CAPÍTULO 1 - Keol e Cain

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Era noite.

O grupo seguia pela estrada em direção à Zentage. Voltavam para casa após uma aventura no leste que culminou com o fim de uma seita de kobolds autointitulada Os Filhos de Tahsys, o Deus dos Monstros.

- Devemos chegar em Zentage em cerca de dois dias. - Thayus, O Elfo, anunciou.

- Quanto antes melhor. Já estou cansado do "conforto" da natureza. Prefiro um bom colchão de penas ao invés deste chão duro sob o qual temos nos deitado todas as noites. - Gilvius declarou.

- Para de reclamar, humano. Se você fosse um anão como eu, o lugar sob o qual você dorme ou deixa de dormir seria o menor dos seus problemas. - Tolven Terror dos Orcs resmungou.

Gilvius ignorou-o. Se acostumara havia muito com a infindável arrogância dos anões.

Keol, o irmão mais velho de Gilvius ia silencioso; a saudade que sentia da família fazia-o pensar constantemente no filho Cain, um garoto de apenas oito anos, e na esposa Hyoko.

Caminharam por mais alguns minutos até a margem de um pequeno riacho. Ali, decidiram montar acampamento.

- Outra vez pão velho e toucinho? - Gilvius indagou.

- Seja útil e ponha logo esse toucinho no fogo. - Ordenou Tolven.

Enquanto isso, os outros já começavam a mordiscar os pães. Súbito, o elfo levantou-se, e alarmado disse:

- Orcs. Armados e em grande número. Posso ouvir seus passos.

- E eu consigo vê-los. - Foi a resposta de Tolven, pondo-se imediatamente de pé.

Emergiram das sombras para a luz da clareira; eram criaturas ascas, sujas, e vis, cujo único propósito se resumia a matar. Pior ainda, naquele lugar eram numerosos demais para um grupo tão pequeno conseguir dar conta.

Mas aquele não era um grupo de aventureiros qualquer. Eles eram conhecidos como Os Quatro Campeões, título que lhes havia sido outorgado após vencerem em uma série de combates singulares quatro orgulhosos líderes hobgoblins à frente de uma poderosa tropa que pretendia conquistar e saquear certa cidade.

Os inimigos avançaram na direção do grupo. Um visou a cabeça do espadachim Keol, mas acabou perdendo a sua. O segundo tentou atacar seu flanco direito, teve o golpe aparado e, tentou atacar novamente, sem êxito. Keol chutou o abdômen do orc, desequilibrando-o, e desferiu dois golpes ligeiros.

Tolven já contava três orcs mortos aos seus pés, quando foi cercado por mais meia dúzia deles. Bloqueou o golpe do primeiro com o machado, e investiu, derrubando o orc. Um golpe seu foi o suficiente para acabar com o desprezível inimigo. Defendeu-se de outro ataque e, atingiu a cabeça do oponente. Virou-se ainda a tempo de bloquear uma espada e devolver o ataque, que destroçou o pescoço do alvo.

Dois deles se distanciaram do grupo principal na esperança de surpreenderem Thayus que causava pesadas baixas entre os seus. Graças a sua percepção apurada, o mago os viu, e lançou uma rajada de chamas, queimando-os vivos dentro das próprias armaduras.

Gilvius estocou um dos adversários à frente com a sua lança, matando-o. Abaixou-se quando um machado veio de encontro à sua face e atravessou o orc que o empunhava. Outros três já se preparavam para atacá-lo.

Poucos minutos depois, todos os orcs jaziam mortos na clareira.

- Parece que terei que lidar com vocês eu mesmo. - Uma nova figura fazia-se notar.

Era um humano, longos cabelos brancos, porém, detentor de um rosto ainda jovial. Vestia traje de batalha completo, carregando nas costas uma longa espada bastarda.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora