Capítulo 3

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"Inefável (adj.)

Qualidade daquilo que não se pode exprimir por palavras"

Camila

O campus do Instituto de Literatura e Artes (ILA) é gigantesco e muito melhor do que sempre sonhei. A universidade é especialidade nas áreas das artes e literaturas e por isso oferece cursos de artes plásticas, visuais, cênicas, literatura e linguística. Escolhi o curso dos meus sonhos: literatura. Aqui terei disciplinas como estudos literário, poesia, prosa, teatro e literatura brasileira (literatura que sempre quis aprender mais). Eu não poderia estar mais animada.

Meus pais e eu estamos caminhando até meu dormitório. Consigo notar pelo andar de meu pai que ele está tenso enquanto carrega uma caixa de papelão. Minha mãe comentou comigo na tarde de ontem o quão preocupado meu pai está de eu sair de casa, mesmo que seja para ir para a faculdade. Ver a filha única crescendo está sendo mais difícil do que ele imaginava.

Procuramos o dormitório 26 e ao encontrarmos, me deparo com a porta aberta e o ambiente sem nenhuma colega de quarto até o momento. O lugar possui as paredes brancas, uma cama de cada lado juntamente uma mesinha do lado da cama de cada uma e uma janela grande em altura no meio delas. Na frente de cada cama há uma escrivaninha branca junto com uma cadeira de madeira também da cor branca, banheiro próprio, além de um guarda roupa gigante que irei dividir com minha colega de quarto. Escolho a cama da direita aleatoriamente.

— Bonito o quarto, filha — minha mãe comenta enquanto me ajuda a colocar as roupas de cama.

— Também gostei, achei bem aconchegante.

— Pronto — anuncia meu pai ao descer da cadeira da escrivaninha. Ele reparou que havia um prego solto no guarda roupa e prontamente se voluntariou para arrumar. Meu pai precisa sempre se sentir prestativo ainda mais quando está aflito.

— Obrigada, papai — sorrio para ele e vejo seu rosto se contorcer para controlar a emoção.

Olho para minha mãe e peço:

— Mãe, estou com sede, você pode comprar um suco na máquina lá no corredor?

Ela entende a deixa e sai do quarto de bom agrado.

— Venha cá, pai — pego a mão dele e o levo para se sentar na cama comigo.

Ele se senta e olha para mim.

— Como você está? — pergunto.

— Eu? — ele me olha espantado.

— Sim, você está quase fazendo um buraco no meio do quarto de tanto que está andando para lá e para cá. Pai, eu vou ficar bem.

— Eu sei que vai, é só que...Minha filhinha está crescendo tão rápido, já está na faculdade, irá lançar um livro.

— Vai dar tudo certo, você sabe que sou responsável.

Meu pai abre a boca mas nada sai, se abrir nunca foi a praia de meu pai. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro.

— Nós estamos orgulhosos de você, querida - diz minha mãe aparecendo novamente no quarto e apoiando as mãos nos ombros de meu pai - Nós confiamos em você, certo, querido?

Resenha Amores | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora