Henry Adams
O furacão nominado de Mason adentrou o apartamento de repente, quebrando qualquer clima que havia se instalado entre mim e Any. Ainda não saberia dizer o que havia acontecido ali, mas com certeza era a primeira vez que eu a via com outros olhos.
- Com essa euforia toda devo presumir que foi um encontro terrível.
- Pega leve com ele Henry.
- Any! – Mason sorriu. – Que bom que está aqui.
Olhei-o, iria mesmo me trocar tão descaradamente assim? Bufei. Enchi a taça de vinho novamente, precisava urgentemente de mais bebida para terminar aquela noite.
- Não, o encontro não foi ruim.
- E o que você está fazendo aqui tão cedo?
- Tess precisou voltar cedo para casa.
- Ela disse o motivo? – Any perguntou, mordendo seu lábio inferior.
- Se está tentando insinuar que ela não gostou e estava tentando achar uma desculpa para ir embora, a resposta é não. – Sorriu.
- Tem certeza disso Mason? É seu primeiro encontro.
- Tess realmente precisou ir embora, seu pai ligou e pediu que voltasse mais cedo. – Sorriu. – Foi fantástico.
Virei uma boa quantidade de vinho de uma única vez, deixando Any conversar com Mason tranquilamente. Não tinha experiencia com encontros, nunca havia tido um para ser sincero.
- Vamos lá, conte-me como foi o seu fantástico encontro. – Any sorriu.
- Fomos em uma lanchonete, não me recordo o nome do lugar, foi escolha dela.
- Lanchonete? – Interrompo-o.
- Deixe-o contar Henry! – A garota me lançou um olhar mortal, me fazendo focar no meu vinho novamente.
- Foi escolha dela. – Seu tom se tornou inseguro.
- É um ótimo lugar.
- Disse a garota que teve encontro com Charles. – Disse sem pensar, o álcool já subia para minha cabeça.
- Ao menos eu tive um.
- Melhor não ter uma experiencia, do que ter um terrível.
Mason alternava o olhar entre mim e Any, a garota por sua vez me olhava irada. Levei o vinho a boca novamente, não poderia tentar me manter são naquele momento, era tarde demais para tal ato.
- Você é patético.
- Eu sei.
- Podemos voltar ao meu encontro?
- Claro querido, sobre o que vocês conversaram?
- Sobre tudo. Nossas famílias, escola, os anos que passamos separados. – Sorriu. – É normal se sentir tão... Feliz?
- É claro que é normal Mason. – Any sorriu.
Mason mantinha um sorriso aberto em seu rosto, ele com certeza acordaria com dores na bochecha de tanto sorrir. Any mantinha um sorriso mínimo em seu rosto, mas diferente do normal esse não chegou em seus olhos. Olhei-a atentamente, me sentindo culpado por tê-la feito lembrar de Charles.
- Eu vou me deitar, boa noite para vocês. – Mason se despediu rapidamente, sumindo pelo corredor em instantes.
O clima pareceu pesar entre nós. Deixei a taça sobre a mesinha de centro, precisava resolver o problema que eu havia criado. Virei-me para ela, tentando achar palavras para me desculpar.
- Desculpa. – Disse por fim, era simples, mas servia.
- Pelo o que?
- Por ter citado Charles, assunto proibido, eu sei.
- Está tudo bem.
Me incomodei em não poder ver seus olhos. Any era uma pessoa fácil de se ler, quando sua expressão facial não a denunciava, seus olhos o faziam. Mas naquele momento eu não consegui lê-la, estava virada para o lado, com seu cabelo caindo sobre seus olhos. Inconsequentemente levei minha mão até seus fios castanhos escuro, livrando-os de minha vista. Any me olhou, não havia o brilho em seus olhos, ao menos não do modo que eu estava acostumado, havia algo diferente ali, mas eu não soube ler.
Antes que eu pudesse formular alguma pergunta para Any, o interfone tocou, fazendo a mulher correr para atendê-lo. A pizza havia chegado, em um péssimo momento por sinal.
- Vou descer para pegar a pizza, não acabe com o vinho. – Sorriu.
Encarei a porta fechada do apartamento por alguns minutos, ainda tentando formular alguma pergunta descente para fazer a Any, mas nada bom vinha em minha mente. Levantei-me do sofá, caminhando até a porta de vidro que levava a sacada, encostei-me nela. A rua estava vazia, os poucos comércios próximos ali já se encontravam fechados.
- Algo interessante?
Assustei-me ao ouvir sua voz tão próxima de mim, quando ela havia voltado? Sua risada preencheu o silencio da sala.
- Não queria te assustar.
- Não me assustou. – Menti, fazendo-a revirar os olhos.
- Você não sabe mentir Henry.
- Estou com fome. – Mudei de assunto rapidamente.
- Espero que goste então.
Voltamos para o sofá. Any parecia mais alegre que antes, seus olhos voltaram ao brilho de sempre, e tudo em volta pareceu voltar ao normal. Suspirei cansado, havia perdido a oportunidade de saber o que se passava com a mulher.
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Doce criança
General FictionA vida de Henry Adams se transformou em um verdadeiro inferno depois que seus pais determinaram que ele deveria dar-lhes um herdeiro caso quisesse continuar comandando a empresa da família. Logo ele, um homem de 30 anos que não se importava com nada...