Irmãos

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O GÊMEO

Acordo exausto. Turbulência, nem dormir está recuperando minha energia. Estou fraco, sinto minha força foi cortada em três pedaços. Um morreu, outro está morrendo e o último ainda está aqui.

Sento na cama e observo o quarto, estamos em um jato. Estamos a viagem para Rystton Hergreely, onde desconfiamos estar o Livro Lunar. Tiro a camisa branca e calça larga.

- Senhor, com licença - toques na porta chamam minha atenção - posso..

- Diz Balton, diga logo, não enrole! - começo a vestir minhas roupas: costumeiras, a calça social preta.

Para alguém normal de 18 anos, usar uma roupa social seria apenas em ocasiões especiais e específicas. Eu uso todo dia, me acostumei de certa forma, nos acostumamos com a vida de uma família rica e muitas obrigações em nossos ombros. Não sei se agradeço ou culpo aquele desgraçado filho de uma mãe, sei que minha irmã tem um ódio incompreensível por ele. Isso vem pelos abusos que sofríamos por ele sempre que algo dava errado, sempre pegou mais no meu pé e minha irmã nunca aceitou que eu fosse o mais maltratado, mas agora podemos nos virar sozinhos - na verdade poderíamos desde nossos 14 anos - eu e minha irmã amadurecendo muito rápido, foi preciso, não tivemos escolha.

- A Lady quer sua presença na cabine.

Enquanto balanço a cabeça em negação arrumo meu cabelo, está grande. Prefiro assim. Termino de vestir o colete cinza escuro sobre a blusa social preta e o tênis.

- Já estou a caminho.

A GÊMEA

Já estamos perto, por que houve problemas logo agora no pousso? Droga.

- Senhora! Não consigo coordenar os comandos! - Jash, o piloto não toma conta do recado.

Que droga! Estúpido incompetente.

- Sai do meio! - me intrometo e aperto os botões de comunicação - não funcionam, preciso usar minha...

- Irmã, qual o problema? - meu irmão me interrompe. Está elegante como sempre, assim como eu.

- Esquece, mantenha o jato estável, no controle - ele se senta ao meu lado - eu mantenho ele em pé.

Entendo o que ele pretende fazer. Desligar os motores e levitar o jato, mas a magia dele está fraca. É perigoso.

- Você não está bem pra isso e...

- É apenas levitação, nada demais - ele revira os olhos e depois os fecha.

Ele se concentra, e quando sinto o vento frio e ardente do poder chegando em mim, desligo os motores. Mantenho a concentração no céu azul. Ele não vai perder o controle, preciso confiar nele. Isso eu nunca tive dúvida. A adrenalina quando o jato desce como um foguete me faz gritar e sorrir.

Está perto do chão, mais perto e mais perto. Até que a velocidade diminui. Por um ponto de segundo, estamos no chão.

- Isso...foi... DEMAAIS - pulo da cadeira puxando a argola do capitão, ele está tremendo.

- Finalmente chegamos, modos irmã - ele me repreende.

- Fico assim nessas situações, você sabe - me defendo.

Caminho na direção da saída. Vejo por uma das janelas, grama e floresta. O que já esperávamos de um cidade pequena. A porta se abre, descer as escadas com elegância de salto ficaram mais fáceis com o tempo. Eu e meu irmão vivemos assim agora. Graças a aquele desgraçado de merda. Meu cabelo chega até minha bunda, as ondulações dele se movem perfeitamente com o vento frio. O cheiro de pinheiros frescos continua o mesmo, está escurecendo.

- Enfim em casa... estamos de volta, Rystton Hergreely.

RYSTTON HERGREELY: O Livro LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora