- Mer, tá escutando? - Henri me dar uma cotovelada.
- Desculpa..eu..não ouvi nada - suspiro - Hoje e vi um menino novo lá na biblioteca - digo baixo sem olha- lo.
As ruas já estão calmas e as fofocas diminuíram para 79%. Henri apenas concorda com a cabeça.
- Tu acha que é o que eu tô achando? - ele me encara com um sorriso de leve, suas pequenas covinhas ficam a mostra.
- Sim - lhe devolvo um sorriso singelo.
Não falamos nada. Andamos com as mãos no bolso em sintonia e esperamos quem seria o primeiro a falar. Nada de novo em um primeiro dia - fora o menino.
- Ok, até amanhã, Mer - Henri se despede e segue sua rota reta, eu viro a direta.
Quando chego em casa só há silêncio, encontro apenas um bilhete escrito "tem comida na geladeira, não esquece de comer. Saí para resolver problemas com a prefeitura". Certo, perfeito. Pego um dos biscoitos na mesa e coloco na boca. Subo as escadas apressada já com o telefone pronto para ligar para Anne. Somos como irmãs, sinto como se fosse uma obrigação contar para ela, além disso ela sempre sabe o que falar. Bom, quase sempre. Meu quarto é de variados tons de azul, quando entro vejo a parede na minha frente azul marinho, a porta branca se fecha na parede azul clara. Vou até a janela a esquerda da porta e a abro, a parede é azul oceano. A última é azul acinzado.
Digito os números e a ligação inicia. Chama, chama, chama, chama e chama até ela atender.
" Oi Mer! Qual a boa? "
"Tenho uma coisa pra te contar! Nada de especial, mas foi estranho então queria falar disso "
" Deixa eu adivinhar? Quer que eu vá aí? " sua risada me contagia, ela não se incomoda com meus pedidos e nem eu com os dela. Irmãs.
" Por favor" sorrio me jogando na cama.
"Não delira muito, já tô indo"
A ligação é encerrada. Isso parece tão sem noção, mas ele de alguma forma me pareceu familiar. Senti ele olhar no fundo de mim, no fundo de mim senti uma proximidade que nunca tivemos, pois nem nos conhecemos. Mas parece que...
Anne e Henri sempre foram os irmãos que eu nunca tive, sempre vivíamos na casa um do outro, fazendo bagunça, dando trabalho, correndo pelas florestas baixas. A cidade sempre foi bem segura, quando acontecia algo como homicídio, assaltos constantes, imediatamente o caso era solucionado. Eu e Anne nos conhecemos primeiro. Nossas mães são amigas, o que facilitou nossa convivência desde sempre. Nós conhecemos Henri a partir de seu nome estranho, ouvimos falar de um garoto novo que se chamava Henriksy e depois de muita conversa amigável, ele se misturou conosco, e preferimos chamar- lo de Henri.
Escuto passos pelos corredores. Mamãe deve ter chegado, mas o som são de botas. Minha mãe usa somente salto, não me diga que ...
- Já pode dizer - Anne abre a porta do quarto com força, joga suas botas marrom do lado da cama enquanto se deita aconchegada - Quem era o príncipe encantado?
Sua entrada me assusta. Paro e processo as palavras para falar. Ela invadiu minha casa.
- Você invadiu minha casa.
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RYSTTON HERGREELY: O Livro Lunar
Ficção Adolescente[CONCLUÍDO] Rystton Hergreely é uma cidade pequena e isolada das outras. Um lugar movido por suas lendas estranhas. Um dia, gêmeos aparecem causando agitação na população, vários boatos mortos revivem - e não é só os boatos. Merdith é uma garota ce...