A flor de gelo

A decisão de Sasuke

Sasuke a observou com curiosidade. Kaya estava sentada numa mesa que colocara ali recentemente, tinha uma caneta na mão e olhava uma folha em branco a bons minutos. Sasuke já a vira fazer aquilo varias vezes durante aquele mês. O tempo passava muito rápido, ambos já tinham quinze anos. Faziam quase três anos ali, eles não sabiam ainda mas restava coisa de semanas a eles juntos.

— O que está fazendo? – Perguntou depois de algum tempo. Ela o olhou por cima do ombro e deu um pequeno sorriso.

– Acho que uma vez eu disse que cantava, não? – Perguntou e ele se lembrou vagamente de uma conversa meses antes, que ela lhe contou que Mei a incentivara a cantar. Assentiu e ela prosseguiu – Eu componho. E toco violão, mas parei com tudo isso a muitos anos.

– Por que parou? – Perguntou com curiosidade, mas torcia para que ela não mencionasse Haku. Sabia que o rapaz morrera a anos, todavia a importancia dele ao passado de Kaya o incomodava.

– Eu, Suigetsu, Heino e Mangetsu costumávamos cantar e os outros Gennins também. Éramos animados, suponho, já que tínhamos passado por muitos horrores para chegar ali e queríamos deixar as coisas mais belas. Um escape da escuridão, creio eu. Mangetsu me ensinou a tocar e eu ainda não era muito boa cantando, mas cantávamos juntos frequentemente. Heino também cantava. Depois que Yagura e que Mangetsu morreram nunca mais tive vontade de cantar, tocar ou compor novamente. – Ela explicou calmamente e um raio de surpresa o tomou por um instante: era raro ela falar da infância ou do sensei que morrera.

– E por que tentar agora novamente? – Perguntou calmamente. Queria compreender, pois não conhecia ninguém que tivesse alguma experiência com musica. Era interessante descobrir que Kaya gostava daquele tipo de coisa e que era algo tão importante para ela.

— Por sua causa. Eu parei por que não tinha motivos para compor. Mei me ensinou técnica vocal, mas nunca viu uma musica minha. Eu perdi todos que amava, então... Mas acho que hoje tenho de volta algum sentimento em mim para compor. – Ela sorriu de leve e se voltou para o papel, ainda pensativa.

Ele ficou em silencio olhando para os longos cabelos pretos dela. Uma parte sua agonizava para responder e isso o colocava em uma situação dificil... Sasuke precisava refinar seu ódio e fortalece-lo, mas Kaya só lhe ensinara a amar.

[...]

— O que houve? – Sasuke perguntou quando viu Orochimaru aparecer na porta. Ver Orochimaru longe de seu descanço fora do periodo das aulas era raro, por conta das intensas dores que o acometiam. A troca de corpo se aproximava, com certeza.

— Kabuto teve que sedar Kaya. – Ele disse com um tom indiferente, mas os olhos analiticos mediam sua reação. Pouco importartava. Sasuke saiu da cama rapidamente e cerrou os punhos com a expressão satisfeita de Orochimaru, pois correspondera a reação que o sennin desejara. Por que diabos Kabuto faria aquilo? – Ela ficou daquele modo novamente. Quase me atacou, por sorte Kabuto conseguiu lançar uma sebon com sedativo.

—Onde ela está? – Perguntou e Orochimaru indicou que os seguissem. Quando chegaram no cômodo viram que Kabuto a tinha amarrado com tiras de couro a um catre, o mesmo estava no canto parecendo um pouco perturbado. A raiva dentro dele explodiu rapidamente quando a viu daquele modo. Lançou um olhar furioso a Kabuto – Solte-a, a crise não vai retornar.

Kabuto olhou para Orochimaru que concordou com um gesto de cabeça, então ele a desamarrou. Kaya estava desacordada, seu cabelo caindo pela maca a fazia visualmente mais frágil e parecia gelada. Preocupação corroeu seu peito.

– Estou cogitando seriamente fazer com ela o mesmo que fiz ao Juugo, Sasuke. Kaya é incapaz de controlar esse poder. Seja o que ele for. – Orochimaru disse nas costas de Sasuke, que ficou tenso – Irei estudar ela e depois iremos poder tentar arrumar o que quer que seja isso.