(33) Consequences.

220 20 18
                                    


Se puderem ler com Consequences da Camila Cabello, melhora a experiência.

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Duas semanas enjaulado tendo Kim Namjoon como minha única companhia e o que facilitava a convivência era o simples fato de que havia abrido mão de minhas forças para lutar contra ele, durante todos os dias, quando ele falava eu apenas assentia, como uma casca vazia que se movimentava por uma programação contraditória ao que a alma realmente deseja e o que minha alma desejava, era impossível conseguir. Durante cada dia, eu pude sentir o medo, o frio e a angústia... Tive de aprender a rever minhas palavras e meus atos pois minha mente não me fazia querer desafiar seus limites sádicos.

            Eu precisava ser frio, precisava pensar, precisava ser fiél as ordens do barba azul mesmo que em algum lugar, um príncipe poderia estar a minha procura, como dito em meus sonhos. Não era díficil ganhar a confiança dele, eu só bastava dizer o que ele queria ouvir e fingir uma gratidão para alguém que pensa ter me erguido das cinzas no momento em que eu me destruía. Eu só precisava dizer, dizer que aceito, dizer que o amo, dizer que confio, dizer que o agradeço, eu só precisava dizer...qualquer coisa, menos o que realmente tinha em meu coração.

 
        Eu ainda estava naquele porão, passando a maior parte do meu tempo amarrado e quando não estava, eu ficava sempre em sua companhia, o que acabava me arrepiando de uma maneira ainda mais temível, pois em duas malditas semanas foram incontáveis as vezes em que me despertei com seu olhar sobre mim, me analisando do alto da cabeça até a ponta de meus pés, como se desejasse ter a certeza de que eu não iria a lugar algum. Eu me encolhi, cocei os olhos com os meus dorsos e dei uma intensa olhada nos meus pulsos que estavam horrorosamente vermelhos pelas cordas, machucados e com a pele ralada pelas vezes em que insisti em me debater, engoli em seco e me encolhi, abraçando meu corpo quando me encostei na parede mais distante dele possível.

── Não dorme mais? ── Questionei vagamente e ele sorriu pra mim, de um modo que poderia ser considerado encantador se eu não levasse em conta todo o cenário.

── Queria me certificar de você estar bem. Eu trouxe seu café, sei que você nunca gostou muito de seguir tradição então, são torradas e um expresso, sei que é seu favorito.

    
     Eu poderia reconhecer aquilo como entusiasmo que o fizera levantar e separar cuidadosamente as embalagens com o logo de uma cafeteria, eu o segui com os olhos a cada minuto porém no fim, apenas suspirei.

── Estar longe da minha família a tantos dias, me tirou qualquer vestígio de apetite, mas... obrigado. ── Nem mesmo ousava dizer seu nome, pelo próprio bem da minha sanidade...que ainda existia em mim. O olhei outra vez, o vendo se aproximar pouco a pouco e baixei a cabeça rapidamente, fechando os olhos.

── Não vou machucar você, Jin. ── Ele disse, doce, mas fazia bem aos meus ouvidos. Engoli a seco, e me encolhi um pouco mais contra a parede, como se fosse possível se fundir a ela. Mesmo sem olhar, percebia pela sua sombra que então, ele se sentava à minha frente, com o pacote da cafeteria nas mãos. ── Mas se não quer.. tudo bem, não vou desperdiçar.

E por mais que fosse o natural do ser humano sentir fome regularmente, eu não sentia. Nada. O observei comer, calmamente, a boca se movendo e proferindo frases ou palavras que para mim, soavam desconexas por simplesmente não prestar atenção nelas. Só deixei que movi os pulsos para que não se machucassem mais contra as cordas e quando ele se levantou e foi para o outro lado do cômodo, fechei os olhos.

Pois ali e com ele, era um pouco difícil ver o Namjoon de hoje, totalmente oposto do que ele era anos atrás. Namjoon carregava traumas, e com eles, seus gatilhos. Cada coisinha mínima se tornava algo grande em sua mente, ou doloroso que chegava ser fatal a ele mesmo. Como seu amor denominado doentio, saúde e sanidade era tudo que eu não conseguia ter perto dele agora. E se fosse para definhar no chão daquele cativeiro dolorosamente arrumado, que fosse. Aprenderia a seguir suas regras..mas nunca deixar-me levar por Kim Namjoon. Não era amor ou afeto. Era uma doença.

Pleasure || TaeJinOnde histórias criam vida. Descubra agora