Hideo e Kaya eram visualmente parecidos com seus cabelos negros e peles absurdamente claras. Entretanto, os dois tinham outra coisa em comum. Um passado sombrio e marcado por dor, sangue e magoa. Eles andaram em direção ao centro da vila ainda em silencio, pelo horário ameno não tinha quase ninguém nas ruas ainda. Kirigakure era uma vila portuária, que vivia principalmente da pesca e de comercio artesanal. Isso, ao menos, os sustentava. Faziam poucos anos desde a nevoa sombria e isso refletia no povo, que era cauteloso nas ruas até então. O sol não brilhava muito ainda e uma nevoa planava em qualquer direção que olhasse. Era parte da defesa da vila.
— Eu fui criado para ser preconceituoso e malicioso. – Hideo começara quando acabaram numa arena de treino em Kiri, a primeira arena de treino deles. Tinha um enorme lago no centro e o chão coberto de pedras cinza chumbo e Kaya se sentou no degrau em volta do lago semiartificial. Ele já existia ali, mas fora cavado e modificado, além de feito chão em volta de tudo para que fosse uma arena da elite. – Vindo de uma família civil víamos os ninjas de Kekkei Genkai como monstros.
— Ainda mais os Koori, não é? – Kaya indagou revirando os olhos enquanto retirava os sapatos e subia a saia para que pudesse por os pés dentro do lago.
— Sim, principalmente vocês. – Kaya estava praticamente de costas para ele, então Hideo sentou – se ao lado dela e ficou olhando o chão de pedra enquanto prosseguia – E eu tive que matar. Tornei-me um assassino exatamente como vocês, que eu tanto julgava e temia. Tudo para ser um Shinobi. Em que era melhor? Isso me fez odiá-los. Principalmente você, Kaya. Sequer sabia usar seu Kekkei Genkai, mas mesmo assim já era uma kunoich poderosa e cruel. Nunca teve piedade, era tão sádica quanto Suigetsu e Mangetsu. Eu era cruel com você e com sua missão como sacerdotisa, mas tinha inveja na realidade.
— Inveja? – Kaya o interrompeu indignada, algo atípico dela. Não era má ouvinte, contudo a incredulidade tomava suas veias conforme ouvia o relato. Seus olhos azuis escuros fixos nele eram ultrajados. –A vila odiava a mim e a Suigetsu. Sou praticamente condenada a morte por ser o que sou. É patético que tivesse inveja disso.
— Era uma criança, Kaya, então não entendia de fato o fardo que era. – Hideo deu de ombros, mas seus olhos eram distantes. A garota se segurou a não dizer que eles nunca foram crianças. – Descontei toda minha frustração por ser fraco e cruel em vocês. Tinha inveja também por você ser irmã do Mizukage, por mais que eu tremesse de pavor do Yagura – sama sempre que pensava nele, mas você tinha privilégios. Tinha voz ativa. Era raro, mas quando falava era ouvida. E era a melhor em quase tudo. Mas um dia Yagura – sama morreu e Mei assumiu.
— Nosso time se separou. – Ela sussurrou para si mesma conforme as memórias voltaram – Eu passei a treinar e fui a Anbu. Não era mais uma ninja comum.
— Sim. E eu era apenas um Chuunin medíocre sem um time. Magetsu era um espadachim da névoa, Suigetsu ia pelo mesmo caminho. Eu estava sozinho. Então, a realização de que eu fora o culpado por todo o desastre que nosso time foi em questão de amizade e união e não podia fazer mais nada. Tinha acabado. E pior, Mangetsu morreu. – Ele suspirou pesadamente. – Eu até tentei procurar você ou Suigetsu, mas ele tinha virado um ninja revoltado depois da morte do irmão. Ia a missões quando queria, saia da vila quando queria, ficou pior do que já era. E você...
—Eu pedi a Mei que minha identidade jamais fosse divulgada em qualquer missão. Éramos apenas Anbus. Meus registros eram apenas para Jounin de Elite e mesmo assim apenas os de mais confiança. Eu ia do templo pra casa, de casa as missões. Era impossível me achar. – Kaya completou quando o silencio pendurou tempo demais para que se sentisse confortável.
