Capítulo 31 - Ela

5K 111 45
                                    

 Wes não conseguiu deter o General Sparks, embora ele tenha percorrido todo o caminho até detenção argumentando, enquanto o General permaneceu impassível, de queixo erguido e com os olhos fixos a sua frente, como se Wes não estivesse de fato a seu lado proferindo uma série de termos médicos, seguido de ameças e consequências desastrosas a minha saúde e os planos que do governo em relação a mim.

Enrico e eu fomos conduzidos cada um a uma cela, distantes uma da outra, creio que para evitar que pudéssemos conversar sem sermos ouvidos. A minha é a primeira do lado esquerdo, de modo que os guardas, mesmo  estando em seu posto na recepção, poderão tranquilamente vigiar-me, imagino que deva ser ordem expressa do General Sparks, manter-me sob vigília constante. E pelo que pude constatar não há muitos desertores na Base, visto que a julgar pelo silêncio as celas estão vazias. Então me ocorre um pensamento: Onde está Alejandra? Com certeza o General deve ter lhe concedido um induto, afinal foi notória a sua predileção pela garota, o que me faz pensar que talvez ela seja mais importante do que o Enrico me fez acreditar.

_ Beatrice! Você está bem?! - Wes me tira do meu devaneio. Ele está aqui agarrado as grades com um olhar torturado.

_ Estou bem! De verdade, pode ficar tranquilo! -

_ Tentei de todas as formas argumentar, mas o General Sparks não quis ouvir. Estou tentando contato com o Presidente, mas não sei por onde começar, já que na única oportunidade em que falamos, foi ele quem fez contato comigo.

_ Não se preocupe. Qual é a pior coisa que poderia me acontecer nessa situação?! Pegar alguns meses de detenção?! Ser condenada a prestar serviço comunitário, recolhendo lixo, limpando banheiros, ou algo do gênero?! Relaxa Wes, li todo a apostila de treinamento militar, mais de uma vez essa semana que passou, então conheço todas as punições para os diferentes níveis de deserção. Na verdade o que pior poderá acontecer é ter meu acesso ao curso de pilotagem e ao treinamento militar. - Digo tentando tranquilizá-lo.

_ Eu sei Beatrice, na verdade, penso que seria muito bom que você pudesse manter uma distância segura dessa gente.

_ Wes você bem sabe que sou muito mais forte do que aparento ser, e de mais a mais, se terei que ficar aqui por um longo tempo preciso me manter ocupada, caso contrário vou enlouquecer.

_ Beatrice, você não precisa esconder-se de mim, eu conheço suas motivações. Embora não concorde estou com você para o que der e vier. - Ele diz com tanta doçura no olhar, tão diferente da primeira impressão que tive ao fitar aqueles olhos azuis, na época tão frios e assustadores. 

Não consigo deixar de pensar no quanto nossa relação mudou desde então. Na verdade, não sei se eu é quem não havia percebido, ou se ele disfarçou muito bem quem realmente ele é, mas o fato é que desde que conheci o seu passado as coisas mudaram, hoje tenho alguém com quem me preocupar aqui também. Alguém em quem eu confio, admiro e que jamais deixaria pra trás.

_ Eu sei, obrigada Wes, significa muito para mim. - Eu digo e ele me lança um pequeno  e tristonho sorriso.

_ E o ombro? Precisa de analgésicos. Ainda faltam algumas horas para administração do seu anti- inflamatório, de modo que se estiver sentindo alguma dor, poderá tomar analgésicos. - Ele assume a postura séria de médico novamente.

_ Não, estou bem. Sem dor. - Respondo. Desconfio que não o convenci, afinal ele me olha descrente, de modo que desvio o assunto para algo realmente relevante.

_ Wes, ontem lembro de você ter dito a Alejandra que ela chegou aqui sozinha. O que você sabe sobre ela. - Ele me olha intrigado, sem saber ao certo a onde quero chegar com essa pergunta. 

Convergente IIOnde histórias criam vida. Descubra agora