Capítulo 7 - Campo

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Na escola com o beiço cortado por uma mordida de um maluco, foi difícil explicar para Anne que não tinha nada a ver com o Henri. "Noite pesada" disse ela, não quero nem rir, mas já rindo.

- Amiga, eu acredito em você. Mas como é possível? que cara louco, fica longe desse bicho - estamos no fim da terceira  aula, prontos para o intervalo.

- Eu sei. Não quero nem chegar perto - disse estressada com a lembrança.

Levo os dedos no lábio machucado, um fundo irreconhecível de mim desejou que ele fosse mais fundo. Não com os dentes, mas que ele não só brincasse, mas beijasse também. Ele me deixou com uma vontade violenta de ve- lo de novo. Mas não Merdith! Aquele cara é louco, além disso... Olho para Henri no meu lado, ele muito menos gostou dessa história que contei. O que aconteceu conosco naquele dia foi como um pedido para ficar? O beijo na testa confirma isso? Ainda não sei. Mas sem pensamentos estranhos pelo gêmeo sádico quando eu possivelmente estou me envolvendo com meu melhor amigo. Só preciso de sinais mais específicos.

- Está bem com isso? - ele toca minha mão.

- Sim. Não chegaria perto dele de novo - digo bufando.

Involuntariamente me lembro da bufada do gêmeo, os  cabelos ondulados foram soprados como um modelo. Hipnotizante.

- Certeza?

- Sim - sorrio para Henri e volto minha atenção para o professor.

- Liberados. Não esqueçam de continuar a leitura. Esse livro é muito importante para nós moradores de Rystton e para os estrangeiros que vinheram estudar aqui - a professora de cabelos curtos sorri e nos libera para o lanche.

Todos se levantam e sempre somos os últimos a sair da sala, Anne pega Shatt pela mão e saem primeiro. Ela me dá uma piscadela antes de ir pelo corredor. Sou surpreendida por Henri quando ele segura minha mão e seguimos os dois.

- Espero que não esteja com seu sanduíche horrível aí - brinco.

- Na verdade, eu esqueci mesmo - ele coça o pescoço nervoso - Mas isso quer dizer que posso trazer dois amanhã.

- Que nojo, Henri  - me afasto dele rindo.

Sinto o suor nas nossas mãos, desde quando ele fica nervoso assim perto de mim? Entrelaço meus dedos entre os dele e isso parece o acalmar. No lanche todos nós comíamos bem normais, até as gêmeas chegarem e quase surtarem quando contei como vi os gêmeos Fundadores. Sobre como a gêmea parecia alguém em um pedestal, ela não desceu dele em nenhum momento, e o quanto o gêmeo tinha parafusos a solto, sério, requintado, mas o que elas mais prestaram atenção foi no quanto destaquei sua beleza. Eles especialmente são tão bonitos que acho impossível ser real. De acordo com Susen, eu fui a única que teve esse contato com ele, elas não conseguiram nenhuma informação concretas dele, apenas especulações.

Como de costume, depois da aula volto para casa com Henri, conversamos um pouco mais sobre o ocorrido na biblioteca, ele parece querer saber todos os detalhes. Já estava ficando enjoada de relembrar aquela cena - mas a sensação boa que senti nunca vai passar. Acabei nem pegando os livros que queria, só o das estrelas, mas não quero voltar lá tão cedo.

- Te vejo amanhã, ok?! - chegou a hora da despedida.

- Ok, até amanhã - o abraço.

Ele passa a mão pelo meu rosto e dá  um beijo no topo da minha cabeça. Mas em vez de ir para casa, desvio caminho para um campo. Nunca mais tinha vindo aqui, a grama é alta, as flores são cheias de vida e algumas árvores formam sombras deliciosas. Me sento debaixo de uma delas, observo o céu nas cores de laranja, amarelo e rosa. Algo balançando longe do campo me chama atenção, mas colinas menores tem alguém com uma túnica branca. Meu coração acelera. Não pode ser. Não consigo controlar meu corpo quando ando até ele, preciso que ele diga qualquer coisa a respeito do que fez e do porquê.

RYSTTON HERGREELY: O Livro LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora