia para gastar. Quantas voltas eu conseguiria dar antes que escurecesse de vez?
- Desculpa – Suspirou, suas mãos foram até a testa, limpando o suor que escorria de seu rosto – Estava tão focada em meu próprio mundinho que esqueci de pensar no que você passou, será que... Será que podemos recomeçar?
- Recomeçar?
- É, um novo encontro, o que me diz?
- Tenho que voltar antes do jantar, mas podemos andar um pouco.
- Prefiro correr.
Sorri, acompanhando seu ritmo sem muita dificuldade. Nos primeiros minutos ficamos em silencio, apenas aproveitando a companhia um do outro.
- Você tem uma irmã?
- Katy, ela é um doce de criança.
- Adoraria conhecê-la um dia.
- Quando quiser.
- Como foi recebido pela família Adams?
- Muito bem, me sinto em casa com eles.
- Você conseguiu Mason, achou seu lar.
Olhei-a, Tess tinha razão, eu havia conseguido. Desde criança eu desejava uma família que me fizesse me sentir em casa, como eu me sentia ao visitar Tess, e os Adams me proporcionaram isso. Foquei no ar adentrando meu corpo, eu amava aquela sensação.
- Acho que deveríamos recomeçar.
- Recomeçar? – Perguntou confusa, aos poucos paramos em frente a um mercadinho.
- Não somos mais as mesmas pessoas de antes, minha vida mudou e a sua também, não podemos agir como se nos conhecêssemos bem, conhecemos o que éramos, não o que somos.
- Então você propõe...?
- Que nos conhecemos de novo, você me conta seus gostos e lhe conto os meus, você me conta sobre seu passado e eu terei o prazer de ouvir todos os detalhes, mesmo já os conhecendo – Levei minha mão a sua bochecha – Eu quero recomeçar Tess, você é uma pessoa especial demais para mim e não quero estragar qualquer coisa que possamos ter por ir rápido demais.
- Sou Tess Wilson, é um prazer conhecê-lo – Sorriu – Você é...
- Mason Adams – Me surpreendi com o quão bom havia soado – Poderia me dar seu número senhorita Wilson, eu adoraria conhecê-la melhor.
- Por que não?
Sorri enquanto anotava o número de Tess, a garota estava realmente levando a sério a ideia. Conversamos o básico de quando se conhece alguém, e então o sol de pôs de vez.
- Está na sua hora.
- Quer que eu a acompanhe até em casa?
- Não será preciso, meu pai trabalha no mercado atrás de nós, vou embora com ele.
- Certo, nos vemos depois então.
- Até depois Mason.
Me aproximei de Tess, com a intenção de lhe dar um beijo na testa, no entanto, fui surpreendido com suas mãos em meu rosto, me puxando mais para baixo. Seus lábios tomaram os meus, e por instantes me vi perdido.
- É melhor você ir senhor Adams.
Acenou enquanto se afastava de mim, observei-a até que adentrasse o mercadinho e pus a correr novamente para a casa Adams, agora com um belo sorriso no rosto.
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Doce criança
General FictionA vida de Henry Adams se transformou em um verdadeiro inferno depois que seus pais determinaram que ele deveria dar-lhes um herdeiro caso quisesse continuar comandando a empresa da família. Logo ele, um homem de 30 anos que não se importava com nada...