Capítulo 39 - Ela

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A estrada até a Margem parece longa demais, nem o marcador cravado nos 260Km/ph faz com que o tempo passe mais depressa, teoricamente nosso destino está há apenas 350 Km mas tenho a impressão de que percorremos essa distância pelo menos umas três vezes.

_ Milles, estamos na direção certa? - Dessa vez não me contenho, fiz esta pergunta mentalmente pelo menos umas dez vezes, mas agora não resisti e verbalizei.

_ Sim, tenho absoluta certeza. - Ele responde mantendo a velocidade.

Controlo a minha ansiedade mantendo os olhos na estrada e o pensamento nele... Aos poucos vejo pequenos pontos luminosos surgirem no horizonte, à medida em que nos aproximando eles crescem transformando-se no que veio a descobrir ser a iluminação precária indicando uma espécie de cidade em ruínas compostos por prédios depredados, barracos de lona e restos de madeira... A Margem, estamos chegando!

_ Prior, estamos na Margem! Vamos manter a formação, os nativos verão a nossa aproximação como uma ameaça, por tanto, haja o que houver precisamos estar todos juntos. Se um de nós parar, os demais devem parar também. Okay?.- Milles fala enquanto reduz consideravelmente a velocidade

_ Okay! - Os demais respondem quase em uníssono. Eu permaneço em silêncio, Milles vira a cabeça em minha direção e eu apenas concordo com um aceno.

Seguimos pelas ruelas estreitas a procura de qualquer pista que possa nos levar a Tobias e aos outros, conforme nos aproximamos as luzes que podem ser vistas através das frestas das precárias construções de lona e madeira são desligadas com o intuito de evitar atenções desnecessárias. Imagino os motivos que levem essa gente a sentir tão acuada a qualquer presença que não lhe seja familiar.

Rodamos por mais de 30 minutos, percorremos cada canto da Margem e nada... Mas então quando estamos cruzando uma estreita rua avisto no final do beco um jipe militar estacionado sob um poste, cuja a lâmpada está queimada. Aperto o freio de soco e quase perco o equilíbrio durante a parada brusca. Os demais que seguiam, também param recuando para ver o que eu também vejo. Largo a moto ali mesmo, escorada no pedal, tiro o capacete e me encaminho até o jipe sem esperar por companhia, mas para a minha total decepção não há ninguém dentro dele. Tiro do cinturão uma lanterna e direciono o foco para o lado de dentro do veículo, e vejo que não há nada suspeito nos bancos dianteiros e traseiros, mas quando direciono o foco de luz para a carroceria, vejo uma grande quantidade de sangue...

_ Trouxeram os soldados feridos para a margem.  - Milles observa, visivelmente satisfeito por ter confirmado sua tese.

_ É, e não devem estar muito longe. - Diz um dos soldados da minha escolta.

_ Sugiro que devemos começar por este prédio bem aqui. - Aponto para a construção em ruínas com uma pequena porta em madeira reforçada por muitos remendos feitos com tábuas fixadas grosseiramente com enormes pregos de metal enferrujados pela passagem do tempo. 

Paro diante da porta e bato enfaticamente três vezes. Todos estamos em expectativa... Mais de um minuto se passa e nada.

_ Vamos arrombar! - Outro companheiro de missão se pronuncia fazendo menção de se dirigir para a dianteira do grupo, mas Milles o detém com a mão em seu ombro.

_ Vamos com calma, se arrombarmos, seremos alvejados. Não é seguro.

Bato mais três vezes e depois de alguns segundos faço a única coisa que talvez seja capaz de convencê-los a nos deixar entrar.

_ Aqui é a Tris Prior! Sei que Tobias Eaton está aí dentro! Viemos em missão de paz! Nos deixe entrar! - Um minuto se passa e nada... Começo a pensar que não fui totalmente convincente, ou ninguém foi capaz de me ouvir.

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