Capítulo 14 - Mordida devolvida

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MERDITH

Os pássaros cantam mais alto hoje. Abro os olhos e me deparo com o teto decorado...estou na mansão dos fundadores; sim, havia esquecido. Uma respiração atrás de mim me assusta, me viro devagar e agora sinto o braço branquelo me abraçar por trás. Nathan. Como entrou aqui? Me viro completamente dando de cara com ele. O gêmeo dorme tranquilamente, o cabelo cai sobre o rosto perfeito, a respiração lenta. Meu coração se agita. A lembrança da sua boca na minha me invade, a sensação das mãos me apertando.

Sem perceber levo a mão ao seu rosto, ele faz um barulho baixo e me puxa mais para perto. Elevo um pouco sua cabeça e esse movimento o faz acordar. Os olhos castanhos se abrem devagar revelando um gêmeo preguiçoso e confuso, tanto quanto eu quando acordei. Ele me encara sem expressões complexas, apenas me encara...

As mãos na minha costa fazem um carinho preguiçoso e lento. Mas então me lembro de ontem para hoje, de como Nathan gostou de me ver sangrando. Doente. O empurro para fora da cama antes que ele possa reagir.

- Não encoste em mim! - falo alto.

- Não fiz nada com você - diz sério se levantando esfregando os olhos.

- Não me importo. Dormiu aqui comigo, Quem garante que não fez nada?!

- Eu garanto. E minha palavra basta, você  sabe disso - suas sobrancelhas franzem com raiva. Nathan vem até mim se movendo pelo colchão - Sabe disso, melhor que ninguém.

Sua mão pousa em meu queixo e me puxa para perto. Como uma cobra encantada eu deixo que me leve, deixo que me guie de novo, eu quero mais. O polegar brinca com meu lábio ferido, está mais curado; ele entra na minha boca e mordo de leve, não consigo tirar os olhos de Nathan. Algo em seus olhos me deixa concentrada só nele. Quero mais, me dê. Passo a língua pelos seu dedo.

Ele se afasta rápido e anda em direção a porta.

- Café da manhã em 15 minutos, esteja lá.

No sofá vejo uma caixa, a abro e dou de cara com um vestido básico colado, preto com laterais brancas. Me arrumo e saio do quarto, pelos corredores encontro as escadas que dão ao salão. Outra entrada me leva a uma mesa gigante de 16 lugares. Amélia sentada de um lado e Nathan de outro. Me sento bem no meio, estamos longe três cadeiras para cada lado.


- Espero que tenha dormindo bem, Mer - Amélia diz sem me olhar comendo sua torrada.

A raiva volta no mesmo instante. Melhor não dizer nada, vou ficar quieta e eles me deixarão ir embora. O café passa em silêncio. Nenhum comentário de Nathan, confesso que me surpreendi. Quando volto ao quarto, me assusto com Nathan sentado na cama, com as roupas de sempre.

- O que faz aqui?

- Moro aqui. Aqui é meu quarto - fico envergonhada.

Ele ri e anda até os livros.

- Creio que vasculhou por isso. Preciso de sua ajuda para achar um livro. Com você acharei 90% mais rápido do que planejava - Diz objetivo com as mãos deslizando pelos papéis, o olhar se volta a mim - Me ajuda? - simples e direto.

- Nem um "por favor"? - cruzo os braços e ele ri - Talvez ajude. Por que quer me trancafiar aqui? E por que comigo vai achar isso mais rápido?

RYSTTON HERGREELY: O Livro LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora