Capítulo 11

1.3K 162 33
                                    

•••Denver•••



Se qualquer pessoa que convive comigo colocasse os olhos em mim saberia bem que eu não tive uma noite fácil.
Meu dia anterior no geral tinha sido ótimo, isso quando estava na casa dos meus pais completamente distraído dos meus problemas. Quando voltei, na cobertura, foi um tremendo pesadelo. Todos os acontecimentos de sábado voltaram sem pedir licença e Summer habitou meus pensamentos por longas horas. Só consegui dormir as três da manhã e como consequência disso, acordei tarde e estou atrasado para o trabalho.

Miro os números do elevador mudando, sei que é a velocidade normal, mas hoje parece lento demais. Tenho uma reunião super importante e estou com meia hora de atraso, não tenho justificativa plausível e é por isso que não me dou ao trabalho de atender as chamadas de Karl. Ele será capaz de me representar, mesmo que de última hora e surtando.

Saio da caixa metálica e percebo que não estou sozinho no estacionamento. Vejo de relance a pessoa que vagou na minha mente a noite toda. Summer está caminhando em direcção a sua fileira de carros e eu faço o mesmo. Travo meio caminho andando quando a vejo vomitar em seu carro e se afastar para descalçar os sapatos. Não me aproximo, não no momento. Vejo-a quando se afasta e senta encostada a outro carro — que também deve ser dela. Nesse instante estou a sua frente depois de passos muito cautelosos e silenciosos.

— Precisa de ajuda? —Indago vendo o caos em redor. Ela acena e eu ajo quase que em automático. Carrego-a em meus braços e a levo até meu carro. — Toma isso — estendo uma toalha que tenho de reserva para que possa se limpar e enquanto faz isso, vou recuperar as chaves do carro, bolsa e a lancheira.

— Obrigada — ela sopra em meio a recuperação e me estende a toalha. — Vou precisar de sapatos novos.

— É. —tudo o que digo por enquanto. Analiso-a por mais minutos, nos poucos em que nos mantemos em silêncio olhando um para o outro. — Está tudo bem?

— Está — é tudo o que ela diz. E eu sei que não está. — Seu carro não cheira a couro — profere como se isso fosse uma descoberta fascinante. Estou tentado a descobrir o porquê então alinho na conversa.

— Estou com ele há três anos, de tantas lavagens o cheiro se foi. Foi o que te vez vomitar, o cheiro de couro? — Ela acena. Minha mãe comentou comigo, sensibilidade há cheiros é algo que mulheres grávidas experimentam.

— Eu não sei, acordei estranha hoje. — Me diz tentando se levantar, mas não consegue. — Mas preciso ir ao trabalho, vou apanhar um táxi.

— Eu te levo, não parece que conseguirá caminhar daqui até a saída para apanhar o táxi. — Enquanto digo isso dou a volta ao carro e entro no banco do condutor. Jogo a toalha suja no banco de trás junto com minha pasta de trabalho e penduro meu casaco na minha cadeira.

Summer me encara o tempo todo. Só quando vê que estou agindo naturalmente, ela entra toda no carro e tranca a porta.

— O que pretende com isso? — Ela me olha desconfiada.

— Te ajudar, apenas. Não parece bem.

— E não estou, — suspira olhando para frente e depois de volta a mim. Nos coloco na estrada e vejo de relance que não me abandona nem um segundo. — Pode me comprar aqueles pães do sábado?

Sua questão é proferida com uma voz apelativa. Aceno antes mesmo de raciocinar que isso nos levaria uma hora com o trânsito horrível de segunda-feira. Desvio a rota do trabalho e nos levo até a pastelaria. Além dos pães de leite compro um chá, uma água e um sumo. Ela não pediu, mas não custa ser gentil e levar alguns líquidos para ela. Como minha mãe me disse, comida as vezes pode animar uma mulher grávida, estou tentando. Pode ser pontos para minha parte.

SEA CLEAN [+18] Onde histórias criam vida. Descubra agora