– Sim. Então depois de tanto tempo ouvi uma noticia de você. – Hideo tinha certo humor na voz agora. – Tinha fugido da vila com um Nukenin do seu clã e com o Demônio Zabuza. As fofocas foram terríveis. Era a primeira noticia que tinha de você em tanto tempo e era fruto de uma fofoca, mas quando voltou pouco depois não ouvi mais nada de você. Confidencial, mas eu sabia que estava viva e em algum lugar na vila, então demorei anos em missões e treinos até ser levado a Jounin e quando fui fazia uma semana que estava desaparecida.
Hideo parara de falar. Talvez esperando que Kaya dissesse algo sobre o porquê sumira, mas a menina olhava o lado com um olhar sombrio, aquela parte do relato de Hideo lhe lembrara de Sasuke. O que ele estava fazendo? Quem chamara a seu time? Ainda estava no esconderijo de Orochimaru? Provável, Sasuke demorava dias para planejar qualquer coisa daquele nível. Pensava em cada detalhe minuciosamente.
Kaya sempre fora mais rápida em planos que ele, mesmo que fosse mais paciente... Sua personalidade exigente não combinava com sua paciência interminável para o momento certo de um plano, Sasuke reclamara diversas vezes. Era parte de ser quem ela era.
—E Então?
—Então... – Ele respondeu resignado a não ter a confiança dela – Eu fui a Jounin, Mei tinha acabado de se recuperar do desespero e ao descobrir o que houve fiz questão de ajudar nas buscas. O tempo passou e o conselho ficou sem esperança... Mas eu e Mei – sama prosseguimos com as buscas. Nunca ouvimos rumor algum. Era como se tivesse sumido do mapa.
—Isso quer dizer que você mudou? Que renegou tudo que foi criado para ser apenas por ter percebido que fez sua própria vida e de seu time um inferno por motivos mesquinhos? – Ela ergueu as sobrancelhas – Você não é assim, Hideo.
— Não era. – Retrucou – Vai por mim, Kaya... Eu...
Ele interrompeu a fala quando ela torceu o rosto e soltou um gemido dolorido enquanto segurava a base da barriga. Ele a segurou ou teria caído dentro do lago, Kaya cerrava os olhos e seus lábios estavam comprimidos numa linha fina. Palidez dominara seu rosto e uma camada de suor brotou, contudo sua pele estava gélida.
—Droga, isso dói.
— Kaya... O que está havendo? – Perguntou assustado.
— Não sei. Uma dor aguda e enjoada na base do meu tórax. Não tenho certeza. Foi repentino.– Ela respondeu confusamente, o rosto relaxando. Hideo certamente lembrava que ela não gostava de demonstrar dor. – Mas já passou. Eu preciso pensar sobre isso tudo, Hideo. Vou para casa.
Kaya se desvencilhou dele e se levantou para sair, mas quase não conseguiu se manter de pé conforme sua visão borrava e ela quase não conseguia se manter de pé. Hideo não foi rápido o suficiente para segura-la, pois ela retomou o próprio equilíbrio rapidamente.
—Não quer ir ao hospital, Kaya? – Hideo se levantara com todo o rosto torcido em preocupação. Ela negou com a cabeça e sumiu num sunshin.
Kaya sempre seria teimosa. Quando crianças ela costumava detestar ir ao medico por um simples mal estar, ela só ia se fosse de extrema necessidade e apenas com os médicos de confiança do Mizukage. De qualquer modo as coisas não haviam mudado muito. Ela continuava desconfiada e cautelosa, além de incrédula.
Seria difícil conquistar a confiança de Kaya, mas estava disposto a te – la de volta em sua vida.
Nota da autora: Sumi por cautela, mas parece que as coisas andam normal na plataforma. Enfim, eu vou concluir essa fanfic logo KKKKK Vamos de bateria de atualização? Perdoem o sumiço da autora, comentem suas teorias pro que vem pela fic e eu posto rapidinho ( Ainda esse fim de semana, que tal?)
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A flor de gelo
Fiksi PenggemarKoori Kaya é uma remanescente de um Clã esquecido e odiado, mas com poderes e habilidades cobiçadas. Orochimaru gosta de reunir pequenos monstros poderosos para estudo, então Kaya entra em seu radar. Sob o carcere de Orochimaru, mas tentando se man...