Capítulo 1 - Dia das Estrelas

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MERDITH

Olho para baixo, a altura é de se fazer alguém vomitar, mas o lago é fundo, não vou bater nas rochas.

- Pula logo, Merdith!

- Vai! Anda logo.

- Pula, pula.

Isso Merdith. Preciso pular logo. Ando para trás, puxo ar. Calma. Corro e pulo.
O frio sobe do estômago ate as mãos. Sinto elas suar por uns segundos, parecia estar em slon motion.

E finalmente escuto os gritos. Abro os olhos e consigo ver o azul da água. Nado ate a superfície e recupero o ar dos meus pulmões.

- Foi demais, gata - Anne diz pulando.

- Missão cumprida - digo rindo, nado até a margem.

Ando espremendo meu cabelo que vai ate o meio das costas. Sempre fazemos esse tipo de coisa juntos, mas eu nunca fui tão fã dessa adrenalina toda, sinto ela em mim a todo vapor. Me enrolo na toalha, pego minha mochila e corro para a cabana. Preciso ir, já são 17:30.  Já vai anoitecer.

- Mer, já tá indo?

- Tô. Preciso, cê sabe não é? Está tarde e vou andando hoje - digo me afastando mais.

Henriksy me olha desconfiado, me conhece. Meu melhor amigo desde sempre. Ele sempre me leva, mas hoje eu preferi ir pela floresta. Hoje aparece uma estrela incomum. Vejo ela desde os meus 5 anos, ela aparece uma vez no ano. É um marco especial para mim . É reconfortante, como se um lado vazio dentro mim se sentisse melhor. Minha mãe diz ser da minha avó, mas não é como ela, é como...

- Beleza. Vê se mantém o celular em mãos. Mer, toma cuidado! - me alerta.

- Conheço essa floresta como a palma da minha mão - o encaro calma, e ele com uma cara fechada - ok, a maioria.

- Estou falando sério! - ele se aproxima e coloca uma mecha molhada para atrás da orelha.

- Não se preocupa, Henri. Vai ficar com rugas e com cara de velho, dedo demais. Até amanhã - corro para o banheiro.

Antes de entrar vejo na parede uma foto antiga junto com outras. Uma menina de longos cabelos loiros e olhos verdes, eu; outra de cabelos pretos, franjinha e óculos, Anne; e no meio tem o garoto todo cheio de curativos, cabelo castanho claro e olhos em um mel queimado, Henri. Todos pirralinhos, melhores amigos.

No banheiro me apresso para vestir minha roupa seca. Short, regata, amarro o moletom na cintura e prendo o cabelo.

**********

Já está escuro. Vejo de longe alguns pontinhos se alinhando, vai começar. Arrumo o telescópio na posição certa e encaro a linda ligação de estrelas que sempre se alinham em cima da montanha do Leste, ninguém vai lá... quer dizer..espera.

Há pessoas subindo ali. Por que há pessoas ali? Lá é o lugar mais perigoso da cidade, Floresta inabitada. Observo eles andarem, vejo apenas traços. Há três pessoas.

Até que uma delas para, sinto medo. Um frio me deixa paralisada. Uma linha fina verde vem deles e fura meu telescópio.  Caio para trás com a explosão, tento conter as chamas na minha frente, isso pode espalhar para as florestas.

-  O que diabos foi isso?

Com sorte cubro meus olhos antes do raio explodir, poderia ficar cega. Veio daquelas pessoas? Claro que veio.

RYSTTON HERGREELY: O Livro LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora