Capítulo 27 - Ela

5K 119 32
                                    

Perdida em pensamentos atravessei meu dia sem muitas novidades depois do passeio com Enrico. Um plano se desenhava na minha mente: Vou me tornar piloto desta base, assim poderei ir até Chicago ver Tobias. Claro, esse é um plano que envolveria muitas complicações, que terá de ser moldado com calma, mas a princípio tudo que preciso fazer é obter uma credencial para voar.

Ouço três batidas leves na porta então vejo o rosto redondo de Emma surgir num pequeno vão que foi aberto. Ela sorri e estreita os olhos quando me vê ainda sentada na poltrona junto a janela.

_ A menina está aí a tarde toda, vim ver se precisa de alguma coisa. - Ela diz enquanto entra no quarto.

_ Não Emma, está tudo bem. - Respondo.

_ A menina vai jantar no restaurante ou quer que eu traga seu jantar no quarto? - Emma quis saber.

_ Se você me fizer companhia, gostaria de jantar aqui mesmo.

_ Tudo bem, vou trazer um pouquinho de tudo e um suco de laranja, está bem?

_ Sim, obrigada! - Eu digo sorrindo, porque Emma é tão carinhosa que me sinto bem em tê-la por perto, sou grata pelo seu carinho e seus cuidados.

Minutos depois ela volta empurrando um carrinho com uma bandeja com uma bandeja coberta. Emma coloca a bandeja cuidadosamente na mesa e me convida a sentar próximo a mesa. Eu obedeço sem relutância. Quando ela revela o conteúdo da bandeja, vejo que a refeição é apenas para uma pessoa.

_ Emma, você não vai jantar?

_ Não menina, obrigada. Eu costumo jantar bem cedo, lá pelas cinco, pois quando chego em casa as crianças me fazem cear com elas. -  Os irmãos de Enrico. Havia me esquecido deles.

_ Emma hoje almocei com o Enrico, ele me contou que os órfãos que você adotou são os irmãos dele.

_ Sim, meus filhos são irmãos do Enrico, assim ele também é meu filho do coração.

_ Ele é muito grato a você por tudo.

_ Não, eu que agradeço por eles terem me escolhido. Por terem entrado na minha vida. - Ela responde e não posso evitar em sorrir, ela é incrivelmente maravilhosa, um ser humano como poucos.

_ Enrico é uma boa pessoa, e há muito tempo ele tem acompanhado a vida da memina em Chicago, já conversei com ele sobre o assunto, fico preocupada porque ele tem esperanças e já sofreu tanto. - Ela interrompe a fala e cora.

_ Emma, não precisa se envergonhar, eu entendo a sua preocupação. Falamos sobre isso, eu deixei bem claro para ele que seremos apenas amigos.

_ A menina não entende, quando o menino Enrico põe uma coisa na cabeça, ninguém tira. Ele vai sofrer porque é teimoso.

_ Emma, existe algo que eu possa fazer para evitar isso? - Ela me olha e balança a cabeça em negativa com o olhar triste.

_ Mesmo se a menina tentasse evitar a companhia dele, Enrico a perseguirá, então não tem nada que você possa fazer além de ser sincera com ele sobre seus sentimentos. 

_ Eu fiz isso e sempre que preciso for, eu o farei. 

_ Eu sei, a menina tem bom coração.

Termino minha refeição em silêncio, desejava obter mais informações a respeito da Base, localização exata, segurança, como sair, a distância da Vila, mas não consigo interrogá-la, a ideia de usá-la com o propósito de obter essas informações me parece injusto. Então quando por fim estou satisfeita ela se aproxima, recolhe a bandeja, a descansa no carrinho, vai até mim e me dá um beijo na testa e se vai empurrando o carinho.

Convergente IIOnde histórias criam vida. Descubra agora