Convergente II

Capítulo 50 - Ela

90 é número que martela na minha mente enquanto o aperto forte e reconfortante da mão dele toca a minha, preciso ser prática, agora é hora de usar a razão, no entanto não serei capaz de escolher quem deve viver e quem deve morrer. Tento calcular as minhas opções e não vejo saída. 

Paro abruptamente exigindo a atenção de todos:

_ Pessoal, vamos ter de nos dividir mais uma vez, eu não vejo como podemos decidir entre quem deve morrer e quem deve viver. Eu ficarei aqui e junto com o Dr. Wes vou dar um jeito de conseguir o que quer que seja necessário para produção em massa desse antídoto.

_ De certo modo não teríamos como sair em comitiva com os caças, acho prudente e menos arriscado usar apenas uma aeronave... Muito mais fácil de passar despercebido. - Completa Enrico.

_ Tem razão Enrico, essa não é uma missão arriscada, duas pessoas dão conta facilmente. - Concordo.

_ E quem vai com Enrico? - Alejandra questiona.
_ Acho que o ideal é que seja um rosto conhecido e confiável da população de Chicago, talvez alguém que exerça um papel de liderança. - Enrico diz e olha na direção de Tobias e me deixa confusa. Por que será que ele ia querer ficar quase 2 horas num jato apertado com o alguém por quem ele tem uma grande implicância e vice-versa?

_ Ah, nem olha pra mim! Sei bem o que você está tentando fazer, pode esquecer, Zeke pode ir com você! - Tobias rebate de modo cortante. 

Mas o que foi que eu perdi? Do que estão falando?

_ O quê,? Eu sabia que o 4 ia arroiar, admite cara, você se borra de medo de altura! - Enrico provoca.

Tobias fica vermelho de raiva as veias no pescoço dilatam ele respira fundo e cerra os punhos. Enquanto eu passo os braços em torno de seu peito tentando segurá-lo e ao mesmo tempo acalmá-lo.

_ Você está pedindo Enrico! - Ele vocifera entredentes.

_ Já chega, não temos tempo para provocações. Deixa de ser besta Enrico! o Medo nunca foi empecilho para o Tobias. - A medida que as palavras saem da minha boca sinto seu corpo relaxando junto ao meu.

_ Tá certo então, o Sr. coragem não me acompanha?! Quem vai? - Enrico pergunta ainda em tom debochado e não entendo, será que ele quer mesmo provocar uma briga nesse momento?!

_ Eu vou! Se voluntaria Zeke.

_ Não, já que ele faz tanta questão de viajar comigo, eu vou. - Diz Tobias, surpreendendo a todos, inclusive a mim... Ai, isso não vai dar certo...

_ Tem certeza? - Questionando olhando profundamente em seus olhos, tentando decifrar o que se passa em sua mente.

Ele me olha com tamanha doçura que por um momento esqueço do mundo que nos cerca.

_ Sim, eu vou, se você puder se manter segura, sem fazer nenhuma bobagem. - Ele diz com lindo sorriso de canto de boca que faz meu coração disparar.

_ Eu sou uma sobrevivente, não sou? Quando você voltar eu estarei aqui. - sustento seu olhar da forma mais segura que consigo, sem titubear.

_ Quanto drama! Calculando ida e volta são 4 horas de viagem! Aliás precisamos nos organizar, José assume o posto as 22h, vou combinar tudo com ele e nos encontramos no hangar 18 às 21h50, certo Quatro? - Enrico mudou o tom, deixou de lado as brincadeiras, os escárnios, o rosto bronzeado está sério, entre as sobrancelhas um pequeno "v" se formou, seriedade, preocupação, não sei, talvez as duas coisas juntas. Ele morde o lábio inferior bem no canto direito, um tique nervoso que aprendi a reconhecer com passar do tempo.