Capítulo 1

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É o meu nome que está o Jaguar
Beyoncé   Irreplaceable


Semanas antes…

               É no meu nome que está tudo o que o meu irmão mais novo pensa ser dele. É tudo meu, fruto do meu trabalho, do meu esforço e da minha sagacidade, sem esquecer claro o meu bom senso para negócios. Admira-me muito que ele pense que alguma coisa aqui o pertence, para vir, levar as chaves do meu Bugatti Veyron Grand Sport Vitesse, o trazer arranhado na manhã seguinte e pensar que nada irá acontecer. Sério, admira-me muito. 

— Quem foi que disse que podia levar o meu carro? — Questiono entrando no seu quarto de rompante, abro as cortinas para que o sol entre e paro de frente para ele, com os braços cruzados à altura do peito. Estou nervosa, soltando fumo pelas narinas e muito ansiosa para enchê-lo de porrada. — Meu Bugatti? Com tantos Toyotas e Fords apanhando poeira na garagem?!

— Bom dia para você também Sam, — ele diz, segurando a cabeça e me olha com dificuldade, a claridade introduzida o ofusca — estou bem, obrigado por perguntar. — Levanta e vem ao meu encontro, deposita um beijo com cheiro de álcool na minha testa.

— Urgh, saí de cima de mim seu bêbado! — Me desvencilho de seu toque moribundo.

— Que forma carinhosa de demostrar que me ama irmã — diz, debochado com um meio sorriso.

— Não vai conseguir escapar Enzi, quero saber porque raios levou o meu carro!?! — Grito o acompanhando até ao quarto de banho, ele tira o pénis sem se importar com minha presença e mira para a sanita. 

Graças a Deus, pelo menos isso! Como toda mulher, odeio respingo de urina pela sanita. E eu posso não usar em particular, mas odeio. 

— Para impressionar uma garota, não adiantou, ela preferiu um cara com uma Ferrari. — Dá de ombros como se não fosse algo importante, e não é, ao menos não para mim. —  Quanto ao arranhão não se preocupe, vou mandar hoje mesmo para o mecânico, um amigo dispensou uma garota e a mesma pensou que o carro era dele, passou um caco de garrafa na chaparia — explica, relaxado. —Desculpa Sam.

— Desculpa porra nenhuma, quero que arrume suas coisas e saia do meu apartamento. — Digo gesticulando de tanto nervosa que estou, mais de meio milhão em um carro para uma garota passar um caco de garrafa e ele mandar na porra de um mecânico qualquer? Com o risco de me estragar mais o mesmo? Não! Nunca. — Não encoste no meu carro novamente, ouviu bem? Eu mesma devolvo para a empresa para os reparos, só que você vai pagar! — Coloco o meu indicador na sua testa. Estou gritando a esta altura. Ele me olha horrorizado.

— Onde vou morar? — Ele me questiona, com a aquela cara que consegue tudo. Infelizmente estou no meu limite.

Não me desce mais que um homem com uma licenciatura em design de interiores, um mestrado em arquitetura e urbanismo e um pós-doutorado em conservação de edifícios, viva pulando de casa em casa, — entre a minha e de Ashton —  vivendo a nossa custa porque decidiu abandonar seu emprego como designer, limitando-se apenas a dar aulas de verão e a gastar o dinheiro que ganha como professor em bebedeiras e bares de striptease. Ele tem de crescer, urgentemente. Não há mais conversa quanto a isso.

— Na puta que te pariu seu merda! — Lhe respondo e ele me encara chocado. — Tens de crescer!

— Sam, Ash me expulsou do apartamento dele, não tenho um centavo para pagar um hotel, vai mesmo me deixar na rua?

Agora é ele que me segue, semi nu. Estou pouco me lixando, Ashton fez o que eu devia ter feito há tempo, dar- lhe um ultimato. Sim, sou a culpada dessa imaturidade dele, dei-lhe tudo o que sempre quis, quase nunca recebeu um não da minha parte. E agora tenho de pagar pela leveza na criação dele.

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