Henry Adams
"Vi minha mãe hoje", essa frase me atormentou pelo resto da noite, Mason não falou mais nada sobre sua mãe e eu não tive coragem de perguntar. Se a mãe deles entrasse na justiça para ganhar a guarda deles, eu perderia e naquela altura do campeonato eu havia me apegado demais a eles, e não estava pronto para dizer adeus.
Durante o café da manhã, Mason permaneceu calado, e assim seguiu pelo resto do dia. Eu estava odiando aquele silêncio – o que chegava a ser irônico para mim que sempre amou silêncio -, Katy permaneceu alheia a tudo o que acontecia, no fim da tarde levei a pequena para o parque e para minha surpresa Lydia estava lá. Não estava em clima para discutir com ela, e infelizmente já era tarde demais para correr dali.
- Não acredito que deixou eles sozinhos Henry, eles são seus filhos agora, são sua responsabilidade.
- Ly podemos deixar essa conversa para depois? Não estou com paciência agora.
- Não está com paciência?! Henry Adams você nunca muda mesmo, continua o mesmo irresponsável de sempre.
- O que queria ontem?
- Eu e Lincoln terminamos ontem.
- Por quê? O que aconteceu Ly?
- Ele me perguntou se eu realmente queria estar com ele, se eu estava sendo feliz com ele.
As lagrimas em seus olhos partiram meu coração, eu odiava ver Lydia chora, era como se enfiassem uma espada em meu peito. Puxei a mulher para um abraço, e ela desabou em lagrimas.
- Era isso que estava escondendo de nós?
- Henry eu amo você, infelizmente bem mais do que eu deveria.
Olhei surpreso para Lydia, nunca imaginaria algo assim dela. Lydia era como uma irmã para mim, nunca havia sentido nada por ela romanticamente.
- Ly...
Ficamos em silêncio, não havia mais nada para ser dito ali. Sem se despedir Lydia foi embora, fiquei mais um tempo lá observando Katy brincar e então voltei para casa. Durante o jantar Mason continuou calado, brinquei com Katy sozinha depois pois Mason se trancou no quarto, assim que coloquei Katy para dormir mandei mensagem para Charles, eu precisava falar com alguém sobre tudo que estava rolando, Charles chegou depois de trinta minutos, abrimos duas garrafas de vinho e ficamos no sofá.
- Sei que gosta da minha companhia, mas acredito que não me chamou aqui só para beber com alguém, o que aconteceu Adams?
- Mason encontrou a mãe deles ontem.
Dizer aquilo em voz alta doeu mais que tudo, tomei quase metade da garrafa de uma vez, a última coisa que eu queria agora era permanecer sóbrio.
- A mãe deles?
- É, eu nem se quê sei quem é a mãe deles.
- Por que isso está parecendo que não é a única coisa que tem para me falar?
- Lydia terminou o noivado, e se declarou para mim.
Agora em minha garrafa de vinho restava apenas mais um gole, enquanto à de Charles estava quase na metade ainda. Só de contar para alguém o que estava acontecendo tinha sido bom, mas eu ainda continuava sem saber o que fazer, infelizmente não poderia beber até meus problemas sumirem, já havia tentado antes e nunca funcionou.
- Já estava na hora da Foster falar para você. – Olhei-o surpreso, fazendo-o rir da minha cara. – Adams sua lerdeza me surpreende, Foster sempre olhou para você diferente, não era segredo para ninguém, e sobre o garoto ter visto a mãe, sabe se eles conversaram?
- Eu não sei Charles, não conversamos sobre isso, ele apenas me disse que havia visto ela, Renê nunca citou nada sobre a mãe deles. Droga Turner, aonde eu me meti?
Suspirei e virei a garrafa de vez, Charles deu alguns tapinhas em mim enquanto repetia "eu não sei Adams, eu não sei". Acabamos bebendo bem mais do que deveríamos, Charles dormiu em meu sofá e eu permaneci lá, bêbado e cheio de coisas na cabeça.
Peguei o notebook no quarto, abri o facebook e fui pesquisar sobre a mãe deles, mas só naquele instante que me dei conta que só sabia seu sobrenome. Voltei para meu quarto, procurei pelos papéis da adoção, procurei pelo nome dos pais, encontrando apenas o do pai: Robert McLaren.
Não me lembro em que momento eu dormi, apenas sei que dormi em cima dos papéis de adoção e do notebook, Charles ainda dormia em meu sofá e aparentemente Mason e Katy ainda dormiam em seus quartos. Tomei um banho gelado para tirar o cheiro de álcool que havia em mim, joguei fora todas as garrafas vazia e escondi as que ainda estavam cheias.
- Vou descontar do seu salário se chegar atrasado. – disse, jogando o casaco de Charles em cima dele mesmo.
- A culpa é inteiramente sua. – disse com a voz rouca. – Preciso de um café.
- Quem bebeu foi você, vou preparar o café.
- Ainda tem roupas minhas aqui? Eu preciso de um banho.
- Estão no armário do banheiro.
- Por que guarda minhas roupas no armário do banheiro?
- Não tinha mais aonde coloca-las, tem sorte de não terem parado no lixo.
Charles desapareceu pelo corredor, aproveitei para fazer o café, enquanto Charles não voltava arrumei a sala.
- Bom dia Heny. – Katy disse, ainda estava com seu pijama de unicórnios o que indicava que ela havia acordado agora.
- Bom dia Katy, está com fome?
- Sim. – Bocejou. – Queo leite.
A garotinha se deitou no sofá aonde minutos atrás Charles estava, liguei a televisão para ela e deixei em um desenho qualquer, fiz seu leite e lhe entreguei.
- Bom dia cachinhos dourados. – Charles disse assim que pisou na sala, Katy largou o leite e correu para abraça-lo.
- Bom dia Chales.
- Tá assistindo o que?
- Patulha canina, quê assisti comigo?
- Claro.
Charles pegou uma xicara de café e se sentou ao lado de Katy, Turner não conhece a palavra limites a muito tempo. Revirei os olhos com a atitude do meu amigo e voltei para à cozinha, passei a olhar os e-mail e mensagens que haviam chegado, nada além de trabalho.
- Desculpa por ter falado da minha mãe. – Mason disse, encostado no arco da cozinha. – Eu não deveria ter feito aquilo.
- Está tudo bem garoto, só não gostei que se afastou ontem, de resto está tudo bem.
- Desculpa por ontem.
- E a garota que você me falou? Conversou com ela?
- Ainda não, acredito que ela nem se lembre mais de mim.
- Duvido muito, mas não irá saber se não falar com ela.
- É, acho que irei fazer isso hoje.
- Ótimo, vou levar Katy para a confeitaria então, assim você não precisa se preocupar com a sua irmã.
- Obrigado Henry, vou para confeitaria de tarde então.
- Apenas tome cuidado garoto.
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Doce criança
General FictionA vida de Henry Adams se transformou em um verdadeiro inferno depois que seus pais determinaram que ele deveria dar-lhes um herdeiro caso quisesse continuar comandando a empresa da família. Logo ele, um homem de 30 anos que não se importava com nada...