Capítulo 49 - Ele

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A agitação cresce a cada metro em que me aproximo desta maldita base, o desespero de chegar e não encontrá-la a salvo, de não saber como está e pior de tudo, não poder resgatá-la está me consumindo. Olho de canto para o homem que poderá ser a resposta para as minhas preces, Shean King, e imediatamente me sinto tolo por acreditar que esse idiota, arrogante e presunçoso pode resgatar Tris das mãos daquele psicopata. Perda de tempo! Uma distração, não devia ter deixado a base, devia ter encontrado um jeito de chegar até ela!
Resoluto de que independente de qualquer ajuda, não posso mais deixá-la nas mãos daquele lunatunatico, aperto os olhos, tentando ver além, enquanto recebo uma lufada de ar muito bem vinda inflo as narinas recebendo todo o oxigênio de que preciso e mais além como se cada milimetro cúbico a mais pudesse me deixar mais leve e em consequência disso mais rápido e mais próximo dela.
Nos breves momentos de racionalidade percebo o grau da minha loucura e desespero por mais uma vez tê-la em risco. Mas afinal, quando é que ela esteve segura de fato? Será que um dia haverá algum lugar seguro, onde poderemos viver, onde não haverá contra quem luta?
Não sei...
Com um nó na garganta e sensação tão familiar esmagadora no peito, decido que livre ou refém, vivo ou morto meu lugar é ao lado dela. Nada nem ninguém vai nos separar. Nunca mais. Descerei naquele buraco e trarei a minha garota de volta. Acelero a moto, assumindo a dianteira e tentando amenizar minha agonia.

A estranha sensação de proximidade que sinto em relação à ela enquanto a distância deste inferno é encurtada faz minha adrenalina subir e num átimo estou pronto para a briga, uma briga feia, talvez com muitas mortes... Custe o que custar não saio de lá sem ela!

Meus olhos concentram-se nos imensos portões daquele manicômio e a medida que meus olhos focalizam a pequena figura à minha frente, subo a viseira do meu capacete, só para ter certeza que não se trata de uma alucinação!

_ É ela! - A voz de Enrico preenche meus ouvidos pelo headset! Irritante, muito irritante! Será que ele continuará o tempo todo impondo sua presença entre nós?

Ao invés de responder acelero ainda mais sem saber se os portões se abrirão a tempo eu de atravessá-los e na verdade pouco estou preocupado com o estrago que farei caso isso não ocorra, desde que eu consiga chegar até ela.

Como se pudesse ler meus pensamentos ouço sua voz abafada pelo capacete, implorando para que os guardas sejam rápidos e abram de uma vez os portões.

No exato momento em que atravesso a pequena abertura que está se formando meus joelhos raspam nas duas extremidades de metal dos portões, no espaço que se abriu e que não deve ter mais do que setenta centímetros.
Sinto uma dor aguda que ignoro. Aciono os freios e sinto o pneu traseiro derrapando, por reflexo largo o guidom e salto da moto no instante em que ela se choca com o cimento, fazendo um estrondo horroroso, mas não me importo. Meus olhos estão concentrados nela, quando arranco o bendito capacete e o atiro de forma displicente no chão ao lado da carcaça da moto.

Tris corre em minha direção e nossos corpos se chocam num abraço urgente e desesperado, completamente alheios a platéia que nos cerca.

Quando a sinto em meus braços tudo o mais parece desaparecer e eu quase esqueço de onde estamos e todo o perigo que nos cerca. Eu me afasto com as duas mãos em seu rosto, mas apenas por tempo suficiente para me certificar de que ela está bem, embora esteja um pouco pálida, não vejo ferimentos em seu rosto.

_ Como, como... Como você conseguiu fugir de lá?! - Consigo perguntar, com o rosto ainda enterrado em seus cabelos enquanto sinto seu cheiro tão familiar penetrando nas minhas narinas e aliviando a tensão nos meus músculos.

_ Eu não sei, simplesmente saí, ele estava com Caleb na biblioteca e não pude tirá-lo de lá. - As palavras saem de sua boca carregadas de amargura. Depois de uma pequena pausa ela continua como se estivesse se justificando, mais para si mesmo do que para mim.

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