A flor de gelo

A Sacerdotisa de uma Deusa Esquecida

Prólogo

– Yagura – niisan – A menina chamou – Porque eu tenho que fazer isso?

O Jovem olhou para a irmã mais nova. Ela tinha apenas quatro anos e já estava sendo treinada a algum tempo para um futuro que talvez colocaria fim a sua vida. Ele poderia realmente cobrar que ela fizesse aquilo somente porque a lenda da família exigia que ela fizesse? Uma lenda que o próprio Yagura não tinha nenhuma prova se era real, a exceção do monstro dentro de si que clamava que sim?

Ele se aproximou dela e passou os dedos pelo cabelo da irmã. A franja delicada sobre os grandes olhos azuis escuros de afastaram para que ele pudesse observar as enormes orbes com mais clareza. Yagura tinha uma doença que fazia com que seu corpo aparentasse a idade de uma criança, claro que haviam outros segredos ali, mas então ele não era muito mais alto que a menina.

Havia inocência na expressão de Kaya. Parecia impossível dado a tudo que aquela pena já vira, ao que ela já tinha noção que enfrentaria, mas a inocência permeava os lindos olhos da irmã dele. Era uma criança linda, de fato, e seria uma visão etérea quando crescesse para se tornar o que Yagura a treinava para ser.

- Kaya, algumas coisas que fazemos podem parecer ruins as vezes, mas todas tem um propósito. O modo que dirijo nossa vila não é o mais bondoso, mas o necessário para sermos fortes. – Ele olhou pela janela do cômodo e depois encarou os olhos azuis da menina – A minha missão é saber fazer isso com a vila, a sua será manter o que eu e muitos outros fizemos. Garantir para que nosso esforço não tenha sido em vão.

- A lenda conta que essa mulher vai demorar ainda a voltar, mas também diz que a alma dela está comigo. – A menina murmurou confusa – Como isso é possível? Eu terei que matar alguém que também sou eu?

– Você não vai mata-la, Kaya. – Yagura se perguntou como explicaria para ela algo que nem ele entendia direito. – Seu dever é para-la.

– Para-la? – Ela franziu a testa confusa.

– Sim. Ela não pode ser morta e sela-la cabe a outras pessoas. Seu dever é garantir que essas pessoas consigam, para isso estamos preparando seu poder. Seus jutsos. – Ele tinha pena dela, mas mesmo que ela não tivesse aquele fardo como Sacerdotisa ela teria como ninja.

Sua irmã estaria condenada de qualquer jeito. Como Kunoich da névoa ou Sacerdotisa de uma Deusa esquecida.... Agora não tinha como ter a certeza que ela conseguiria sobreviver ao que ele a estava ensinando. Seu medo era estar condenando ela a uma morte cruel, não poderia conviver consigo mesmo se ele causasse a morte dela.

Se ele presenciasse a morte dela.

Yagura via a morte desde a terna infância, mas ver a de Kaya o partiria. Ele já chegará perto demais daquilo.

– Não se preocupe, Niisan. – Ela sorriu parecendo que tinha adivinhado os pensamentos dele – Eu vou conseguir. Vou preservar tudo que você fez. A vila e o mundo.