Henry Adams
- Papai, a gente pode vê de novo? – Katy perguntou, sua voz de sono e olhos pesados me deram a confirmação que ela não duraria acordada por mais cinco minutos.
- Claro princesa. – Sorri, reiniciando o filme de animação que víamos.
Voltei a fazer cafuné em Katy, a mais nova se deitou em meu colo. Passei a brincar com o cabelo de Katy, que estavam mais interessantes que o filme na televisão, que Katy havia me feito assisti-lo mais de seis vezes em menos de uma semana. Uma onda forte de perfume adentrou a sala, me fazendo elevar o olhar atrás da causa do cheiro forte.
- O que aconteceu com o perfume?
- Nada, por quê?
- Consigo senti-lo daqui.
- Está muito ruim?
O nervosismo de Mason era tão notável como seu perfume. Olhei-o sem saber o que fazer ou dizer, não havia me preparado para aquele momento. Era o primeiro encontro de Mason, e eu não fazia ideia de como incentivá-lo.
- Não.
- Sim. – Katy respondeu.
- Está ruim Katy?
- Muito foite.
Prendi a risada na garganta ao ver seu nervosismo aumentar. "Pense em algo reconfortante, pense" passei a repetir mentalmente, atrás de uma luz para mim.
- Se a Katy não gostou, imagina a Tess.
- Acalme-se Mason, vai dar tudo certo. – Sorri. – Apenas seja você, e tudo dará certo.
- E se não der? E se ela detestar? Se eu falhar em algo?
- Pare de se preocupar, o que tiver que ser, será. – Suspirei, Any seria muito melhor que eu neste momento. – Apenas seja você Mason, e tudo dará certo.
- Mas e se...
- Chega! "E se" nada, Mason Adams! – Disse sem pensar, deixando-o surpreso. – Deixei dinheiro e a chave do apartamento sobre o balcão, aproveite sua noite Mason. – Sorri.
- Obrigado.
Observei o rapaz sair do apartamento. Minha fala voltou como um trovão em minha mente "Mason Adams", não havíamos conversado sobre aquilo ainda. Ambos eram meus filhos oficialmente, mas não tocamos no assunto sobrenome. A reação do rapaz não me deu nenhuma pista se ele havia achado ruim ou não, eu havia pisado na bola? Suspirei cansado.
- Está com fome Katy?
Olhei-a ao não obter respostas, a mesma, dormia tranquilamente em meu colo. Sorri ao vê-la dormir tão tranquilamente.
Levantei-me do sofá, pegando-a no colo e a levando para seu quarto. Fechei as cortinas do cômodo, deixando o ambiente ainda mais escuto. Cobri a garotinha antes de me retirar de seu quarto.
Estava com fome, mas sem Mason em casa e com Katy dormindo não via motivos para pedir algo ou cozinhar. Voltei para o sofá, desligando a televisão e pegando meu celular.
"Está ocupada? XxHenry"
"Não, o que você precisa? XxAny"
"A fim de um vinho? XxHenry"
"Mason saiu? XxAny"
"Sim, e Katy dormiu. XxHenry"
"A casa nunca ficou tão silenciosa. XxHenry"
"Pensei que gostasse do silêncio. XxAny"
"Eu também pensava, mas então, vinho? XxHenry"
"Claro. XxAny"
Segui para a cozinha, atrás de alguma coisa fácil de preparar e boa para comer. Achei alguns aperitivos na geladeira, arrumei-os sobre uma bandeja e os deixei sobre a mesinha de centro na sala, juntamente com duas taças e um vinho tinto. Any não tardou em chegar.
- Podemos pedir uma pizza? Estou faminta.
- Claro, você escolhe.
- E você paga?
- Se escolher um bom sabor, sim.
A mulher riu, deixando sua bolsa sobre o sofá. Sentemos lado a lado no sofá, Any olhava o cardápio pelo celular, enquanto eu enchia as taças.
- Como se sente com seu filho indo ao primeiro encontro?
- Estanho.
- Conte-me mais.
- Fico contente de estar pegando essa parte da vida dele, mas... – Mordi o lábio inferior.
- Mas... – Any incentivou.
- Me entristece saber que perdi tanto de sua vida. – Suspirei. – O de Katy nem tanto, irei pegar muitos momentos ainda, mas Mason...
- Não fique assim. – Sorriu. – Você está pegando o primeiro amor dele, e nos dois sabemos como o primeiro amor é marcante em nossas vidas. – Suspirou. – Você irá pegar a formatura dele, o momento mais importante da vida dele e as escolhas mais importantes também, estão por vim ainda. – Sorriu. – Você pode ter perdido os primeiros passos dele, a primeira palavra, mas em compensação terá outros primeiros momentos com ele.
- Já pensou em ser professora?
- Que tipo de pergunta é essa?
- Não sei, mas você tem cara de professora.
- Henry! – Riu. – Eu estava falando sério aqui, você ao menos ouviu algo que eu disse?
- Não.
- Mason consegue ser mais maduro que você.
- Eu o chamei de Mason Adams.
- E como ele reagiu?
A forma calma de Any me fez compará-la com Lydia, a segunda surtaria com tal acontecimento, mas Any estava calma.
- Eu não sei, não consegui achar nenhum traço em seu rosto.
- Vocês ainda não conversaram sobre isso, não é?
- Não, não conversamos.
- Você quer seu sobrenome com eles?
- Sim, eu adoraria.
- Então deveria falar com eles, não acho que será uma conversa difícil, você apenas precisa deixar claro que a vontade deles será feita nesse assunto.
- Estou com medo de que Mason se sinta pressionado por conta do que eu disse essa noite.
- Mason tem opiniões forte Henry, e não aceitará seu sobrenome se não quiser.
- Mas, e você? Já arrumou suas coisas para essa semana?
- Queria falar sobre isso. – Suspirou. – Não posso abandonar o senhor miau por uma semana Henry, e muito menos pagar para cuidarem dele.
- Se ele não destruir a casa, não vejo problema em recebê-lo aqui também.
- Estou pensando realmente que você me quer aqui, custe o que custar.
- Talvez eu queira mesmo.
Havia sido dois comentários simples e banais, que não passariam de uma simples brincadeira se não tivéssemos nos encarados. O mel de seus olhos me prendeu, eu me vi perdido em seu olhar pela primeira vez.
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Doce criança
General FictionA vida de Henry Adams se transformou em um verdadeiro inferno depois que seus pais determinaram que ele deveria dar-lhes um herdeiro caso quisesse continuar comandando a empresa da família. Logo ele, um homem de 30 anos que não se importava com nada...