Capítulo 22

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•••Summer•••

Ouvir os batimentos de Denver faz-me pensar nos meus, nas horas em que passei com eles descompassados enquanto era observada por Drª. Aiko, Dr. Yoshida e outros médicos que eu desconheço os nomes. Foi torturante, foram as piores horas da minha vida dentro de um hospital desde a morte de Nora. Enquanto não tinha certeza de nada cada minuto sob observação era como se uma parte de mim desfalecesse. Meus bebés, era tudo o que eu conseguia pensar, no quanto eu os queria comigo, no quanto tudo aquilo estava sendo um pesadelo e no quanto eu desejava acordar dele.

E eu acordei. Graças aos céus eu acordei daquele momento horrível com a melhor notícia que poderia receber. Eu ainda os tenho comigo, os três, se desenvolvendo bem e com o coração batendo forte. A imagem deles na ecografia foi um alívio para mim e para todos que estavam na sala. O suspiro de dra. Aiko e o abraço forte que o dr. Yoshida trocou com um colega foi a prova disso. Eu apenas chorei, de emoção.

A primeira vez que eu conseguia um resultado positivo das minhas inúmeras tentativas de ser mãe não podia simplesmente acabar assim. E estou feliz que não acabou. Levanto o rosto e miro Denver, ele sorri para mim e eu retribuo. Estamos deitados na minha cama, agarrados demais para cabermos nela, vendo televisão, noticias do país e fora enquanto ele acaricia meus cabelos.

Aninho-me mais no seu peito ouvindo mais forte seus batimentos. É como música e eu curvo os lábios ligeiramente. Tê-lo aqui comigo é importante para mim, gosto da sua presença, do seu cuidado, da sua preocupação e do seu jeito leve de me mimar com flores. Hoje são girassóis e ele colocou um no meu cabelo.

- O que se passa nessa cabeça? - Indaga beijando o topo.

- Nada.

- Nada? É estranho lembrá-la, mas para uma cabeça que fez biliões ter "nada" em mente é preocupante, quase inacreditável.

- E é normal - sorrio. - Minha médica disse repouso absoluto, então estou permitida a não pensar nada.

- Certamente está, mas não é o caso.

- Não é - concordo. - Estava pensando no quanto é bom te ter comigo, reconfortante eu diria. -Denver me abraça e pousa seu queixo no topo da minha cabeça. - Obrigada.

- Summer, - busca meu rosto para alinhar ao seu - não precisa agradecer, estamos juntos nessa.

Sorrio largamente ao ouvir isso e me lembro de como eu queria afastá-lo e não consegui. Sua determinação foi ótima para mim.

- Ainda assim, eu fui resistente no início, então obrigada por não ter desistido.

- Não desistiria, não faz meu tipo - pisca e eu sorrio. Se inclina e sela nossos lábios brevemente. Denver passa o polegar no meu rosto e eu me aconchego na palma da sua mão. É uma sensação de paz única, inexplicável. Acho que quero isso para sempre, assim, nos braços dele. - Aiko conversou comigo, eu... por minutos... - suspira.

- Eu sei, ela conversou comigo também. Não é culpa nossa - tento acalma-lo.

- Mas talvez pudéssemos ter evitado esse momento se fôssemos mais cuidadosos.

- E descobrir o que aconteceu comigo hoje num momento tardio quando não pudessem me ajudar. Aiko explicou-me, Denver, foi bom isso ter acontecido agora porque assim ela saberá como lidar comigo e minha gravidez. Ela vai monitorar o inchaço e garantir que desapareça até ao final desse trimestre. - Miro profundamente suas órbitas. - Talvez o sexo tenha contribuído, mas não vamos pensar nisso como um fardo para nos afundarmos em culpa, está bem?

- Tem razão.

- Temos uma momento mágico para aproveitar e se a nossa médica diz para não nos preocuparmos com certas coisas, vamos ouvi-la.

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