RYSTTON HERGREELY: O Livro Lunar

Capítulo 6 - Mordida

- Tenho certeza que já estou bem, Henri vai me deixar em casa, não se preocupe - Anne boceja com os olhos inchados.

Os dois já estão de saída, minha mãe está na cozinha preparando o almoço, mas mesmo com tanta insistência, não será dessa vez que eles almoçarão aqui. Depois da noite de ontem eu e Henri dormimos na minha cama, não fizemos nada além dos beijos. Creio que Anne já queira falar sobre isso, ela quem nos acordou e estávamos abraços. Já sabe que rolou algo.

- Vou cuidar dela - Henri empurra de leve Anne para descer as escadas da varanda - Até depois - ele beija o topo na minha testa e sai.

Sei que estou vermelha, e por tal motivo que não quero olhar para minha mãe, coisa que não adianta nada.

- Eu vi isso aí, vocês estão...

- Descobrindo o que pode ter por trás disso - digo rápido fechando a porta e me apoiando nela.

- Sei - ela aponta a espátula para mim - Me faz um favor? Vá na biblioteca devolver alguns livros meus e pegar outros? - ela se volta para o fogão.

- Claro. Preciso fazer algumas pesquisas também.

- Ótimo.

Subo as escadas rápido. Me jogo na cama com um longo suspiro. Preciso me distrair, não posso ficar com Henri ou Anne agora, Susan e Susen ainda devem estar dormindo. Depois de longos momentos lendo o livro de Bastrol, só me resta ir a biblioteca e me perder por lá, vou fazer isso. Me arrumo como um short e camisa de manga comprida e cabelo e solto. Pego os livros que eu e minha mãe  precisamos devolver e uma lista dos que ela quer.

- Estou saindo, mãe - desço as escadas rápido - almoço quando voltar.

Lanço a mochila nas costas e sigo para o meu local de esquecimento.  Minhas botas são o único som pela rua, mais a frente já escuto as pessoas e os carros. Aceno para aqueles que me cumprimentam ao andar da caminhada, sorrio para todos. Entã minha alegria acaba quando vejo
Chellepi Wesnil vindo na minha direção, ela ainda não me viu, óbvio. Saia rosa, camiseta lilás, ela é a Barbie de cabelos castanhos que a maior parte das meninas inveja, ou que ela pensa que invejam. É com certeza a pessoa intocável aqui, ninguém ousa enfrentar. Isso me faz pensar na história que tanto ouvimos, a família fundadora deixou a chave na mão da família Wesnil, mas e se os gêmeos que voltaram realmente forem os verdadeiros herdeiros? Como Chellepi ficaria? Para ela seria uma humilhação. Não consigo nem imaginar como seria um doa maiores acontecimentos de Rystton.

Minha sorte se vai com minha felicidade quando ela percebe que a encaro. Droga. Seus olhos se reviram com o nojo que ela sente não só por mim, mas por todos que não a seguem. Ela lança o cabelo castanho por cima do ombro e faz uma cara na qual eu diria ser uma tentativa de "cara de modelo". Ela ajeita a postura e suas seguidoras a imitam.

- Rhouzana, - um leve cumprimento misturado com deboche pelo meu sobrenome.

- Wesnil - retribuo com o mesmo tom.

- Suas roupas estão...mais agradáveis que o normal, achou um brechó em conta? - ela ri, e as outras meninas também.

- Obrigada, acho que não. Sem tempo para uma puxa saco, então se me der licença - passo esbarrando pelo seu ombro.

- Olha como fala comigo - ela sussurra me puxando pelo braço antes que eu me afaste.

Os olhos dela são puro ódio, nunca descobri o que ela tem contra mim. Nunca dei motivos a ela e eu não tenho motivo pra rebater todo esse ódio, me sinto até mal por ela ser essa pessoa com apenas 16 anos. - todos temos 17 e vamos fazer 18, ela pulou um ano - Lembro que quando éramos pequenas, Wesnil teve um distúrbio fantástico, imaginava coisas e criava pessoas, dizia coisas sobre elas, talvez desde lá Chellepi tem lidado com seus problemas da sua própria forma, mas que não é saudável para ninguém.